“É o jeito, porque é impossível competir com os preços do aplicativo, mas é melhor a gente receber menos e recebermos as corridas, do que cobrar mais e ficarmos parados”, pontuou a profissional.
Falta de preparo
Mesmo apontando a concorrência de valores como um dos fatores que indignam a categoria, outro ponto que, além de descontentamento, gera revolta entre os profissionais é a não exigência do aplicativo por qualificação específica para o transporte de pessoas.
“Não pode esquecer de falar da falta do curso”, comentou um mototaxista ao ouvir a conversa. “Ainda tem isso, nós fazemos curso, a cada cinco anos precisamos mostrar que estamos aptos a transportar pessoas. Nós estamos carregando vidas, não é um objeto ou alimento, esses aplicativos não exigem nada disso”, disse Neide. “Você andaria com alguém não qualificado?”, questionou.
O assunto também é alvo de críticas do Sindimototáxi (Sindicato dos Mototaxistas), que alerta sobre a falta de exigência de qualificação por parte do aplicativo e trata o assunto como “preocupante”. Para o presidente do sindicato, Dorvair Boaventura, esse deve ser o principal ponto a ser discutido.
“Olha, nós não somos contra o aplicativo, contra as viagens de moto, na verdade, nós somos favoráveis a tecnologia, a modernizada. O grande problema é sobre a falta de capacitação”, explica Boaventura. “As pessoas que utilizam o transporte de motocicletas, sabem que é um veículo de auto risco, quando você se propõe a transportar uma carga já corre um risco, imagina transportar uma vida”, complementa.
“Eu acho bacana a chegada do aplicativo, nós até incentivamos que os profissionais utilizem o serviço em paralelo com a atividade, mas é preciso de regras. Eu vejo uma grande preocupação. A medida é válida, mas com algum tipo de qualificação não somos contra aquilo que moderniza a vida das pessoas, mas somos contra a forma que isso chega ao nosso estado”, finaliza Dorvair.
Em nota, a Uber alega que suas atividades não se enquadram aos requisitos de autorizações exigidas de empresas de transporte. “A Uber desenvolve um aplicativo que conecta parceiros que dirigem os próprios veículos a usuários que desejam se movimentar pelas cidades, em acordo aos Termos de Uso da plataforma”.
“Na modalidade Uber Moto, parceiros contratam o aplicativo para realizar transporte privado individual em motocicletas, atividade prevista na Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12.587/2012) e distinta de categorias de transporte público individual em motocicletas, como o mototáxi, regidas por legislação específica”, complementou a empresa através de sua assessoria.