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Cotidiano

‘Típico de regimes autoritários’, diz Geraldo Resende sobre recontar mortes do coronavírus

A mudança no método de divulgação do número de mortes em decorrência do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde é típica de regimes autoritários, avaliou o secretário de Saúde de MS, Geraldo Resende. Após anúncio das alterações pelo Governo Federal, os estados decidiram construir um painel com dados completos e atualizados diariamente sobre o avanço […]
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A mudança no método de divulgação do número de mortes em decorrência do novo coronavírus pelo Ministério da Saúde é típica de regimes autoritários, avaliou o secretário de Saúde de MS, Geraldo Resende. Após anúncio das alterações pelo Governo Federal, os estados decidiram construir um painel com dados completos e atualizados diariamente sobre o avanço da doença.

Após vir alterando sistematicamente a divulgação, o boletim emitido na sexta-feira (6) omitiu a maior parte dos dados sobre o avanço da pandemia e passou a dar ênfase nos recuperados, gerando críticas do setor da Saúde em todo o País.

“Decidimos que nós vamos construir e colocar um painel dos dados do coronavírus que vamos divulgar todo dia, deverá ser referencia para a imprensa, área de saúde e pesquisadores”, adiantou o secretário de MS, sobre deliberação do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde). A entidade divulgou no sábado (7) nota de repúdio à conduta do Ministério, apontando manipulação nos dados sobre o Covid-19.

“Isso é típico de regimes autoritários. Nós vivemos em uma democracia e vamos criar mecanismos para divulgar os dados. Quem quer esconder o número de mortos é quem se espelha nos regimes mais autoritários, seja à direita ou à esquerda, em todo o nosso planeta”, criticou Geraldo Resende.

De acordo com ele, os dados são imprescindíveis não apenas à saúde pública, mas porque são embasamento para pesquisadores buscarem saídas no enfrentamento à doença. O secretário acredita ainda que, após as críticas e manifestações de TCU (Tribunal de Contas da União), MPF (Ministério Público Federal) e Câmara dos Deputados, o Ministério da Saúde deverá rever a decisão, que representa um desserviço a toda a sociedade.

Painel

Sobre a saída encontrada pelos estados para continuar divulgando os dados, Geraldo Resende adiantou que o painel a ser elaborado em conjunto será mais completo que a divulgação anteriormente feita pelo Ministério. Nele, deverão constar informações sobre as mortes, contágio e comportamento da doença em todo o País. A divulgação será feita com suporte do Conass, repassada à imprensa e compartilhada em redes sociais.

Segue abaixo a íntegra da nota do Conselho sobre a omissão de dados do Ministério da Saúde sobre a pandemia:

CONASS repudia acusação de manipulação de dados sobre Covid-19

O CONASS repudia com veemência e indignação as levianas afirmações do Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard.

Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais “orçamento”, o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias.

A tentativa autoritária, insensível, desumana e antiética de dar invisibilidade aos mortos pela Covid-19, não prosperará.

Nós e a sociedade brasileira não os esqueceremos e tampouco a tragédia que se abate sobre a nação.

Ofende Secretários, médicos e todos os profissionais da saúde que têm se dedicado incansavelmente a salvar vidas.

Wizard menospreza  a inteligência de todos os brasileiros, que num momento de tanto sofrimento e dor, veem seus entes queridos mortos tratados como “mercadoria”.

Sua declaração grosseira, falaciosa, desprovida de qualquer senso ético, de humanidade e de respeito, merece nosso profundo desprezo, repúdio e asco.

Não somos mercadores da morte.

A vida é nosso valor maior, com ela não se negocia, relativiza ou transige.

O povo brasileiro é forte e resiliente, seguiremos a seu lado e juntos para preservar sua saúde e salvar vidas.

Alberto Beltrame

Presidente do Conass

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