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Cotidiano

Após ‘modinha’, cigarros eletrônicos ganham ex-fumantes como adeptos em MS

Proibidos no país, dispositivos perderam popularidade entre jovens e têm sido utilizados como alternativa ao cigarro comum
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Antes modinha entre adolescentes
Antes modinha entre adolescentes

Sem cheiro, mau hálito ou bitucas, os cigarros eletrônicos têm vantagens em comparação com o tradicional e continuam em alta em Mato Grosso do Sul. Sejam vapes ou pods, os produtos continuam sendo muito procurados, mas o público agora é outro. Se há alguns anos os cigarros eletrônicos eram moda entre pessoas muito jovens, atualmente o produto tem tido os ex-fumantes como adeptos. Contudo, apesar de parecer mais ‘saudável’, o cigarro também oferece riscos, além de ter a venda proibida no Brasil. 

Para quem trabalha com a venda dos produtos, é perceptível a mudança no perfil dos clientes nos últimos anos. A vendedora de uma tabacaria no centro de relata que a época da ‘modinha’ dos cigarros eletrônicos entre os adolescentes passou. Os produtos continuam em alta, mas são utilizados por ex-fumantes, como uma estratégia para abandonar o cigarro tradicional. 

“A maioria [dos clientes] é de pessoas mais velhas, são ex-fumantes. Eles procuram principalmente os pods, que têm o teor de nicotina mais alto, né”, comenta a vendedora. 

Há diferentes modelos de cigarros eletrônicos, como os pods e os vapes. Os pods geralmente são mais utilizados por fumantes do cigarro convencional, já que contêm teor de nicotina mais alto e ajudam a saciar a vontade de fumar. Já os vapes são qualquer dispositivo capaz de produzir vapor. Eles possuem tanques recarregáveis com sabores, com opção de conter ou não a nicotina. 

Outro vendedor em uma tabacaria da Capital também reforça que os ex-fumantes são os principais clientes. No geral, os pods são os produtos mais buscados e o valor varia de R$ 40 a R$ 100 para os descartáveis e de R$ 150 a R$ 300 para recarregáveis. 

Pedro* é fumante há quase uma década e viu os pods como uma alternativa ao cigarro comum. Ele começou a utilizar o cigarro eletrônico há cerca de cinco meses e pretende continuar o uso. 

“Eu li algumas coisas a respeito e cheguei à conclusão de que eu gostava de tragar alguma coisa, gosto da sensação de fumar. Não sei se iria gostar de usar adesivo ou chiclete de nicotina, sei que ele também faz mal, que não tem estudos sobre. Parece ser um senso comum de que entre ele e o cigarro, ele traz menos malefícios”, explica. 

Pedro afirma que mesmo com a mudança no cigarro comum para o pod, continua fumando com frequência. No geral, há vantagens já que o cheiro da fumaça do cigarro tradicional já não faz a menor falta. Entretanto, o uso do cigarro eletrônico não representa o fim do vício em fumar. 

“Eu vou continuar [com o cigarro eletrônico]. É que hoje, para mim, a alternativa é voltar para o cigarro [comum] ou continuar com ele. Mas eu planejo parar, estou pensando em como a vida seria e eu já fumo há mais de uma década”, pondera. 

Afinal, faz mal à saúde? 

Apesar de parecerem uma opção mais ‘saudável’, os cigarros eletrônicos ainda oferecem riscos à saúde. Em 2019, quando os dispositivos estavam no auge da ‘modinha’, a (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu um alerta aos médicos sobre as doenças pulmonares causadas pelo uso dos vapes. O alerta foi enviado ao CFM (Conselho Federal de Medicina), à AMB (Associação Médica Brasileira) e à Rede Sentinela, que conta com 252 instituições de saúde responsáveis por notificações de eventos adversos relacionados à saúde.

O alerta foi feito com base nas informações do CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção) dos Estados Unidos. A SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) também não recomenda o uso dos cigarros eletrônicos. “Quando as variadas substâncias químicas dos vapes são aquecidas, o fumante traga uma mistura de álcoois e aldeídos tóxicos, junto com a nicotina.  As essências são proibidas para uso inalatório e geralmente permitidas apenas para alimentos e cosméticos”, disse em nota. 

Alexandre Araruna é médico pneumologista e preceptor do HU (Hospital Universitário) da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e explica que, por mais que algumas pessoas aleguem que os dispositivos eletrônicos não são tão nocivos quanto o cigarro clássico, não há como comparar. “Não existe meio mal. Todo meio mal é completamente mal”, frisou em material divulgado pelo na semana de combate ao fumo.

Venda proibida

Apesar de serem encontrados e vendidos sem qualquer restrição no comércio em Campo Grande, os cigarros eletrônicos não podem ser vendidos no Brasil. A comercialização, importação ou propaganda de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas desde 2009 no país. O que mostra que a entrada dos produtos no país é feita através do contrabando. 

Mato Grosso do Sul, que faz fronteira com países como o e a Bolívia, tem registrado apreensões de cigarros eletrônicos. Para se ter uma ideia, o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) apreendeu uma carga com mais de R$ 1 milhão em produtos contrabandeados no mês passado. Entre as mercadorias, havia 2.862 cigarros eletrônicos, 10 bobinas para cigarro eletrônico e 600 unidades de essência para o dispositivo. 

Contudo, não há dados sobre o quantitativo. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) não contabiliza dados de apreensão de contrabando por tipo de produtos como este. Conforme a Polícia, somente são contabilizados itens mais relevantes do ponto de vista de volume financeiro, como pneus e cigarros (convencionais), por exemplo. 

*Nome alterado a pedido da fonte, que preferiu não se identificar na reportagem.

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