Com 7,8% da população diabética em MS, saiba os sinais de alerta e quando procurar especialista
Com diabetes e pré-diabetes, campo-grandenses contam como é lidar com a doença
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Em um dos países com a maior incidência de diabetes no mundo, a doença passou a preocupar ainda mais com a chegada da pandemia. Com o coronavírus em circulação, os pacientes correm mais riscos. Em Mato Grosso do Sul, 7,8% da população adulta é diabética e, diante do fator de risco para covid, é importante ficar de olho e manter uma rotina saudável. No Dia Mundial do Diabetes, celebrado neste domingo (14), campo-grandenses contam como é lidar com a doença.
Dados do portal Monitora Covid da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) apontam que 7,8% da população adulta têm o diabetes como fator de risco para covid. O percentual é um dos maiores do país, ficando atrás somente do Rio de Janeiro (9,3%), Rio Grande do Norte (8,8%), Rio Grande do Sul (8,8%), São Paulo (8,6%), Ceará (8,5%) e Minas Gerais (8%).
Mesmo com a queda nos indicativos da pandemia, ainda é preciso ficar atento aos sinais do diabetes. Além do coronavírus, a doença ainda serve como fator de risco para outras complicações, como infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral).
A endocrinologista Paula Anffe explica que existem dois tipos principais e comuns de diabetes, que podem se manifestar de formas distintas. Existe o diabetes tipo 1, que ocorre principalmente em crianças e adolescentes. Neste caso, a doença se instala de maneira mais rápida e apresenta sintomas. “Podem ser sede excessiva, boca seca, excesso de urina e cansaço. Em fases mais avançadas, também pode ocorrer a perda de peso”, explica.
Também é comum o diabetes tipo 2, que corresponde à maioria dos casos. A médica explica que a doença está relacionada à obesidade e hábitos que não são saudáveis, como a má alimentação e o sedentarismo. “Nesse caso, o diabetes pode ser assintomático, reforçando a importância do rastreamento naqueles pacientes que podem ter algum fator de risco. Porém, lembrando que com a evolução da doença podem ocorrer sintomas semelhantes ao do diabetes tipo 1”.
Anffe aponta que há alguns sinais que podem servir de alerta de que está na hora de procurar um especialista. Sede e urina em excesso, boca seca, perda de peso, tonturas, cansaço e visão embaçada acendem o alerta vermelho. Contudo, é preciso saber que também há casos assintomáticos.
“Pessoas com mais de 45 anos ou que tenham algum fator de risco para diabetes, como obesidade ou sobrepeso, história familiar de diabetes, com histórico de pré-diabetes, hipertensos, com colesterol elevado, mulheres que apresentem histórico de diabetes gestacional, usuários crônicos de corticoide, são alguns dos exemplos de pessoas que devem fazer o rastreamento da doença”, alertou a endocrinologista.
Com risco de diabetes, Edna mudou a rotina e encontrou novo hobby
Mesmo antes da pandemia começar, a assistente financeira Edna Yodono fez um check-up e descobriu que estava com as taxas desequilibradas. Pré-diabética, ela teve que ‘correr atrás do prejuízo’ e transformou a rotina em busca de uma vida mais saudável.
Ela explica que buscou um cardiologista e fez todos os exames necessários, até que descobriu a pré-diabetes. “Além de tudo, a minha pressão fica alta assim que pego no sono. A doutora me disse que casos assim existem, tenho casos na família. Então, me preocupei muito”, relata.
Mesmo com o diagnóstico, Edna ainda levou um tempo para se ligar sobre o perigo do diabetes. “Demorei porque o cansaço é a nossa desculpa de sempre. Agora, já faz mais de dois anos que comecei [a pedalar] e não paro mais”, celebra.
Além de pedalar, Edna ainda faz outros exercícios. Ela conversou com a reportagem pela manhã e relatou que cedo já havia passado pela academia e, durante a noite, ainda sairia para pedalar com o grupo de bike. Desde que iniciou a mudança, a saúde de Edna melhorou muito. “Eu estava acima do peso, hoje estou bem melhor. Não tenho filhos pequenos, tenho tempo para cuidar de mim. Mesmo trabalhando, arrumo tempo para cuidar da saúde e beber mais água”, explica.
A assistente afirma que ainda precisa do medicamento para pressão alta, mas a atividade física já ajuda muito. Com os exercícios em dia, Edna faz exames semestralmente e garante que está tudo nos conformes.
“Todo mundo corre o risco [de ter diabetes], achamos que podemos comer tudo, doces, massas. A gente faz atividade física para equilibrar, a gente também não pode deixar de comer as coisas que a gente gosta pensando que vai trazer desequilíbrio. Faço atividade e me alimento do que gosto”, conclui.
Para Márcia, diabetes foi ‘herança’ passada de pai para filha
Quem teve uma história diferente com o diabetes foi a comerciante Márcia Almeida Barbosa, de 51 anos. Diferente de Edna, ela não conseguiu evitar o diagnóstico da doença e é mais uma diabética na família. A doença foi uma ‘herança’ passada de pai para a filha. “O meu pai já tinha. No caso dele, ele ficou cego, teve AVC. A minha irmã também tem e começou a perder a visão”, relata.
Márcia explica que descobriu a doença há 10 anos. No começo, ela recebeu o diagnóstico para pré-diabetes, depois a doença se confirmou. Ela lembra que levou um susto. “A gente acha que essa coisa de ‘hereditário’ é lenda. Eu sou diabética, minha filha tem 27 anos e descobriu também. É complicado, não podemos descuidar”.
Para a comerciante, a convivência com o diabetes não é fácil. O mais difícil é deixar de comer o que se gosta e ter que ‘andar na linha’ no que diz respeito às refeições. O pãozinho, o café com leite e o arroz branco, por exemplo, tiveram que ficar para trás. Márcia explica que ser diabético é ter que abrir mão de algo todos os dias. “É chato, não pode comer isso, não pode comer aquilo. A gente tem que aprender a lidar”, diz.
Com o início da pandemia, a preocupação com a doença aumentou ainda mais. Márcia chegou a ser infectada pela covid duas vezes, em uma delas quase foi internada. Por sorte, ela não chegou a ser hospitalizada, mas afirma que viver com o diabetes é uma insegurança constante.
Para tentar manter a doença sob controle, a comerciante faz caminhadas. Por fim, Márcia alerta que a doença não é brincadeira. “É coisa séria. Nesta pandemia, muita gente que veio a óbito tinha diabetes”, lamentou.
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