Fiéis aumentam procura e pastores querem que igrejas sejam tratadas como ‘serviço essencial’ na pandemia
Presidentes dos Conselhos de Pastores esteve no MPMS para apontar dificuldades impostas por decretos de combate à Covid-19.
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Representantes de pastores evangélicos têm realizado périplos junto aos órgãos de gestão e fiscalização de ações de combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) a fim de solicitar que sejam respeitados os decretos federal e estadual que qualificaram as igrejas como “serviços essenciais” e, desta forma, permita seu funcionamento sem os obstáculos enfrentado em diferentes municípios de Mato Grosso do Sul.
A medida ocorre em um momento onde os religiosos indicam aumento na procura das igrejas por parte dos fiéis, temerosos quanto aos efeitos da pandemia –que no Estado já registrou mais de 146 mil infectados e de 2,6 mil óbitos até esta quarta-feira (13), conforme a Secretaria Estadual de Saúde.
Os números abalam o interior das pessoas à medida que avançam as infecções, hospitais vêm a lotação de UTIs aumentar e os debates sobre vacinação ainda avançam no Brasil, enquanto a imunização já ocorre em diferentes locais do mundo. A ideia é permitir que, nesse cenário, dê-se condições para se oferecer “conforto espiritual” à população.
Líderes religiosos fazem peregrinação junto ao poder público em MS
Nesta quarta-feira (13), os presidentes dos conselhos Estadual e de Campo Grande de Pastores, respectivamente Wilton Acosta e Ronaldo Leite Batista, reuniram-se com o procurador-geral de Justiça, Alexandre Magno Benites de Lacerda, a fim de buscar diálogo entre as igrejas e o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) acerca das normas de distanciamento social e suspensão de atividades para conter a pandemia.
Na prática, os pastores querem que as igrejas recebam o mesmo tratamento dispensado a outros segmentos, que vêm operando com bem menos restrições quanto ao recebimento de frequentadores. O apelo ao chefe do MPMS foi mais um entre os já feitos ao poder público, e incluiu ainda pedido para que religiosos integrem o grupo de trabalho que analisa as ações de combate à pandemia.
“Estamos fazendo uma jornada. Já estivemos com prefeito, governador e Câmara [Municipal] e, agora, com o Ministério Público”, explicou Acosta ao Jornal Midiamax. Nessas reuniões, ele reforça que o segmento reforça apoio no combate à pandemia e instituição de protocolos de biossegurança que, segundo ele, é seguida pela maioria dos pastores e fiéis.
“Estamos conscientizando o nosso povo. Agora, quando você encontra adversidades nos decretos nos municípios por conta de uma parcela da população não estar colaborando, a igreja ‘paga o pato’ sozinha”, prosseguiu o presidente do Conselho Estadual de Pastores, ao afirmar que os decretos acabam “tolhendo nosso direito de realizar os cultos e demais atividades”.
Conforme a assessoria do MPMS, o presidente do Conselho Municipal de Pastores, Ronaldo Leite Batista, destacou a importância do diálogo com o MPMS e frisou que a igreja sempre irá respeitar as regras de segurança e cooperar no combate à doença. Já o procurador-geral destacou que o Ministério Público trabalha para “garantir a liberdade religiosa à luz da Constituição Federal e é solidário à necessidade de o cidadão buscar o fortalecimento espiritual para enfrentar este momento tão difícil que afeta a vida de todos”.
Pastor afirma que igreja é ‘serviço essencial’ reconhecido em decretos
Wilton Acosta ainda afirma que decretos estaduais e federias, assim como em diferentes municípios, consideram as igrejas como serviço essencial e, desta forma, deve ter seu funcionamento autorizado durante a pandemia.
“Somos importantes neste momento porque cuidamos espiritualmente das pessoas, realizamos trabalhos assistenciais enormes, inclusive levando alimentação a diversas famílias”, destacou. Esta é uma das situações apresentadas nas visitas, visando a “mostrar a relevância [das igrejas] e minimizar o impacto de alguns decretos que nos prejudicam”.
Como exemplo, cita-se a limitação a 3 atividades semanais em Ponta Porã e a restrição de reuniões nas igrejas até as 18h em Maracaju. “Alguns outros decretos limitam nosso espaço físico a 30%, enquanto outras atividades estão literalmente abertas, como bares que seguem lotados de gente. E isso com as igrejas cumprindo regras de distanciamento e uso de máscara”, afirmou Acosta, cobrando “tratamento isonômico” do poder público.
Junto com tal apelo, o religioso explica que vem sendo solicitada a inclusão dos segmentos evangélico e católico no Comitê Estadual de Combate à Covid-19. “É importante a participação na hora de decidirem [as medidas] para termos voz”.
Respeito às regras de biossegurança e aumento na procura por parte dos fiéis
Wilton Acosta defende que “a maioria absoluta” das igrejas cumprem as regras de biossegurança contra a Covid-19, colaborando ao conscientizar seus fiéis. Isso é feito independentemente das orientações políticas dos envolvidos, “que não se aplicam no cumprimento dos protocolos”.
A afirmação, frisou ele, rebate a tentativa de tornar um consenso geral a postura de alguns religiosos que, desde o início das medidas de enfrentamento à pandemia, insurgiram-se contra o uso de máscaras e outras medidas de distanciamento.
“Se você pinçar no raio de 5 mil igrejas evangélicas de Campo Grande encontra uma história. Não dá para dizer que todo mundo faz coro, isso gera uma repercussão que destoa da realidade”, alega.
A cautela é manifestada em um momento no qual, afirma Acosta, as igrejas –sobretudo as grandes denominações– registraram crescimento na procura de fiéis, traduzida também em um apoio financeiro mais sólido para continuarem funcionando.
“A grande maioria das igrejas teve crescimento, seja financeiro ou de fiéis. É algo que é preciso estar ali para entender: o momento traz uma grande reflexão para as pessoas, preocupadas, e desperta esse chamado. Muitas que saíram [das igrejas] voltaram e isso desperta o anseio de participar e de ajudar”, afirmou. “E isso traz pessoas para ajudar financeiramente porque a igreja socorre muitas famílias”.
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