A promessa era de uma escola com 800 vagas, mas na prática os moradores do bairro Celina Jallad ganharam uma obra inacabada que virou reduto dos criminosos. Com símbolos do PCC, magia negra e até do nazismo, os assaltos se tornaram frequentes no quadrilátero da rua Francisco Antônio de Souza, onde fica a escola, e a obra é alvo de saques constantes.

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Um dos corredores da escola (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

A pedido dos moradores, os entrevistados dessa reportagem terão os nomes preservados.

Trabalhando há 5 anos na região, um morador viu o crime aumentar no entorno da escola, que serve de base para os criminosos. “Aqui tem assalto todo dia, dá 17h e não ficamos mais aqui fora. Eles saem da escola e pegam a pessoa de frente e desprevenida, ou bem na curva da esquina”, explicou.

Parada e sem nenhuma segurança, a obra inacabada virou moradia para criminosos e um perigo iminente para as crianças da região. “Tem pessoas morando ali dentro e tem criança entrando. Uma hora ou outra vai acontecer alguma coisa, existe muita gente de má índole”, detalhou.

Segundo ele, a obra foi paralisada no ano passado e, desde então, a situação só piora “foram dispensando os funcionários ficou só o guarda e agora não tem mais ninguém. Estou torcendo para que eles terminem logo, pra ficar mais tranquilo pra gente”, finalizou.

A situação de abandono é confirmada por outra moradora, que testemunhou os furtos no prédio em plena luz do dia. “A obra parou quando começou a pandemia, quebraram tudo e estão arrancando as telhas. Queimaram a casa de ferramentas [de madeira]. Pessoal entra e sai com carrinho cheio, como se estivesse fazendo compra, em plena luz do dia”.

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Escola teria capacidade para 800 alunos (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Com o abandono, a insegurança tomou conta dos moradores que têm medo até de sair de casa.  “À noite, o pessoal se esconde aí dentro, a gente chama a polícia e nada. Fica um monte de ‘nóia', é complicado sair, eles veem a hora que você sai e entra”, desabafou.

Moradora do Celina Jallad há dois anos, outra vizinha reiterou o perigo para as crianças do bairro, que podem ser aliciadas ou vítimas de abuso. “Junta um monte de maloqueiro e roubaram até a placa de zinco, é um perigo porque as crianças ficam entrando. A gente tem medo que aconteça alguma coisa grave”, finalizou.

O que diz a prefeitura e as forças de segurança

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Identificação de facção criminosa (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Questionada sobre o motivo da paralisação da obra e o prazo para retomada, a prefeitura de Campo Grande informou que a empresa responsável pela edificação pediu rescisão de contrato, e será feita uma nova licitação para conclusão da obra.

Ainda segundo a gestão municipal, a obra foi iniciada em 2018, a empresa que venceu a licitação retomou as obras, porém, o não efetuou o repasse do ano de 2020 e por esse motivo a obra foi paralisada. A obra será retomada assim que o Governo Federal voltar a efetuar os repasses necessários.

A GCM (Guarda Civil Metropolitana) informou que irá intensificar as rondas no local. A PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) também foi questionada sobre as medidas para combater a criminalidade da região, mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.