Morreu nesta quinta-feira (17), após 1 mês de internação, o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em Mato Grosso do Sul, Geraldo Alkimin. O missionário leigo e defensor dos direitos indígenas estava sendo submetido a tratamento de saúde e faleceu antes do diagnóstico. Conforme a CNBB (Conselho Nacional de Bispos do Brasil), a suspeita é que o missionário tenha morrido devido a um câncer agressivo.

Em nota, a regional do Cimi no Estado lamentou a morte do coordenador e lembrou a atuação de Geraldo na missão evangélica junto aos povos indígenas em quase 30 anos de trabalho.

“Geraldo iniciou suas atividades missionárias no Cimi Regional Norte 1, onde atuou e conviveu com o povo Yanomami, no estado de . Neste tempo de intensa convivência, recebeu deles o nome de Totori. Alguns anos depois, foi convidado a dedicar-se à ação missionária em Mato Grosso do Sul, na Diocese de Dourados, onde trabalhou com o povo Kaiowá Guarani, de modo especial na Terra (TI) Panambizinho. No ano de 2016,  foi eleito Coordenador Conselheiro do Cimi Regional Mato Grosso do Sul e, desde então, dedicou-se  a atividades de Coordenação do Regional”, informou o Cimi.

Natural de Itajubá, em , Geraldo será sepultado naquele estado a pedido da família. Em publicação, o CNBB informou que o coordenador estava internado inicialmente para retirada de duas hérnias na região abdominal, mas equipe médica suspeitou da situação e colheu material para biópsia. O missionário faleceu antes do resultado dos exames.

Confira abaixo a nota na íntegra do Cimi MS:

Com profundo pesar noticiamos o falecimento, na manhã de hoje, 17 de setembro de 2020, do missionário leigo Geraldo Alkimin, Coordenador Conselheiro do Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Mato Grosso do Sul. O Cimi solidariza-se com os familiares do Geraldo e abraça, a cada um e cada uma, afirmando que ele cumpriu fielmente sua missão evangélica junto aos povos indígenas, com os quais atuou ao longo de quase 30 anos.

Geraldo iniciou suas atividades missionárias no Cimi Regional Norte 1, onde atuou e conviveu com o povo Yanomami, no estado de Roraima. Neste tempo de intensa convivência, recebeu deles o nome de Totori. Alguns anos depois, foi convidado a dedicar-se à ação missionária em Mato Grosso do Sul, na Diocese de Dourados, onde trabalhou com o povo Kaiowá Guarani, de modo especial na Terra Indígena (TI) Panambizinho. No ano de 2016,  foi eleito Coordenador Conselheiro do Cimi Regional Mato Grosso do Sul e, desde então, dedicou-se  a atividades de Coordenação do Regional.

Geraldo era natural de Itajubá, Minas Gerais, e sua opção de vida foi pela causa indígena, com a qual se identificava e não media esforços para seguir trabalhando e acreditando que os direitos indígenas seriam, em algum momento da história, garantidos e efetivados.

Muito mais do que valoroso missionário, Geraldo foi amigo e companheiro dos indígenas e das missionárias e missionários com quem conviveu ao longo dos anos. Foi um incansável defensor dos direitos indígenas e sempre atuou com grande engajamento nas ações e discussões do Cimi.

Além dessas qualidades, Geraldo era também um contador de causos, bom de prosa,  acreditava na força da conversa franca, dedicava tempo para ouvir as pessoas e com elas partilhar experiências e conhecimentos. Em Dourados, enquanto atuou na equipe, os indígenas tinham satisfação de passar pela casa do Cimi só para ouvir o Geraldo e com ele refletir sobre as demandas das aldeias e do cotidiano da vida. Os assuntos multiplicavam-se e, não raras  vezes, eram muito animados, repletos de sorrisos largos e gargalhadas.

Ele tinha hábitos diários, gostava de dormir cedo para levantar-se na madrugada, quando tomava o mate, lia as notícias do dia, respondia e-mails, mandava mensagens aos amigos e depois seguia as demandas do trabalho diário. Enquanto mateava no amanhecer, ele gostava de ouvir sons de cantos de pássaros. Acostumou-se a ouvi-los nas aldeias por onde atuou. Ele parecia estar sempre dentro de uma floresta encantada. O som dos pássaros o fazia sonhar, viajar e acreditar que o mundo  poderia ser melhor, mais justo, igualitário e respeitoso com os indígenas.

Geraldo deixou marcas bonitas de simplicidade, alegria, amor aos povos e de compromisso com o Evangelho. Perdemos um amigo aqui na terra, mas o Céu ganhou um ser de luz.

Vá em paz, querido amigo, pois os que permanecem aqui darão conta do serviço, até onde for possível, inspirados pela coragem e profundo amor que você cultivou. Geraldo chegou onde deveria, a Casa Amorosa do Pai!