As medidas rigorosas adotadas por força de decreto no Paraguai,  além de provocar impacto na economia na fronteira, está impedindo profissionais brasileiros e paraguaios, da área da saúde, de trabalharem em Pedro Juan Caballero e também em Ponta Porã. O problema está gerando debates nas redes sociais locais e provocando denúncias de intransigência e maus tratos.

Alguns questionamentos, principalmente de brasileiros,  ganharam força nas redes sociais na última quinta-feira (21). Conforme relato de alguns profissionais de saúde que prestam serviço no Paraguai e residem no Brasil. Segundo eles, um novo decreto do país vizinho obriga os mesmos a passarem pelo setor de migração para registrar entrada e saída do país.

As autoridades paraguaias alegam que esta medida está sendo adotada porque alguns profissionais estariam usando seu registro de trabalho para cruzar a fronteira com mercadorias ou seja, fazendo contrabando. Também foi alegado que a medida é para simples controle do trânsito de pessoas.

Um exemplo desse questionamento sobre as mais recentes medidas adotadas é o dentista Thiago Camargo, que possui licença e documentação legal e exerce suas funções há 15 anos em Pedro Juan Caballero citou em sua rede social, que até a manhã de quarta-feira (20) a entrada e saída estava normal e que da noite para o dia tudo mudou.

“Quem atua na área de saúde tinha trânsito livre, para ir e vir, podendo cruzar e prestar serviço emergencial. Na quarta-feira, entrei mas ao voltar fui impedido de passar em virtude de tal de decreto emitido pela manhã” explicou Thiago.

Segundo o profissional,  está havendo muita intolerância, até mesmo com profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia. “Sou a favor de um controle rigoroso mas me pareceu uma desculpa que na minha opinião não colou. Me parece que as decisões estão além da pandemia” enfatizou.

Na manhã desta quinta-feira (21), relatos davam conta que mais de 40 funcionários do Hospital Regional de Ponta Porã foram impedidos de deixar o Paraguai para trabalhar no Brasil causando problema na escala do hospital e dificuldade no atendimento dos pacientes.

Um estudante de medicina relatou ao Jornal Midiamax que o rigor da lei está sendo mais aplicado aos brasileiros do que aos paraguaios. “Temos muitos relatos de gente que consegue passar com muita facilidade para o lado de Ponta Porã sem sofrer nenhum incomodo”, relata o estudante.

Segundo ele, que é natural de São Paulo e que está há três anos na fronteira para cursar medicina, muita gente de Pedro Juan Caballero cruza a linha para fazer compras em  Ponta Porã. “Para quem é brasileiro a vista é bem mais grossa”, relata.

“Trabalho em um hospital em Pedro Juan e todo dia tenho que passar por constrangimentos que poderiam ser evitados. Até estava elogiando as medidas, mas a intolerância tem crescido cada vez mais e afeta até mesmo quem está ajudando a socorrer vítimas”, disse uma enfermeira brasileira que mora em Ponta Porã e precisa cruzar a linha internacional para trabalhar.