Pessoas com o Transtorno do Espectro Autista fazem parte do grupo de indivíduos, segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), que possuem um risco maior de contágio pelo coronavírus. Em meio à crise que a sociedade vive para o controle da disseminação da doença, o Dia Mundial do Autismo, comemorado nesta quinta-feira (2), é marcado por manifestos nas redes sociais.

Só quem possui um autista em casa sabe das dificuldades durante um isolamento social. Paciência e amor são as palavras-chave das famílias que buscam, de todas as formas, fazer da quarentena um período leve, sem traumas.

Em meio ao isolamento, Dia Mundial do Autismo é comemorado com paciência, união e superação
(Tânia e o filho de 22 anos)

As redes sociais são as aliadas das mães que gostam de trocar experiências. Tânia Pezzuol Pellini, de 60 anos, é mãe de Caio Pezzuol Pellini, estudante de economia e autista. Há alguns anos, a aposentada utiliza a web e o contato à distância para se unir com outras mães e criar uma rede de apoio para as dúvidas e dificuldades que envolvem a temática do autismo.

Segundo Tânia, a data marca, também, a importância da união das famílias para darem forças umas às outras.

 “As mães precisam de orientação. Todos os direitos que envolvem os filhos autistas e que elas não têm conhecimento. Se não tivermos apoio, ficamos perdidos. Seja por vídeo, telefone ou intenret, ainda mais para esse momento em que estamos vivendo.”

Nessas horas, os pais dos pequenos viram professores, recreadoros e até mágicas, tudo para entreter as crianças. Josiane Mariano, mãe de Heitor, de 9 anos, comenta que os dias de isolamento social estão sendo uma loucura, mas que durante a quarentena é muito importante ter a consciência de fazer atividades com os filhos.

Em meio ao isolamento, Dia Mundial do Autismo é comemorado com paciência, união e superação
(Heitor com a prima durante atividade em casa)

Ela ainda explica que a ausência de rotina pode culminar nas perdas de habilidades em algumas crianças autistas. Mas, em tempos de coronavírus, a situação não é motivo para desespero.

“O meu filho é autista, e assim como todos do espectro estão habituados em uma rotina. Então, é importante que em casa os pais tentem manter algum tipo de rotina, mas no caso, com atividades diferentes. E também é importante deixar a criança um tempo sem fazer nada, um pequeno tempo na ociosidade.”

Josiane também comenta sobre a importância de aproveitar para estar perto dos filhos neste momento, e lembra da importância de clínicas que disponibilizam atividades para as crianças autistas.

“É nesse momento que você vai descobrir o prazer de estar junto com a sua família, de estar junto com seu filho. Acho também muito positivo que clínicas que cuidam de autistas divulguem opções de atividades, ideias.”

Atividades para autistas divulgadas através das redes sociais

Com as aulas suspensas e os estabelecimentos públicos fechados, o tempo deve ser ocupado com atividades que ajudem a sair do ócio. Pensando nisso, o Grupo Conduzir compartilha algumas propostas de exercícios em suas redes sociais voltadas a autistas.

O Grupo tem como foco o trabalho da equipe de profissionais no atendimento a crianças, adolescentes e adultos com transtorno do neurodesenvolvimento leve, moderado ou grave, sobretudo as que se enquadram nos Transtornos do Espectro Autista.

“As famílias precisam suprir o tempo vago em função da mudança de rotina e usar a criatividade para evitar muito tempo ocioso, além de, de alguma forma, manter parte das atividades pedagógicas e terapêuticas, para dar continuidade à aprendizagem das crianças. Todos os dias em nossas redes sociais postamos algumas ideias, divididas por habilidades, além de sessões gratuitas e vídeos com conteúdo informativo”, explica Marina Ramos Antonio, analista do comportamento aplicada ao autismo do Grupo Conduzir.

Geralmente dos 2 aos 5 anos de idade, as crianças “típicas” entram em uma fase de jogos simbólicos. É a idade que elas começam a criar de forma imaginária situações e locais, como ao brincar de “escolinha”, “médico” ou “super-heróis”.

No caso de pessoas com autismo, essa habilidade pode ser mais difícil de ser desenvolvida em função da dificuldade de representar e simbolizar sobre objetos.

Sendo assim, uma das atividades sugeridas, por exemplo, é começar escolhendo o que os pais acreditam ser mais simples e não prolongar muito o tempo da brincadeira.

Os pais podem se fantasiar também com roupas deles mesmos, fantasias e outros acessórios divertidos que possam ter em casa. Construir tendas, usando cadeiras e lençóis fingindo ser um acampamento. Fazer fantoches de meias e montar uma apresentação de teatro.

Outra ideia é procurar no quintal, na cozinha, e em outros lugares da casa, itens para “brincar de cozinhar” ou para “fazer uma poção mágica”.

Independente de brincadeiras ou do exercícios, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo deve servir para unir ações conjuntas e individuais de conscientização na busca pela desmistificação do transtorno autista.