Mais de 100 dias depois do primeiro registro, os casos de pacientes infectados pela variante Delta continuam multiplicando em estados vizinhos a Mato Grosso do Sul. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a nova variante corresponde a 70% dos casos novos. Enquanto isso, o Estado ainda não registrou nenhum paciente com a cepa. Contudo, não é hora de relaxar com os cuidados. Infectologista alerta que a variante já pode estar circulando em MS e que só estaremos seguros ao atingir a imunidade coletiva.
Mesmo sem registros de casos da variante delta, a preocupação com a sua inevitável chegada está presente nos discursos das autoridades de saúde. Desde julho, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) tem alertado sobre o risco da nova cepa, principalmente nas cidades que fazem divisa com estados vizinhos. Chapadão do Sul, que faz divisa com Goiás, chegou a registrar um pico de casos e até decretou lockdown.
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Mesmo sem ter sido registrada oficialmente, a cepa pode estar presente e não é hora de relaxar com os cuidados. É o que acredita o infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Julio Croda.
“Muito provavelmente já está circulando no Estado, mas existe uma dificuldade do Ministério da Saúde em ofertar o sequenciamento para todos os estados. Então, sempre tem um delay importante”, comenta.
Em Mato Grosso do Sul, o Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) precisa enviar amostras para o Instituto Adolfo Lutz em São Paulo, para monitoramento de novas cepas, controle de qualidade e investigação de possíveis casos de reinfecção. A SES tem parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) para sequenciamento genômico das amostras, o objetivo é que o mapeamento possa ser feito por aqui, sem que seja preciso enviar as amostras para outro estado.
Com 61% dos adultos imunizados, estamos seguros?
Apesar do alto índice de vacinação contra o coronavírus, os sul-mato-grossenses não podem se considerar seguros contra a variante Delta. Cuidados como o isolamento social, evitar aglomerações, uso de máscaras e higiene das mãos continuam essenciais.
O infectologista Julio Croda explica que Mato Grosso do Sul ainda precisa avançar na imunização. Para alcançar a imunidade coletiva, o Estado precisa atingir de 80 a 90% da população com o ciclo vacinal completo, ou seja, com as duas doses ou a dose única.
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Quais cepas foram identificadas em MS?
Conforme dados divulgados pelo boletim epidemiológico da SES, entre as amostras mapeadas, 42% eram da variante do Amazonas, que é considerada uma variante de preocupação, indicada por pesquisadores como altamente transmissível e com maior potencial de gravidade. Em seguida, a variante B.1.1.28, uma linhagem brasileira, corresponde a 21% dos casos mapeados. A P2, linhagem que surgiu no Rio de Janeiro, representa 16,6% dos casos em MS, enquanto a cepa B.1.1.33 (também brasileira) corresponde a 13,6% dos casos. A B.1, linhagem surgida na Itália no início da pandemia, corresponde a 1,4% dos casos e a P.1.2, presente no Brasil, Argentina, Países Baixos, EUA e Espanha, representa 1,4% dos casos mapeados. As outras variantes representam menos de 1% dos casos.