Com mais de 400 pessoas na fila, jovens campo-grandenses tentam uma das 26 vagas de emprego ofertadas nesta sexta-feira (10). O processo seletivo é uma parceria do Conselho Municipal de Juventude e o Assaí Atacadista.

A seleção conta com 26 vagas para o público geral, cinco para jovem aprendiz e 15 para PCD (Pessoa com Deficiência). O processo foi dividido em três grandes etapas, a primeira é o cadastro dos candidatos, a segunda é uma prova de conhecimentos, realizada em computadores disponibilizados para os participantes, e a terceira é apenas para os aprovados no teste, que farão uma entrevista com o RH (Relações Humanas) do atacadista. Os selecionados hoje, serão encaminhados para uma entrevista com o supervisor da loja e atuarão na loja já existente, para suprir uma demanda imediata.

Luis Otávio chegou no local de seleção antes das 07h30 e foi um dos primeiros a entrar na fila. O jovem de 18 anos está desempregado desde 2017 e procura uma vaga de emprego para ajudar a família. “Se eu conseguir hoje, vou poder voltar a ajudar em casa, dar andamento nos meus projetos de vida, pagar uma faculdade”, conta com animação.

Para pagar cursos ou ajudar em casa, mais de 400 jovens concorrem a 26 vagas
Luis Otávio pretende ajudar os pais e cursar uma faculdade caso consiga o emprego.
Foto: Marcos Ermínio

O rapaz que sonha em cursar História, na modalidade de licenciatura, mora com o pai, mãe e a irmã mais nova, que tem apenas dois anos. Luis precisou de dois ônibus para chegar até a central de seleção e comenta que teve sorte. “Levou 45 minutos até aqui, porque um estava atrás do outro. Dei sorte, porque senão seria uma hora e meia de viagem”.

Otimista e calmo Luis acredita que os que se programaram e acreditam em si irão conseguir uma vaga. “Não pode deixar a entrevista virar uma conversa monótona, só dizer sim ou não, tem que manter um diálogo cordial, mostrar que pode ser útil para empresa”, explica ele, que também acredita que conversar olhando nos olhos seja um ponto positivo.

Um salário para se profissionalizar

A estudante de Direito, Amanda Almeida, conseguiu chegar um pouco mais tarde na fila, por volta das 08h, pois mora perto do local. Também com uma irmã pequena, de nove anos, ela conta que trabalha desde os 15 anos. “Ficar na aba da mãe é ruim, só ela e meu pai trabalhando fica difícil em casa”, comenta sobre o motivo de trabalhar desde a adolescência.

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Amanda de Almeida diz que o emprego ajudaria a pagar a faculdade.
Foto: Marcos Ermínio

Amanda já participou de outros grandes processos seletivos, mas lamenta que não conseguiu uma vaga na época. “No site deles eles falaram que pegariam pessoas sem experiência, mas selecionaram apenas pessoas com comprovação de carteira assinada. Lembro que saí de lá e me senti numa caminhada perdida”, diz com desânimo ao reviver o momento de frustração.

Caso também não seja aprovada nesta seleção, Amanda pretende continuar com os trabalhos autônomos. “O jeito é continuar fazendo cabelos, dependendo do que eu for fazer na cliente eu cobro um preço bacana”, explica como paga a faculdade, que ainda faltam dois anos para acabar. 

Na mesma situação, a estudante de Técnico de Enfermagem, Gabrielly dos Santos, 21 anos, faz free lancer para conseguir pagar o curso. Ela está há um ano sem serviço fixo e devido ao desemprego teve que voltar a morar com os pais. Após deixar o filho de três anos com a mãe e passar quase duas horas em dois ônibus, Gabrielly conta que chegou 07h50 na fila do processo.

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Gabrielly dos Santos  pretende pagar as mensalidades do último ano de curso caso consiga o emprego.
Foto: Marcos Ermínio

“Vai me ajudar muito se eu conseguir uma vaga hoje, porque eu tenho um filho. Pagar e terminar meu curso é o que eu preciso para dar um futuro melhor para ele”, diz Gabrielly, que visa terminar o último ano do curso e se estabilizar. A estudante já tem formação e experiência comprovada na área administrativa, mas comenta que mesmo assim sente dificuldade em encontrar um emprego.

Gabrielly diz que encontra muitas vagas no comércio, mas lamenta não ter experiência. “Eles sempre pedem experiência, mas como você vai trabalhar em um lugar se você não tem e também não dão oportunidades para quem quer aprender?”, questiona indignada. 

O segredo é a qualificação

O representante de relações institucionais do Conselho Municipal de Juventude, Carlos Robotan, explica que a maior dificuldade dos jovens é a qualificação profissional. “Em segundo lugar é a falta de foco, pois existem pessoas que chegam em um processo seletivo sem nem saber quais são as vagas”, conta.

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Carlos Robotan indica que os jovens definam uma meta para o futuro profissional.
Foto: Marcos Ermínio

Carlos acredita que alguns detalhes são extremamente importantes para um bom desempenho. “Não levou currículo? Tem que levar, mesmo com a ficha cadastral. Bermuda em processo seletivo acaba queimando um pouco e não temos o que fazer”, comenta da desatenção de alguns jovens.

O servidor ressalta que a melhor forma de conquistar o primeiro emprego é se qualificando. “Após uma qualificação, escolha onde você quer atuar no futuro e foca nisso”, indica. Apesar de ter uma pretensão profissional, Carlos orienta que os jovens aceitem qualquer oportunidade que aparecer de emprego formal, pois se trata de uma primeira experiência.

“O primeiro emprego é outra coisa, não estamos falando do futuro todo”, explica sobre a dica. “Hoje aqui estamos oferecendo 600 vagas de cursos profissionalizantes”, já faz a divulgação da possibilidade para os jovens que participam do processo seletivo. 

Para pagar cursos ou ajudar em casa, mais de 400 jovens concorrem a 26 vagas
Elaborado por: Dândara Genelhú.
Especial Midiamax