Com duas mortes em um mesmo dia 1.472 testagens positivas e 46 leitos ocupados em , maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, a vereadora Daniela Hall (PSD), da Câmara Municipal, defendeu uma intervenção do Estado na gestão de saúde do município, como forma de evitar a adoção de outras medidas extremas.

“Sou contra o lockdown nesse momento devido aos impactos negativos que ele possa causar, como o em massa. Acredito que diante da inércia da Prefeitura de Dourados em tomar medidas administrativas  que contenham o avanço da doença se faz necessária uma intervenção do Estado”, ponderou a parlamentar.

Daniela também é a favor a abertura da “caixa preta” das finanças da Prefeitura pelos órgãos fiscalizadores como o Denasus e Tribunal de Contas da União. “A Prefeitura está recebendo mais de R$ 46 milhões de investimentos para o enfrentamento do Covid, e esses investimentos não chegam onde se deveria”, disse a vereadora que preside Frente Parlamentar de Acompanhamento dos Recursos Recebidos e Destinados ao Enfrentamento e Combate à Covid-19.

“Estamos chegando ao ponto de não termos outra saída senão o lockdown”, afirma, a vereadora, sem deixar de ponderar que a medida é extrema e se tiver que acontecer, é reflexo de uma “administração que vem fazendo muito pouco para barrar e controlar essa pandemia”.

Segundo a vereadora, desde o início da pandemia e com a confirmação dos primeiros casos, ela alertou para a necessidade da instalação de barreiras na entrada cidade. “Depois de muitas cobranças o município começou a instalar uma barreira que não barra nada. As barreiras instaladas se limitam a apenas aferir a temperatura dos transeuntes”, diz a presidente da Frente Parlamentar.

Na avaliação, as consequências de um lockdown são graves.  Ela acredita que existem muitas outras formas de controlar a pandemia antes dessa medida extrema como a intervenção técnica de órgãos superiores. “Mas quem precisa tomar a decisão e fazer é o Executivo, que se continuar inerte aos problemas de gestão terá que fazer lockdown como única alternativa”, pontou a vereadora.

Avaliação técnica

No entendimento do presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador  Braz Mello (MDB) e ex-prefeito da cidade, o lockdown pode não ser a melhor medida, mas se não for tomada medidas mais pontuais e eficazes, pode ser a alternativa, “nem  que seja feito em um domingo, pelo menos”, comenta Braz.

Segundo o vereador, essa proposta chegou a ser sugerida para a prefeita Délia Razuk (PTB), durante encontro realizado entre representantes do legislativo e do executivo. “Entretanto  a prefeita ponderou que esse tipo de medida precisa passar por uma avaliação técnica”, comentou Braz.

Ele também reafirmou  que pediu para deixar de fazer parte do Comitê de Gereciamento de Crise do porque não tem sido comunicado das decisões tomadas. “Na realidade existem dois comitês e ninguém acaba entendendo nada”, reclama.

Para o presidente da Câmara, Alan Guedes (Progressitas), a situação é extremamente delicada requer medidas firmes. Entretanto ele esclareceu que “a Câmara é um  colegiado bastante eclético e pelo que temos acompanhado nas sessões, os vereadores não tem uma posição fechada em relação ao lockdown”.

Durante a divulgação do Boletim Epidemiológico desta quinta-feira (18) o Comitê voltou a negar que haverá a implementação de medidas considerada mais graves.  Na cidade já está em vigor o decreto que proíbe aberturas de igrejas, reuniões em residências, consumo de bebidas alcoólicas em lugares públicos e que também torna obrigatório o uso de máscaras. Mesmo assim, os números continuam ascendentes.