A subnotificação de casos de coronavírus pode estar ocultando os números reais  da doença em Mato Grosso do Sul, refletindo diretamente no resultado total dos casos da doença. É o que indica uma pesquisa realizada por três universidades  brasileiras, entre elas a ( Federal da Grande ).

O estudo “Relatório técnico descritivo: Geocartografia dos Indicadores de Morbidade e de Mortalidade da COVID-19 em Mato Grosso do Sul, da 27ª à 29ª semanas epidemiológicas” mostra que muitos casos de agravos à saúde, internações e óbitos registrados como SRAGs não específicas podem ser casos de Covid-19.

“Muitos casos de internações e óbitos registrados como SRAGs não específicas podem ser casos de Covid-19. E isso nos chama a atenção para a subnotificação da doença, a baixa proporção de população testada e pela baixa sensibilidade do teste, aplicado de forma pouco invasiva”, explica Adeir  Archanjo da Mota,  que coordena equipe de pesquisadores da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul ) e da UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia), que conta também com a participação da UFGD.

Segundo o pesquisador, a correta interpretação desse dado é fundamental para que as autoridades reconheçam a necessidade de alcançar níveis de testagens massivos para evitar distorções nos registros e interpretações dos dados. “Ou admitimos os níveis que estas taxas de letalidade representam como possíveis casos de Covid-19 ou admitimos a baixíssima testagem nesses municípios. Acreditamos que tem mais gente morrendo de Covid-19 e muito mais casos que não aparecem nos dados oficiais”, afirma o professor.

Segundo o professor Cremildo João Baptista, do Campus de Coxim, nem tudo que é SRAG é Covid19 e vice-versa, sendo preciso realizar melhor a diferenciação que, sem testes, pode ficar comprometida. Entretanto, na sua análise, não se validar as taxas de letalidade atualmente definidas pela falta de testes que identificariam o quantitativo, pelo menos, esperado de pessoas infectadas.

“Não podemos como epidemiologistas e comprometidos com a verdade, com a ciência e com os fatos, validar as taxas de letalidade atualmente definidas pela falta de testes que identificariam o quantitativo, pelo menos, esperado de pessoas infectadas. Não se podem determinar taxas de letalidade mais próximas da realidade sem testes em massa. O que temos em termos de testes positivos é somente uma ponta do iceberg”, ressalta Cremildo.

De acordo com os pesquisadores das três instituições federais de ensino, Juti, Campo Grande, Bataguassu, São Gabriel do Oeste, Dourados, Corumbá, Anaurilândia, Ladário e Chapadão do Sul são municípios que precisam de cuidados e ações urgentes. Segundo eles, o isolamento social continua sendo a principal medida de prevenção indicada pela OMS (Organização Mundial na Saúde).