Campo Grande teve uma madrugada gelada com sensação térmica de 0ºC nesta quarta-feira (30) e, se o frio já assusta quem está em casa, a situação fica ainda mais crítica para quem não tem onde morar. Os moradores que vivem nas ruas na região da avenida Ernesto Geisel contam que passam frio, mas a solidariedade de voluntários e o companheirismo com os colegas de rua ajudam a enfrentar as noites geladas. 

Moradores vivem próximos ao córrego em pequenos barracos e explicam que a região oferece um pouco mais de conforto no frio. “O ar do córrego até aquece nós, às vezes. Sobe aquela fumacinha”, conta Marcelo dos Santos, de 45 anos. 

O morador Wagner da Silva, de 39 anos, explica que mesmo no frio, continuar trabalhando é a melhor opção. Trabalhar com a coleta de materiais recicláveis é importante não só para garantir a renda, como também para conseguir doações. “A gente não fica só esperando aqui. A gente vai catando lixo na rua, aí o pessoal já oferece comida, pergunta se precisamos de alguma coisa, dá roupa. A gente ganha mais trabalhando do que ficando aqui parados”, afirma. 

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Mesmo vivendo em um barraco, Márcia conta que o frio castiga moradores. (Foto: Henrique Arakaki)

Márcia tem 53 anos e vive nas ruas há 12. Ela conta que as noites têm sido muito frias, principalmente para quem não tem um barraco para dormir. “Para quem tem barraco também é ruim, o vento é forte, as lonas rasgam e as cobertas são finas”, diz. 

Márcia relata que os moradores contam com a solidariedade de voluntários, principalmente de igrejas, para conseguirem alimento. Porém, ela reclama que há moradores que trocam comida por droga. “Ninguém é obrigado a nos sustentar porque vivemos nas ruas, mas tem muita gente de bom coração. Até quando vamos ficar bebendo e usando droga? [Voluntários] trazem roupa, agasalho, touca, meia. Tem gente que traz sacolão, mas alguns trocam por droga. Eu peço que tenham consciência, a gente se organiza entre nós, podemos cozinhar”, explana Márcia. 

Com o frio em Campo Grande, a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) tem realizado o acolhimento dos moradores em situação de rua. Nesta madrugada de quarta (30), 18 moradores foram acolhidos e 17 cobertores foram distribuídos. Ao todo, 25 moradores recusaram o atendimento. 

Conforme a SAS, as pessoas que aceitaram o acolhimento foram levadas para a UAIFA (Unidade  de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias) – antigo Cetremi-, Casa de Passagem Resgate e Maria Regina Vasconcelos Galvão (acolhimento provisório).