Os moradores da comunidade Terra Prometica, localizada na região da rua Ubatuba, no Jardim Noroeste, em Campo Grande, amanheceram nesta segunda-feira (15) na incerteza de terminar o dia com um teto sobre as cabeças.

Aproximadamente mais de 20 famílias vivem no local abrigadas em barracos de lona, e a notícia do despejo trouxe o medo de ir morar ‘embaixo da ponte’. “Estamos errados em invadir, nós sabemos. Queríamos um loteamento regularizado igual esses da Prefeitura, que a gente paga uma parcela. Nós vamos acabar morando embaixo da ponte”, relata Lucas Cordeiro, 22 anos.
Na comunidade ele vive com a esposa e a filhinha de 2 anos e meio já se prepara para a chegada da polícia. “Se a polícia chegar vou jogar as coisas na rua, é o que posso fazer. Já separei algumas aqui e caso cheguem vamos só tirar o resto”, explicou.
“Acho que falta humanidade despejar a gente bem agora nessa pandemia. Não queria que minha filha passasse por isso. Estou tentando emprego, mas não consigo. Faço entrevistas e ninguém contrata”, desabafa.
Emocional abalado
Para o casal Vicente e Maria Ferreira, 59 e 58 anos, a comunidade foi o refúgio que encontraram após o desemprego do marido. “Disseram que estaríamos seguros aqui. Até começamos a construir nosso barraco, mas aí veio o despejo e paramos”, relatou Maria.
“Nosso emocional fica abaixo de zero, não temos apoio de ninguém, nem para sair daqui temos dinheiro, só comemos porque recebemos doação. Fui demitido e com essa pandemia e com a minha idade ninguém quer contratar”, disse Vicente.

‘Vamos virar sem teto’
Mãe de uma menina de 7 anos, Elizane Francisca, 44 anos, afirma que a única alternativa para a família é viver sem teto. “Nós não temos para onde ir. Não temos dinheiro para pagar aluguel, meu marido é pintor, mas com essa pandemia está desemprego. A gente só queria um lugar para morar”, relata.
Para Elizane a notícia do despejo levou embora o pouco de tranquilidade que os moradores tinham. “Ficamos preopcupados, sem dormir, acabou a tranquilidade. Agora a gente não dorme, a qualquer momento pode vir a patrola e a polícia. Você fica com medo. Aflito e inseguro”, completa
Reintegração
A reportagem do Jornal Midiamax tentou contato com a Prefeitura Municipal e aguarda retorno.