A aprovação de um plano de biossegurança permitiu que o município de Campo Grande flexibilizasse o funcionamento de academias e estudos de ginásticas na Capital. Com isso, desde a última sexta-feira (17), seguir a rotina de treinos voltou a ser realidade, mesmo com o crescimento de casos de Covid-19. Mas, há algumas diferenças.

O setor de academias foi um dos mais impactados pelos decretos que determinaram fechamento de estabelecimentos não essenciais, logo no primeiro momento da recomendação de quarentena. Reabrir significava garantir que os frequentadores, funcionários e proprietários seguiriam regras rigorosas, como distanciamento social. Foi uma matemática um pouco difícil de resolver.

Coronavírus: Agendamento e até aplicativo dão nova cara às academias em Campo Grande
Foto: Leonardo de França | Midiamax

Mas, segundo os proprietários, houve uma solução – desde agendamento de horários – devido à limitação de frequentadores – à instruções sem toque físico e super-higienização de equipamentos. Houve até academia que investisse na tecnologia para facilitar a organização. O resultado parece agradar os clientes.

Professora da Prime Fitness, no bairro Jardim Itatiaia, a instrutora de educação física Bruna Irene, de 23 anos, reabriu com agendamento de horários. São 15 alunos por vez, em treinos que duram no máximo 45 minutos. A cada hora, todos os equipamentos passam por higienização.

“Também intercalamos os equipamentos, para não correr risco de duas pessoas usarem aparelhos vizinhos ao mesmo tempo. Colocamos um pano com hipoclorito de sódio (água sanitária), para higienizar a sola dos tênis na entrada. Cada estação tem álcool em gel e cada professor trabalha com luva e máscara”, explica.

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Foto: Leonardo de França | Midiamax

A restrição fez a academia voltar a funcionar, mas com cerca da metade dos 400 inscritos antes da pandemia. “O que mais dificulta é a questão do horário, porque quando as pessoas pagaram não era assim, vinham a hora que quisessem. Então, alguns chegaram a trancar a matrícula”, detalha. A academia também criou um questionários para fazer uma espécie de triagem e que pergunta se o aluno teve viagem recente e se teve sintomas.

O advogado Ernan Takayama, de 36 anos, foi um dos que retomou a frequência de treinos. Segundo ele, os hábitos de higiene foram redobrados. “Mas o que pega são os colegas de treino. Foi a mudança mais drástica”, brinca.

A turma do crossfit e dos treinos funcionais também ergueu as mãos – e os pesos – aos céus quando os estúdios e centros de treinamento funcionais reabriram. Nesses locais, porém, a adaptação precisou ser mais rigorosa, já que a maioria das atividades são coletivas.

O proprietário do Olimpo Centro de Treinamento, Adriano Jorge, de 49 anos, relatou que muitos dos antigos alunos ainda não retornaram por medo de contaminação. Ele garante, porém, que tomou todos os cuidados conforme o plano de biossegurança apresentado ao município.

“Demarcamos o chão e limitamos o número de alunos. Eram 14 pessoas por hora-aula, e agora são 8, pra respeitar o distanciamento de 5 metros. Os horários eram livres e a pessoa vinha quando era conveniente. Hoje, criamos um aplicativo, e os alunos veem se o horário que eles querem tem vaga e realizam o check-in. Se tiver 8 alunos no horário, o 9º não consegue realizar”, detalha Jorge.

A inovação tecnológica resolveu um problema de organização com as aulas marcadas no WhatsApp. “A ideia surgiu de um aluno e já resolveu o problema. O atendimento era de 45 a 50 minutos. Hoje, é de no máximo 35. O tempo que sobra fazemos a esterilização”, conclui.

A enfermeira Ana Aparecida, de 38 anos, comemorou a reabertura. Ela conta que já fazia higienização com frequência. “Agora, faço bem mais. O aplicativo é ótimo, porque não atrapalha, não lota os grupos de WhatsApp e permite agendar”, conta.

“A gente sente falta dos colegas. Tinha afinidade, criava vínculo, cumprimentava. Agora é tudo à distância. Até os instrutores orientam à distância, dizem pra gente não tocar o rosto, pra trazer toalhinha e se higienizar com frequência”, conclui.