O (Exame Nacional do Ensino Médio) será realizado em janeiro de 2021 e os candidatos têm apenas mais dois meses para se preparar para a prova. Com a pandemia e a suspensão das aulas, a rotina de estudos via EAD (Ensino à Distância) se tornou regra no Brasil e em Mato Grosso do Sul, dificultando o aprendizado de diversos alunos que não estavam adaptados à modalidade de ensino.

Decretos foram publicados alterando e tornando distintos os calendários das aulas presenciais de escolas públicas e particulares e, com isso, cresce a preocupação por disparidade entre a preparação dos alunos. As aulas foram suspensas nas escolas estaduais no dia 23 de março e só irão voltar em 2021, de acordo com publicação feita no DOE (Diário Oficial do Estado).

Já as instituições privadas receberam autorização para que as aulas presenciais retornem no dia 19 de outubro, assim como os cursinhos pré-vestibulares e preparatórios para o Enem, liberados um dia depois.

Além das barreiras psicológicas causadas pelo ano atípico, a nova realidade gerou impacto na rotina de todos os estudantes, a tarefa de conciliar aulas à distância, estudos para o Enem e até mesmo afazeres de casa – para alguns estudantes – se apresentou como um verdadeiro desafio.

Muito conteúdo e pouco tempo

A estudante do 3° ano do ensino médio, Rubya Silva, irá participar do Enem pela primeira vez e conta que as aulas à distância da rede estadual entram em conflito com a rotina de casa e com seus estudos e de seus colegas.

“Eu acho que isso está prejudicando muito (aulas à distância), pois os professores mandam muitas atividades, tem aluno que demora para aprender, aí tem que ter tempo para estudar para o Enem, para a escola. Alguns colegas cuidam dos irmãos menores, precisam fazer tarefas em casa para ajudar os pais que trabalham fora”, desabafou a estudante.

As diversas atividades repassadas durante o ensino à distância, adicionadas com tarefas de casa acabam se sobrepondo aos estudos para o Enem, que na grande maioria das vezes é feito por conta própria. “Eu utilizo uma apostila que paguei e baixei online, lá é disponibilizado um cronograma de estudos que eu utilizo”, explica Rubya, “Quando tenho dúvidas, pesquiso no YouTube”, pontua.

O estudante Paulo Milini, também cursa o terceiro ano do ensino médio em escola estadual, e alega não ser nada fácil conciliar o grande volume de conteúdo repassado nas aulas à distância, com os estudos para o Enem.

Sem cursinho ou materiais pagos, Paulo utiliza a e o próprio cronograma passado pelos professores para se preparar para a prova, mas ressalta que seu desempenho poderia ser melhor com a presença em sala. “Se eu estivesse na aula presencial, estaria aproveitando muito mais”.

O estudante se vê como um privilegiado por não precisar dividir o tempo de estudos com outras atividades, mas apresenta preocupação com a disparidade de ensino e aproveitamento distinto entre escolas públicas e particulares, “eu acho que isso irá nos prejudicar lá na frente (dia da prova)”.

Desmotivação

As aulas à distância foram um choque drástico para todos os estudantes que pretendem ingressar no ensino superior. Isabela Moura, cursa o terceiro ano em uma escola particular de e disse ter sido “complicado” se adaptar à nova realidade.

Dividindo a rotina de estudos com algumas atividades de casa, Isabela confessa que alguns dias não tinha vontade estudar nenhum conteúdo, pois a incerteza da realização da prova, somada com a falta do ensino presencial causou uma grande desmotivação

Sentimento compartilhado por Nauan Madrede, que também cursa o terceiro ano na mesma escola de Isabela, e revelou não ter estudado durante a pandemia, resultado da falta de motivação com a dificuldade em se concentrar.

“Eu sou muito disperso, preciso de um ambiente propicio para me concentrar nos estudos, em casas, com diversas distrações e a incerteza do futuro fizeram com que eu não estudasse”, confessou o estudante.

Nauan e Isabela voltaram a estudar de forma presencial no dia 19 de outubro, “eu acho que essa poderá dar aquele ‘gás' para fazer a prova”, ressaltou Nauan.

“Na nossa escola funciona dessa forma, metade do ano nós aprendemos conteúdos novos do terceiro ano, já na segunda metade nós passamos por uma espécie de revisão de tudo que aprendemos, apesar de faltar pouco para a prova, iremos conseguir fazer essa revisão em sala, de forma presencial”, explicou Isabela, ao se mostrar contente com a volta dos estudos em sala.

Com o EAD se tornando o vilão de 2020, alunos que estudam em instituições como a de Isabela e Luan ganham alguns passos à frente de seus concorrentes, que não irão sentar em uma cadeira escolar no restante do ano.