Acordar duas horas mais cedo que o normal para conseguir pegar ônibus é o menor dos sacrifícios para trabalhadores autorizados a embarcar nos veículos de transporte coletivo de Campo Grande, que atua em nova dinâmica desde que houve abertura parcial do comércio na cidade. Até então, apenas profissionais da saúde tinham autorização para uso dos ônibus.

Mesmo saindo de casa bem mais cedo que o normal, muita gente ainda chega atrasada. Isso porque o número de veículos para a demanda seria menor – os motoristas só podem parar para embarque caso tenha cadeira vaga. É proibido viajar em pé.

Trabalhadores vivem 'pesadelo' com poucos ônibus durante quarentena em Campo Grande
Cristiano relata que integração não funciona | Foto: Leonardo de França | Midiamax

“Só hoje está atrasado cerca de 30 minutos. Acordo todo dia 2h antes de entrar no trabalho para tentar não atrasar. Antes, bastava acordar 1h antes. Estou chegando atrasada quase todo dia, porque os ônibus atrasam demais”, relata Tais Avalhães, de 26 anos, que atua como atendente e estava no terminal General Osório. “O ônibus chega cheio e você não pode entrar. Tem sido isso”, acrescenta.

Também no terminal, o açougueiro Cristiano Souza relatou o transtorno diário para chegar ao trabalho. “Estou aqui há mais de 2h para pegar a linha 246, que está atrasada. Eu deveria entrar às 7h. Estou bem atrasado. E esse já é o 4º passa que pago só hoje, meu cartão não tem integração”, comenta o açougueiro.

A queixa é semelhante a de Marluce Mendes, de 45 anos, operadora de caixa, que também afirma estar sendo prejudicada na integração. “Estão cobrando 4 passes por dia, mas meu cartão é aquele empresarial, não era para ser assim”, comenta. “Tudo muito confuso e demorado”, diz.

Trabalhadores vivem 'pesadelo' com poucos ônibus durante quarentena em Campo Grande

A assistente administrativa Lucileide Almeida, de 51 anos, afirmam que ficou atenta aos horários e que por conta disso não tem se atrasado. “Mas os ônibus estavam cheios. Não tem distanciamento social e nem álcool em gel”.

A atendente Janaina Medida, de 24 anos, conseguirá chegar a tempo ao trabalho nesta segunda. Mas a um custo alto: ela precisou sair de casa às 5h e ainda vai esperar bastante até bater o ponto, às 9h. “O ônibus não parou, então tive que ir andando do ponto até o terminal, lá consegui embarcar. No site fala que os horários estão atualizados, mas não estão, não. Conferi e não tá batendo”, conclui.