Três em cada 4 pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19) em Campo Grande já estão curadas, segundo dados compilados pela Secretaria Municipal de Saúde e divulgados pelo Sisgran (Sistema Municipal de Indicadores da Capital). O sistema, que mostra a localização aproximada dos casos pela cidade, também vem “mudando de cor”: o vermelho referente aos casos confirmados começa a dar lugar ao tom ciano usado para assinalar aqueles que superaram a infecção.

Apesar de os números sugerirem certa tranquilidade no enfrentamento à Covid-19 na Capital, o momento é, na realidade, preocupante, diante da possibilidade de uma segunda onda de casos se instalar. Isso porque o volume de casos no interior de Mato Grosso do Sul cresce consideravelmente, o que levou o prefeito Marquinhos Trad (PSD) a adotar medidas como barreiras sanitárias nas entradas da cidade e a decretar o novo fechamento da rodoviária a partir desta sexta-feira (5).

Os dados do Sisgran (clique aqui para visualizar) foram abastecidos até a tarde de quarta-feira (3), quando Campo Grande registrara, segundo as estatísticas oficiais, 336 casos confirmados de coronavírus. Dentro deste montante, há 254 pacientes curados e 7 óbitos –ou seja, até quarta, 75 pacientes seguiam internados ou em isolamento domiciliar.

Os dados do Sisgran também mostram que, em alguns bairros, já não há mais casos confirmados de coronavírus. É o caso das Moreninhas, Tijuca, Jardim Los Angeles, Vila Sobrinho, Novos Estados e Carandá Bosque.

Em outros, há prevalência de curados sobre os casos ainda ativos. Aqui é onde se encaixa o Dahma, na região da Maria Aparecida Pedrossian. O condomínio de alto padrão foi um dos locais a primeiro registrar casos de coronavírus em Campo Grande.

O Sisgran adverte que os dados indicados no mapa são aproximados. A prefeitura não informa a localização exata das moradias dos infectados, a fim de poupar os pacientes do constrangimento ou mesmo de outras reações de vizinhos e populares.

Longe do paraíso

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Gráfico ainda comprova que aumento no total de infectados supera o de curados. (Imagem: Reprodução)

Embora uma informação quanto o aumento no número de curados represente, para muitos, motivo de comemorações, também representa cautela –sobretudo para as autoridades– em relação ao afrouxamento das medidas de combate à Covid-19. Afinal, Campo Grande voltou a figurar nesta quinta-feira (4) entre as cidades com o pior isolamento social do Brasil (estratégia mais eficaz até aqui para conter a contaminação) e o Estado vive uma crescente de casos: foram 123 em 24 horas, conforme boletim divulgado pela manhã, totalizando 1.925 infectados desde o início da pandemia.

O eixo de contaminação também mudou: se Campo Grande foi por semanas o principal foco do coronavírus em Mato Grosso do Sul, desde terça-feira é Dourados e sua região de dominância que preocupam. Nesta quinta, a cidade respondeu por 41 dos novos casos, com mais 23 em Fátima do Sul, 14 em Rio Brilhante e 5 em Douradina. A Capital teve 12 novos casos confirmados no mesmo período.

Marquinhos Trad (PSD) anunciou na terça-feira que a rodoviária seria novamente fechada, apontando não restar alternativa à Capital diante da escalada do coronavírus no interior. Em live nas redes sociais, ele já havia apontado a redução no número de confirmações de casos novos em Campo Grande, mas advertia sobre a evolução da doença na Grande Dourados e em outras regiões.

Em paralelo, o prefeito determinou a instalação de barreiras sanitárias nas saídas da cidade (que devem ser reativadas até a próxima semana) e, também, percorrendo bairros, a fim de conter a disseminação do coronavírus. Todas as pessoas que chegaram a Campo Grande na próxima semana deverão ser testadas para a doença, conforme Marquinhos.

Os próprios dados de Campo Grande mostram que o coronavírus ainda se replica pela cidade. A curva de contaminação ainda é maior que a de curados, enquanto os índices de surgimento de novos casos ainda superam os dois dígitos.

Na semana de 10 a 16 de maio, por exemplo, houve 172 casos, um aumento de 13% na comparação com a anterior. Contudo, na seguinte, de 17 a 23 do mês passado, foram 239 casos, evolução de 39%.

O crescimento no total de infectados para a semana de 24 a 30 de maio foi de 21%, atingindo 289 doentes. E, de 31 de maio até 3 de junho, forma 336, alta de 16% em uma semana que ainda não acabou –e que, é bom que se frise, registrou na cidade 12 novos casos em apenas 24 horas.

A evolução mês a mês da Covid-19 também preocupa, já que a taxa média de crescimento de casos é semelhante entre maio e junho. No mês passado, foram 299 pacientes confirmados (alta de 134% na comparação com os 128 infectados em abril, um crescimento médio diário de 4,3%). Os 336 até 3 de junho já representam aumento de 12% na comparação com o mês anterior em apenas 3 dias –média de 4% ao dia.