Dizem que quem trabalha com o que gosta, não trabalha. Imagine trabalhar com o que ama, com o que dá sentido a sua existência. Assim tem sido a vida de William Aragão, de 30 anos, morador de Dourados, formado em artes cênicas, mas que desde 2017 é gestor da página “Coisas Pra Crente”, que tem mais de 4 milhões de curtidas no Facebook e 600 mil seguidores no Instagram.
A página tem suas publicações voltadas para o universo evangélico, abordando os temas de forma bem-humorada e mediando a prestação de serviços que possam atender aos cristãos evangélicos, ou, como a própria página brinca: “crentes”.
“No início as publicações eram voltadas somente com o intuito de divertir os seguidores, porém com o passar do tempo, fui direcionado pelo Espírito Santo de Deus a entregar a Ele a direção do projeto, que ao me tornar mais crítico em relação às publicações, passei a ver um crescimento absurdo no Facebook, eram 100 likes, de repente já estava com 1000, por aí em diante”, começa explicando William.
Não que ele tenha abandonado a informalidade, como mostra nesta postagem feita há alguns dias, em que responde se tem “algum amigo do vale” seguido de uma figurinha de arco-íris, se referindo a amigos LGBT.
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Porém, hoje, dia 30 de novembro, além de seu sucesso, William tem outra coisa a comemorar, o Dia do Evangélico. A data não é de se ignorar, já que a população que se declara evangélica cresce exponencialmente em todo o Brasil, e não é diferente em Mato Grosso do Sul.
De acordo com os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há aproximadamente 22 milhões de evangélicos no Brasil (22% do total) contra 125 milhões de adeptos do catolicismo (64%). Em Mato Grosso do Sul, a porcentagem de evangélicos é de pouco mais de 26%.
A mesma projeção mostra que o número de evangélicos deve ultrapassar os católicos no Brasil já na próxima década, em 2032.
Um levantamento da Abrepe (Associação Brasileira de Empresas e Profissionais Evangélicos) estima que os evangélicos movimentem cerca de R$ 21,5 bilhões por ano. Como potencializador de consumo, segundo a entidade, está o perfil do evangélico, que vive uma vida mais regrada e não gasta com bebida, cigarro ou balada.
É olhando para essas pessoas que William investe toda sua energia na “Coisas Pra Crente”. Ele chegou a ganhar há 3 anos o prêmio nacional “Troféu gospel” na categoria “Página do ano”.
“Hoje o ‘Coisas Pra Crente' também é uma empresa, pois trabalho com divulgação de cantores e pregadores. Uso as minhas redes sociais como minha fonte de renda, sem perder a essência principal do projeto”.
Trajetória na igreja
William nasceu em Douradina, uma pequena cidade de 8 mil habitantes perto de Dourados. Filho de evangélicos, acredita que sua família teve influência limitada em sua fé e escolha
“Se tratando da minha fé, posso dizer que é uma decisão pessoal e diária, mesmo sendo de família cristã. Pois, não acredito no famoso ditado
popular: ‘filho de peixe, peixinho é'”.
Na igreja com a mãe, ele conta que sempre estava envolvido, seja pregando ou fazendo parte do grupo de teatro.
“Afirmo, que eu não nasci cristão, mas decidi me tornar um, pois é uma questão de atender a um chamado, e não que seja passado de família. O que se teve foi ensinamento, valores e princípios que foram apresentados a minha vida através da educação”.
Ser evangélico
Para William, ser evangélico é ser “humano”. “Ser evangélico é permitir que Jesus ame o próximo, através de nossas atitudes. Ser evangélico é permitir que a luz que está em nós, ilumine a vida de quem se encontra em dias de escuridão. Ser evangélico é ser gente, não gente natural, mas gente que apesar de estar no meio natural decide viver de forma sobrenatural todos os dias, pela fé em Jesus”.