O decreto municipal assinado pelo Prefeito Marquinhos Trad (PSD), que limitou o acesso aos ônibus e terminais apenas a profissionais da saúde em decorrência do novo corona vírus, acabou estipulando nova rotina àqueles que estão na linha de frente ao combate ao Covid-19.

DE enfermeiros a recepcionistas, quem depende do transporte público seguiu tendo utilizando as linhas de ônibus de Campo Grande, porém, de forma bem distante do normal. A frota foi adaptada a novos intinerários, conforme levantamento feito pela Prefeitura, Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), com base em lista de funcionários ativos, fornecida por hospitais e clínicas da rede pública e privada.

Com isso, nem todas as linhas estão em funcionamento e o deslocamento para a região central requer, muitas vezes, caminhadas de longas quadras. A Praça Ary Coelho se tornou um terminal de transbordo a quem vem dos bairros. A novidade de mudança em algumas rotas e conexões necessitou, inclusive, que funcionários das empresas de ônibus ficassem no local fornecendo informações sobre as linhas.

A demora e falta de frequências dos ônibus é uma reclamação comum, mas profissionais relatam que a medida é necessária para proteger quem está na linha de frente e também para garantir atendimentos. Auxiliar de limpeza em uma clínica neurológica na região central, Maria Regina, de 47 anos, andou algumas quadras até a Avenida Júlio de Castilho, onde esperou o ônibus por 1h.

“Quando eu cheguei aqui no Centro, não sabia que ônibus pegar. Aí vim pedir orientação aos funcionários”, contou a auxiliar de limpeza, que usava máscara e portava álcool em gel.

Em outra estação PEG Fácil, o recepcionista Paulo Ricardo, de 22 anos, contou a saga de deslocamento até o trabalho, no Hospital Proncor, que fica na Chácara Cachoeira.

“Trabalho no atendimento da madrugada, então sai das Moreninhas 16h40. Cheguei no trabalho e sai 6h30. Tô agora aguardando o ônibus 130 pra voltar para casa. Acho que a medida é correta. É um vírus de contato e os ônibus estavam sempre lotados”, comenta. Segundo Ricardo, o uso de álcool em gel se tornou regra. “Até para usar a caneta”, acrescenta.

A recepcionista Thielle Andrande, de 25 anos, que trabalha em uma clínica, relatou dificuldade e demora no deslocamento. “Estou conformada, porque é uma situação incomum. O problema é só a demora. Eu saio do trabalho 18h30, pego o ônibus quase uma hora depois e só umas 20h30 é que estou em casa”, conta a jovem, que anda 5 quadras até pegar o ônibus na avenida principal de seu bairro.

Dificuldades

Na última segunda-feira (23), profissionais de saúde relataram dificuldade para chegar ou sair dos trabalhos, devido a inconsistências de informações sobre o funcionamento das linhas, que não estavam no funcionamento normal. Isso porque, após reunião ocorrida no sábado (19), a Prefeitura de Campo Grande definou uma nova logística para circulação do transporte público.

 

A divulgação das linhas ficaria a cargo dos chefes de setores de cada uma das instituições, “dando todo o encaminhamento de onde teriam o embarque e desembarque de seus respectivos coletivos e horários”, conforme nota de Prefeitura.