Enquanto a adesão da população de ao vem caindo dia após dia, a evolução dos casos de segue na contramão e avança consideravelmente. No mesmo período em que houve um recuo de 8% no total de pessoas que seguiram os apelos das autoridades de Saúde e ficaram em casa, o volume de infectados pela Covid-19 aumentou 61%.

Os dados foram comparados pela reportagem nos boletins divulgados pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), tanto no que apresenta o número diário de casos como nas taxas de isolamento social de Mato Grosso do Sul e dos municípios –nos quais é perceptível a queda da adesão– medido pela consultoria In Loco, a partir da movimentação de telefones celulares.

A comparação foi feita utilizando como base os dias 13 e 20 de maio, isto é, as duas últimas quartas-feiras. As datas são separadas por 7 dias e por um avanço de 61% no total de casos confirmados de Covid-19: eram 430 no dia 13 e, ontem, totalizaram 693, uma diferença de 263 casos.

Matéria do Jornal Midiamax divulgada nesta quinta-feira (21) já apontou que bastaram apenas 11 dias para que o volume de casos de coronavírus no Estado dobrasse, saindo de 362 no dia 10 de maio para 746 nesta manhã, com 53 casos novos em 24 horas. Indicativos de que a doença avança com velocidade.

Na comparação, outros números também avançaram consideravelmente: o total de pacientes colocados em isolamento mais que dobrou em 7 dias, de 188 para 390 –algo creditado ao aumento no volume de testagens e identificação de doentes. Por outro lado, o total de recuperados não cresceu na mesma velocidade, indo de 212 para 259 no período, uma evolução de 22%.

No mesmo período, o total de mortos aumentou 30%, saindo de 13 para 17.

Leitos hospitalares

Apesar do avanço, Mato Grosso do Sul segue como o Estado com menor incidência de coronavírus no Brasil, bem como de número de casos e volume de internações. Neste último, porém, a evolução apontada nesta reportagem começa a se fazer sentir –ainda que haja “folga” diante do total de leitos disponíveis.

Em 13 de maio, o Estado tinha 17 pacientes internados –além de dois de fora, totalizando 19. No dia 20, já eram 27 internados e mais 3 em outros Estados, 30 no total. A evolução foi de 57%.

Desse total, 19 pacientes ocupam leitos clínicos, 10 deles no SUS (Sistema Único de Saúde), onde há 1.172 vagas disponíveis. Com isso, a taxa de ocupação segue baixa, em apenas 0,9%, três vezes maior do que na semana anterior, quando, dos 9 internados em leitos clínicos, 4 estavam no SUS (0,3%). Atualmente há 7 pacientes em leitos privados, mais um internado em São Paulo e outro em Alagoas –pacientes que são do Estado e acabam contabilizados nos dados locais.

A ocupação dos leitos de UTI cresceu, mas de forma contida: de 10 para 11, sendo 5 públicos de um universo de 296 disponíveis, com taxa de ocupação de 1,7%. Na rede privada são 3, mais 2 pacientes em São Paulo.

Nesta manhã, o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, apontou que os baixos números de doentes no Estado criam a “falsa sensação de que o pior já passou, e não passou”, e que especialistas preveem um avanço no total de doentes nos próximos dias, diante do afrouxamento das medidas de distanciamento social –nesta quinta, o total de internados já era de 31, sendo 20 em leitos comuns e 11 em UTIs.

Distanciamento em queda

Em 13 de maio, a adesão ao distanciamento social no Estado já seguia em baixa: 39,8%. No dia 20, foi ainda menor: 36,5%, um recuo de 8,29% em meio ao avanço da Covid-19. Uma coisa foi mantida: a presença de Mato Grosso do Sul entre os Estados com menor percentual de participação no isolamento domiciliar –medida considera eficaz contra o coronavírus ao impedir que pessoas infectadas contagiem outras ao circular livremente pelas cidades.

O problema é que, conforme especialistas, o distanciamento social só se mostra eficaz quando a adesão supera os 60%. No dia 13, Paranhos foi a única cidade a superar essa marca, com participação de 62,5% da população. Neste dia 20, todos os municípios ficaram abaixo da marca: atingiu 51,5% de taxa de distanciamento e Japorã, 50%.

A flutuação mais significativa é de Santa Rita que, rodeada por cidades que já registraram casos de Covid-19 (Bataguassu, com 6 casos; Três Lagoas, com 105; Ribas do Rio Pardo, com 10; e Brasilândia, com 15), ainda não divulgou ter doentes em seu território. A atual líder, em 13 de maio, tinha adesão ao isolamento de apenas 37%, o nono pior do Estado.

Japorã, por sua vez, registrou naquele dia 46,2% de participação no distanciamento social, um pouco abaixo da sua marca atual. Paranhos, por sua vez, viu a participação cair para 45,9% da sua população, queda superior a um quarto, mas, diante dos números do Estado, suficiente para lhe dar a sétima melhor taxa de Mato Grosso do Sul no dia 20.

Cidade com a maior incidência de Covid-19 de Mato Grosso do Sul –e um dos maiores percentuais do Brasil, com taxa de 1.202,6 infectados para cada 100 mil pessoas–, se manteve, nesses dois dias, com a sexta maior taxa de isolamento do Estado. Contudo, a adesão também caiu com o passar dos dias, em que pese medidas mais extremas, como o “lockdown” no comércio. De 51,5% em 13 de maio, despencou para 46,1% no dia 20, ou 11% a menos.

, cidade com o maior número de casos de coronavírus, (222 até a manhã desta quinta-feira, com taxa de incidência de 24,8 por 100 mil) também viu a adesão ao distanciamento social patinar: de 38,9% em 13 de maio para 35,6% no dia 20. Entre estes dois dias, o total de casos saiu de 162 para 194, diferença de 32 ou um aumento de 19,7%.