Ataques mortais de cães agressivos têm sido marcantes em Campo Grande nos últimos meses, onde os animais escapam de suas casas e acabam vitimando outros cachorros, geralmente de pequeno porte. 

No último caso, no final de junho, dois pit bulls atacaram o Lhasa Apso Duque, no Bairro Tiradentes. E não foi o primeiro ataque. Porém, não é certo culpar os pit bulls, já que a agressividade reflete a criação que eles receberam dos donos, segundo o adestrador Willian Barreto. 

“‘Ah, o cachorro tem um jeito agressivo e tal’: isso aí vai muito do dono. Não tem como crucificar uma raça ou crucificar quem não pode procurar ajuda mudança. Quem tem que procurar mudança e mudar o jeito do cachorro é o próprio dono”, disse ele ao Jornal Midiamax.

Raças de porte grande, como pit bulls, rottweilers e pastores-alemães são criados para serem ‘cães de guarda’ e não passam pelo processo de socialização, que é fundamental para que o cachorro cresça sem ver qualquer outro ser vivo como alvo.

“Muitos cachorros só ficam agressivos, só ficam desse jeito, por causa do confinamento”, comentou o profissional, que trabalha com cães há 15 anos. Ou seja, os donos precisam acostumar o animais com outros cães e também com as pessoas. 

“Um cachorro confinado quando ele fugir, tudo para ele vai ser uma presa. Pode ser uma criança correndo ou até um senhorzinho andando diferente e principalmente outro animal, já que ele nunca viu um outro animal”, explicou ele. 

No caso de um cão adulto e agressivo, conforme Barreto, a única forma de ‘recuperar’ esse animal é pelo adestramento e controle. “Tem treinamento para isso; treinamento de controle, de obediência e socialização do cachorro. Mas com certa idade se torna mais difícil, mas não é impossível “, disse. 

Conforme o delegado Maércio Barbosa, da Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), nesses casos de ataques os animais dificilmente são retirados dos tutores, mas sofrem sanções administrativas por omissão de cautela.

CCZ não pode ser responsável 

O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) não acolhe ou recolhe cachorros agressivos que têm tutores. Em sua maioria, os cães autores dos ataques são de raça e possuem donos. 

“Como não é possível recolher absolutamente todos os animais que estão nas ruas do município, as equipes de educação em saúde do CCZ reforçam a importância de a população não permitir que seus animais permaneçam fora de casa, correndo riscos assim de adoecerem ou sofrerem alguma violência”, diz a nota enviada ao Jornal Midiamax.

O centro só faz o acolhimento de animais em situação de rua que estão doentes, feridos, foram atropelados ou – no caso de animais saudáveis – que colocam em risco a população apresentando comportamento agressivo, que atacaram ou podem atacar os moradores da região e transeuntes.

“O CCZ ainda reforça que, no caso do resgate de animais saudáveis, aguarda-se o período protocolar de três dias úteis para que o proprietário possa retirar o animal do local”, finalizou.