Sem água e sem comida, aldeias de MS não têm o que comemorar no dia do índio

Com carência de água potável até para beber e também de uma política de segurança alimentar, as aldeias de Mato Grosso do Sul não poderão comemorar o Dia do Índio no próximo domingo (19). A recomendação é da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), como forma de prevenção à pandemia do coronavírus. Segundo o Distrito […]

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Com carência de água potável até para beber e também de uma política de segurança alimentar, as aldeias de Mato Grosso do Sul não poderão comemorar o Dia do Índio no próximo domingo (19). A recomendação é da SESAI (Secretaria Especial de Saúde Indígena), como forma de prevenção à pandemia do coronavírus.

Segundo o Distrito Sanitário Indígena de Mato Grosso do Sul, o adiamento das comemorações se faz necessário “por se tratar de um momento onde ocorrerá a aglomeração de pessoas, ambiente não recomendado pelas autoridades sanitárias do Brasil e do DSEI-MS, principalmente para os idosos, crianças e doentes crônicos,  que são os grupos mais vulneráveis”.

No documento enviado às coordenações regionais da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) de Campo Grande, Dourados e Ponta Porã, a SESAI ressalta a situação de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde em 30 de janeiro de 2020, em decorrência da pandemia causada pelo SARS-CoV-2 (novo coronavírus).

A recomendação também faz referência às as especificidades imunológicas e epidemiológicas tornam os povos indígenas particularmente suscetíveis às doenças respiratórias, dado a aspectos socioculturais, como concepção ampliada de núcleo familiar, maior vulnerabilidade social, precárias condições de moradia e habitação e baixa renda.

Sem água e sem comida, aldeias de MS não têm o que comemorar no dia do índio
Idosos indígenas estão no grupo de risco,(Foto:Marcos Morandi)

Adiamento

Espremidos e com problemas no abastecimento de água até para beber , que ainda está longe de ser resolvido, os indígenas já vivenciam o isolamento há décadas. “Esses problemas são estruturais e já se arrastam por alguns anos. Diante de uma pandemia os moradores das aldeias ficam ainda mais fragilizados”, explica um educador que atua nas aldeias.

Segundo o professor, a suspensão das atividades, mesmo que necessária, afeta a tradição nas aldeias de Dourados. Segundo ele, as celebrações do dia 19 de abril são consideradas sagradas pelos moradores. “Esse é um momento especial para eles e que já vinha sendo preparado há muitos dias”, afirma.

Antes mesmo da recomendação da SESAI, as próprias comunidades indígenas de Dourados já haviam decidido pela suspensão de todas as atividades, mesmo que âmbitos internos, como reuniões e celebrações religiosas.

Edio Valério uma das lideranças da Aldeia Jaguapiru, “em nome da tradição e cultura Terena” divulgou um vídeo  https://youtu.be/F99dZFzFLC8 para comunicar a suspensão das atividades no próximo domingo, em atendimento às recomendações da OMS.

Até mesmo a reinauguração da Casa de Rezas, que resistiu a três incêndios criminosos, terá que esperar a pandemia dar uma trégua. Reconstruída por Seu Getúlio, ancião da Aldeia Jaguapirú,  com o apoio de professores da UFGD (Universidade Federal de Dourados) e outras entidades, o novo templo sagrado dos indígenas estava programado para ser entregue no próximo domingo.

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