Depois de quase dois anos desde que a foi identificada, pesquisadores e cientistas ainda continuam a incessante procura por medicamentos que podem ajudar no combate ao coronavírus.  A medicação não anula a vacinação, mas após todo esse tempo de estudos, alguns tratamentos têm mostrado bons resultados e estão ajudando na diminuição da mortalidade.

De acordo com a Médica infectologista do (Universidade Federal da Grande Dourados) e Presidente da Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul, Andyane Tetila, na atual situação epidemiológica e de controle da pandemia, além do andamento da ampla cobertura vacinal, os tratamentos voltam a dominar todos os olhares.

“A grande diferença em relação a meados de 2020 é que agora os tratamentos são realmente eficazes. Os medicamentos da e da MSD são de administração oral e tratam-se de uma novidade substancial porque facilita muitíssimo seu uso. Freiam a progressão da doença no seu início [primeiros 5 dias], quando o paciente ainda não está grave e isto costuma ocorrer fora do âmbito hospitalar. Fatores que corroboram infinitamente na diminuição da mortalidade”, explica a infectologista.

Segundo o Presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Clovis Arns, as “Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19” representam uma revisão da literatura médica adequada e atualizada sobre o tema, valorizando os estudos clínicos que seguem as normas científicas de maior qualidade.

“Os anticorpos monoclonais Casirivimabe + Imdevimabe, Banlanivimabe + etesevimabe e Regdanvimabe reduziram significativamente a necessidade de internamento hospitalar por Covid grave, que é quando os pacientes evoluem com hipóxia, desde que usados na primeira semana de sintomas da Covid-19, em pacientes com fatores de risco para evoluir para Covid grave. Esses estudos foram ensaios clínicos randomizados, controlados com placebo e duplo-cegos”, explica Arns.

Segundo o presidente da SBI, mesmo tendo comprovação científica da sua eficácia e segurança, por serem medicações de uso endovenoso e de alto custo, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) concluiu que não são viáveis financeiramente para serem incluídos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nesse momento.

Ainda de acordo com Clovis Arns, os antivirais por via oral molnupiravir e paxlovid também demonstraram benefício e segurança em diminuir significativamente o risco de evolução para Covid grave em pacientes com fatores de risco, desde que usados nos primeiros 5 dias de sintomas.

“Assim que tais estudos forem publicados em revistas científicas, será possível avaliar esses dois medicamentos com mais precisão. Por serem administrados por via oral e de provável custo menor que os anticorpos monoclonais, que são de uso exclusivo endovenoso, merecerão estudo de farmacoeconomia e viabilidade financeira pela Conitec, quanto à sua disponibilidade pelo SUS”, explica.

A SBI destaca que tem trabalhado de forma ostensiva na orientação aos profissionais de saúde em relação às boas práticas clínicas desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, com o objetivo de fornecer ao paciente os melhores tratamentos em termos de eficácia e segurança, através de dezenas de boletins informativos e colaborações em publicações científicas pautadas à luz da Medicina Baseada em Evidências.

“Convidados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), participamos ativamente, em conjunto com várias outras sociedades médicas científicas, da elaboração de várias notas técnicas relacionadas à Covid-19. A SBI também sempre esteve à disposição do Ministério da Saúde para colaborar com a principal função da nossa sociedade médica, que representa os infectologistas do Brasil, a saber: a orientação das melhores práticas clínicas em relação às diversas doenças infecciosas, sendo a Covid-19 a que nos trouxe os maiores desafios diagnósticos, terapêuticos e de prevenção”, explica a SBI em uma nota encaminhada ao Jornal Midiamax.

A SBI também adianta que corrobora integralmente o conteúdo científico representado pelo documento “Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19”, e recomenda que seja implementado em todo o Brasil o mais brevemente possível.