O nível de alerta em relação ao em , maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, subiu de 3 para 4. A constatação faz parte de um novo estudo feito pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia),  que também  questiona a ausência de políticas de enfrentamento à Covid-19 com foco no distanciamento social em Mato Grosso do Sul.

A análise dos dados apontou que, no período analisado, dos 33 municípios que compõem a macrorregião de saúde de Dourados, 14 registraram aumento nos índices de morbimortalidade da doença.Desse total, sete municípios tiveram aumento nos níveis de alerta.

Além das alterações observadas em Dourados, Rio Brilhante e Fátima do Sul passaram do nível 2 para 3. Um aumento significativo do índice também foi registrado em Caarapó, embora tenha se mantido no nível de alerta 2 e na microrregião de Nova Andradina, Ivinhema passou do nível 2 para 3.

Já Batayporã e Nova Andradina passaram do nível 1 para o nível 2  e na microrregião de Ponta Porã, o município de Amambai passou do nível de alerta 1 para o 2 e Coronel Sapucaia registrou um aumento expressivo no índice, mantendo-se no nível de alerta 2.

Segundo a a doutora em Comunicação pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora em Comunicação, Saúde e Políticas Públicas da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), Fernanda Vasques Ferreira, a doença desafia gestores públicos, testando a habilidade de prefeituras e governos de estado.

“Ações descoordenadas, dificuldades de gestão, aplicação e fiscalização das políticas públicas para o enfrentamento da doença e a baixa compreensão da população sobre os riscos e impactos na saúde ocasionados pelo novo coronavírus associados ao contexto da disseminação de fake News sobre a Covid-19 contribuem para o aumento da gravidade do problema de saúde pública e coletiva”, explica Fernanda.

Conforme o especialista em Geografia da Saúde e professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Adeir Archanjo da Mota, que também participa da pesquisa, todas as ações dos gestores públicos e da população impactam nos indicadores de morbidade e de mortalidade pela Covid-19, traduzidos na medida-resumo – índice de morbimortalidade municipal da Covid-19 (iMM) – e, consequentemente, nos níveis de alerta.

“Os aumentos nas dinâmicas geoespaciais interferem significativamente no aumento da velocidade de disseminação do novo coronavírus, o que nos mantêm na situação pandêmica. Não será possível preservar vidas, o sistema público de saúde, garantir recursos financeiros para os hospitais particulares e conter a pandemia simultaneamente. Para conter a Covid-19 se fazem necessárias medidas preventivas de fato”, alertou Archanjo da Mota.

“Ao registrar 31 mortes e 1887 novos casos de Covid-19 em apenas 14 dias [22 de agosto a 05 de setembro] a macrorregião de saúde de Dourados retorna a um patamar de disseminação que já era evidente que iria ocorrer. Poucas ações foram tomadas e de forma tímida foram implementadas e fiscalizadas pelas autoridades sanitárias. Não há milagres em Saúde Coletiva, não se combate um pandemia com estratégias de curtoprazismos”,  avaliou Archanjo da Mota.

Números de Dourados

Uma mulher, com registro de algumas comorbidades é a mais nova vítima de coronavírus em Dourados. Ela estava internada em hospital da rede particular e faleceu na tarde de terça-feira. Esse é o 84º óbito provocado pela doença foi confirmado pelo Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavírus no município, na manhã desta quarta-feira (9).

O boletim epidemiológico da administração municipal também registra que houve aumento no número de internações, que passou de 38 para 42, com 25 pessoas atendidas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e 17 em leitos de enfermaria.

Com 4.939 casos recuperados, Dourados totaliza 6.158 testagens positivas  de coronavírus e 1.115 pessoas em isolamento domiciliar . Somente nas últimas 24 horas foram confirmados mais 80 casos.