Com a temperatura na casa dos 40ºC nas últimas semanas, transitar pelas ruas da cidade virou uma tarefa de suar a camisa, literalmente. Cada vez mais popular nas últimas décadas, o sistema ar-condicionado tem se um item indispensável nos veículos dos campo-grandenses. Com isso, surge a dúvida: será que compensa colocar o aparelho em um veículo que não tem o sistema instalado de fábrica?

Para o profissional com 36 anos no ramo, o movimento está muito acima da média, conta Jailson Souza, de 55 anos, proprietário da JR Ar Condicionado. Segundo ele, a demanda começou a aumentar em agosto, atendendo cerca 30 a 50 carros por dia. “Na , o movimentou caiu 80%, agora voltou a 100%, está acima da média normal”.

O proprietário atribui o aumento da demanda ao calor, e explica que encerra o recebimento de novos clientes todos os dias às 14h, para dar conta de fazer os reparos.

Compensa?

Em relação a instalação de ar-condicionado, em veículos que não vieram de fábrica, Jailson detalha que não realiza o procedimento há 5 anos, por não compensar.

“Quando vem de fábrica, ele vem com vidros diferentes, chicote diferente (parte elétrica), vedação diferente para não entrar calor, muda tudo. Ele é um carro básico, você vai instalar, mas não vai ficar completo, não vai gelar como deveria, não vai servir nesse calor”, explicou.

Além da questão estrutural, o fator tempo e dinheiro também é determinante, a instalação do sistema leva em torno de 2 a 3 dias, é um kit usado custa em média R$ 3,500.

Depende do Ponto de Vista

Quanto custa? Reparo de ar-condicionado lota oficinas que têm até fila de espera de carros
Elton Zandona, proprietário da Clima Zero (Foto: Leonardo de / Midiamax)

Para o proprietário da Clima Zero, Elton Zandona, de 35 anos, a decisão se compensa ou não depende de uma série de fatores. “Vária muito, se o valor da instalação, em relação a troca de um veículo com ar, for custo benefício. A manutenção, o uso do carro, km, tudo tem que ser levado em consideração”, disse ele.

Com mais de 20 anos de mercado, Elton fez uma análise em um Palio Fire, a pedido da reportagem para ilustrar a situação. O preço médio do carro sem ar é de R$ 15 mil, com ar o valor chega a R$ 20 mil. Para instalação de um aparelho usado, sairia em torno de R$ 3,5 mil, se o veículo estiver em bom estado, vale o investimento. No caso de colocar um novo, ficaria em torno de R$ 5 mil, o que faz com que o valor do veículo se aproxime ao de um mais novo com o sistema de fábrica.

O profissional também sentiu o aumento na procura por manutenção, por dia, o número de atendimentos gira em torno de 20, realizados com agendamento, e com vaga somente para terça-feira. “Aumentou e muito em relação ao pico da pandemia, cerca de 70%. Durante o auge da pandemia tinha caído 50%. Comparado a antes da pandemia, está 50% mais movimentado”, finalizou.

Estratégia da

Desde 1976 no setor, Júlio Porto, de 51 Anos é proprietário da Climacar, ele contextualizou a situação do produto, desde o início da popularização aos dias atuais.  “Há mais de 15 anos, existia uma grande disparidade de preços entre um carro com e sem ar, era possível comprar um veículo básico e instalar o ar original de fábrica, que ainda ficaria 200% mais barato do que comprar o carro já com ar”, disse ele.

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Julio Porto, proprietário da Climacar (Foto: Leonardo de França / Midiamax)

As montadoras perceberam que estavam perdendo dinheiro e começaram a embutir o valor do ar nos carros básicos, igualando a diferença de preço em torno de R$ 2 mil. “Com isso, a fábrica restringiu o mercado e inviabilizou a instalação. Quem perde é que compra um carro sem ar condicionado”, explicou.

Atualmente, um veículo popular custa em torno de R$ 12 mil a R$ 15 mil, um ar-condicionado original gira em torno de R$ 6 mil. Ao somar o valor do produto, mais o preço do carro, você consegue comprar um carro novo, com ar, e melhorar o ano do veículo.

A empresa de Júlio, também está vivendo o crescimento na procura pelos serviços de manutenção de ar em veículo. Antes da pandemia, o estabelecimento atendia 20 pessoas por dia. No auge da pandemia, o fluxo de clientes era de um, ou quase nenhum por dia. Hoje, o número de carros para manutenção, passa de 40 por dia. “O movimento aumentou 300%, principalmente nesses pós pandemia, devido a demanda reprimida”, finalizou.