Colapso na saúde faz ameaça de ‘4ª onda’ da covid ser realidade em MS, dizem especialistas

Trabalho de pesquisadores da Fiocruz faz projeção com aumento de casos em MS

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Mato Grosso do Sul é um dos estados em que a pandemia do coronavírus está em situação mais crítica. Boletim da SES (Secretaria Estadual de Saúde) esta semana apontou colapso no sistema de saúde e especialistas indicam que uma ‘4ª onda’ da doença pode se tornar realidade em breve.

Desde o início no ano passado, Mato Grosso do Sul registrou três subidas e descidas das infecções – os picos. A primeira entre julho e setembro de 2020, a segunda de novembro de 2020 a janeiro de 2021 e a terceira de março ao início de maio de 2021. Agora as internações e mortes voltam a crescer pela quarta vez, segundo dados compilados pela  Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Conforme os dados do governo, maio pode bater o recorde de novos casos confirmados da covid em MS. Até terça-feira (25), a média móvel está em 1,7 mil casos – que é recorde da pandemia – e o mês já soma 31.682 infectados por coronavírus. Considerando que MS continue com média móvel de 1,7 mil casos, seriam 10,2 mil novos infectados confirmados nos próximos seis dias. Assim, o Estado passaria das 34.700 confirmações de dezembro de 2020, atual mês com mais casos.


Recorde de média móvel foi registrado na terça-feira (25), segundo o boletim da covid em MS

Projeção da 4ª onda

Baseado em dados compilados da Fiocruz, é possível perceber os três picos da covid em Mato Grosso do Sul. O mesmo é verificado nos seguintes estados: Rio de Janeiro, Amapá, Espírito Santo, Sergipe e Santa Catarina.

Dessa forma, análise de  nowcasting (uma projeção do momento que “dribla” a subnotificação e torna mais nítida a imagem do que está acontecendo atualmente) liderado pelo estatístico e pesquisador em saúde pública do Programa de Computação Científica da Fiocruz, Leonardo Bastos, mostra que um novo pico da doença pode estar muito próximo.

Assim, com base nos dados abertos do governo federal, a equipe de pesquisadores publicou o trabalho. “Aqui apontamos corrigidas para hospitalizações e óbitos notificados com SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e aqueles com a confirmação da COVID-19 (SRAG-COVID)”, aponta o documento.

Pelo gráfico acima, podemos observar que a linha preta contém os dados notificados até o atual momento. Já em vermelho, seria uma estimativa corrigida, sendo que os intervalos em vermelho mais forte contém credibilidade simétrica de 50% e de 95% na área em vermelho mais claro.

É possível evitar um novo pico?

Especialistas em epidemiologia e saúde pública apontam que uma das principais explicações para tanto vaivém de infecções no país é o fato de as medidas de distanciamento social serem suspensas por governantes antes que o contágio esteja de fato sob controle. E isso por ocorre por diversos motivos, como as fortes pressões econômicas e políticas para não deixar o comércio fechado.

Pesquisadores da Fiocruz que acompanham a evolução da covid no país afirmam que “somente a redução sustentada por algumas semanas poderá permitir a melhoria dos vários indicadores de monitoramento da pandemia”. Os indicadores a que a instituição se refere incluem a taxa de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) e o número de mortes por covid.


Dados do boletim da SES mostra o colapso no sistema de saúde de Mato Grosso do Sul

Além disso, outros fatores como aglomerações de pessoas em festas, eventos e até reuniões familiares ou de amigos, novas variantes da covid com maior poder de transmissão, ritmo lento de vacinação e adesão cada vez menor da população ao isolamento social contribuem para as sucessivas ondas da doença.

Não há consenso em torno da definição de uma onda, mas em geral o termo é usado para descrever o crescimento acelerado de infecções, internações ou mortes.

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o governo federal não está “vislumbrando” a chegada de uma terceira onda da doença no país e atua de “maneira adequada” a evitá-la, que em sua visão é “avançar na campanha de vacinação”.

A SES foi procurada pela reportagem para se posicionar sobre as medidas que tem adotado para evitar um novo pico no Estado, mas não houve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.

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