O chamamento dos sorteados para adquirir um imóvel no bairro Cabreúva, em , vem causando dúvidas e descontentamento entre os contemplados pelo programa da Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários). Reclamações divulgadas em redes sociais — como no grupo Aonde Não ir em Campo Grande — indicariam preços abusivos, cadastros supostamente desnecessários e até apartamentos gratuitos.

Uma das sorteadas alega, além da frustração de realizar um novo cadastro, ter sido surpreendida com os valores apresentados para a compra dos imóveis sorteados, disponibilizados por R$ 180 mil. Conforme a mulher, está sendo cobrada uma entrada de R$ 59 mil, além do aluguel dos imóveis, gerando um pagamento mensal próximo aos R$ 2 mil.

Além da reclamação, outra dúvida que também surgiu nas foi sobre o valor cobrado para a aquisição dos imóveis, que muitos acreditavam que seriam entregues de forma gratuita para os sorteados. Em conversa com o Jornal Midiamax, a alega que as reclamações são infundadas e não condizem com as normas exigidas pela prefeitura anteriormente.

Novos cadastros

Uma das principais reclamações sobre o trâmite de sorteio e aquisição dos apartamentos relatada pelos sorteados é em relação à necessidade de realizar um novo cadastro após o sorteio dos imóveis. De acordo com o diretor de administração da Amhasf, Cláudio Marques Costa Júnior, os sorteados estão sendo chamados para análises e não para um novo cadastro.

Segundo Cláudio, foram cerca de 3 mil pessoas cadastradas para o sorteio dos apartamentos que se enquadravam nas exigências impostas e estão sendo acionadas para confirmação de dados e análise de crédito, “além de analisar se pessoa já recebeu algum benefício, faz parte de outro programa”, explicou. A necessidade da análise existe para que a Prefeitura saiba que a pessoa está apta e possui condições de adquirir o imóvel.

Entrada abusiva e aluguel

Além das reclamações sobre um suposto novo cadastro, muitos dos sorteados se mostraram indignados com uma possível entrada de R$ 59 mil para que os imóveis fossem adquiridos, valor esse que poderia ser parcelado em 48 vezes, gerando valores mensais de R$ 1.229,00. Outros ainda alegam que esse valor seria somado ao aluguel, gerando pagamentos exorbitantes.

Para Cláudio, as denúncias são infundadas e não condizem com o real objetivo do programa. Ele explica que nenhum dos sorteados necessitará comprar o imóvel e pagar aluguel ao mesmo tempo, e comenta que os valores negociados não são de responsabilidade da prefeitura, mas sim da Césari Engenharia e Construção, responsável pela obra.

“A prefeitura realizou a doação desses apartamentos sorteados (para a Césari Engenharia e Construção), as unidades estão sendo comercializadas e não podem ser vendidas nem por um real a mais. Esse valor de R$ 180 mil quase não existe para um imóvel no Centro, mas a negociação é de responsabilidade da empresa”, comenta Cláudio.

O diretor explica que o programa tem como principal objetivo dar oportunidade para que famílias comprem um imóvel na área central da cidade por um valor abaixo do mercado. “As 214 unidades da empresa estão sendo comercializadas por R$ 320 mil, para você ter noção da diferença”, conta.

Barato, mas não de graça

O diretor de administração da Amhasf explica ser necessário esclarecer para a população, principalmente aos sorteados para a aquisição dos apartamentos, que em nenhum momento foi falado que os imóveis seriam entregues de forma gratuita.

“Vale lembrar que esse programa atende famílias com renda de até cinco salários mínimos e não apenas pessoas em vulnerabilidade social. Nós precisamos atender toda a população, desde as pessoas que não possuem condições ou que ganham apenas um salário mínimo, até aquelas que possuem uma renda um pouco maior”, disse.

Segundo Cláudio, a variedade de programas oferecidos pela Amhasf tem o objetivo de suprir a demanda das mais variadas classes em Campo Grande e aqueles que consideram os valores altos, podem procurar outros programas da Prefeitura que irão atender suas necessidades.

Locação social

Conforme a Amhasf, outros 80 apartamentos inseridos no mesmo condomínio serão disponibilizados através do regime de locação social, ou seja, os imóveis não poderão ser vendidos, mas sim alugados por valores abaixo do mercado. “Esses apartamentos ainda não estão disponíveis, nós só poderemos disponibilizá-los após estarem prontos. No momento, não está sendo cobrado aluguel de ninguém”, comentou Cláudio Marques.

Os apartamentos

De acordo com a diretora de Projetos Estratégicos, Catiana Sabadin, a obra — orçada em R$ 120 milhões — se trata de um condomínio com 792 apartamentos padronizados em relações urbanísticas e arquitetônicas, ou seja, todos seguirão o mesmo padrão em relação à estrutura, decoração e paisagismo.

A única diferença é o tamanho dos apartamentos disponibilizados através dos programas sociais e os restantes que serão vendidos pela empresa responsável pela obra. Os imóveis disponibilizados pela Prefeitura terão 53 metros quadrados e contarão com dois quartos, cozinha, sala, banheiro, sacada e garagem. Já os que serão vendidos pela empresa terão cerca de 63 metros quadrados com o acréscimo de uma suíte em um dos quartos. Todos serão padronizados.

Na região externa do condomínio, serão construídas 40 salas comerciais também administradas pela Cesari Engenharia e Construção que poderão atender tanto a população interna do condomínio como a externa.

Os sorteados

A relação completa da classificação dos sorteados para financiamento de 498 apartamentos que integram o novo projeto habitacional no Bairro Cabreúva foi publicada na edição nº 6.401 do Diário Oficial de Campo Grande do dia 31 de agosto.

No total, 13.440 pessoas se inscreveram neste sorteio pela plataforma Amhasf Digital. A lista dos sorteados foi entregue para a empresa Cesari Engenharia e Construção, que realiza os trâmites necessários para contratação do financiamento junto à Econômica Federal.

No momento, a lista está sendo encaminhada pela empresa Cesari Engenharia e Construção LTDA ao correspondente bancário, que convocará os sorteados para entrega da documentação. Caso o convocado não atenda à solicitação, será efetuada a desclassificação do mesmo para o processo seletivo.