Passados mais de seis meses da pandemia, as formas de infecção do novo coronavírus no corpo humano – por contato com superfícies contaminadas e por gotículas de saliva – já são de grande conhecimento da população. Porém, pouco se sabia sobre alto e baixo risco e que variáveis eram levadas em conta para permitir uma forma segura de interação, quando necessário.

A resposta está cada vez mais clara, apesar de se tratar de um vírus novo e, ainda, considerado imprevisível. Mas já há respostas esclarecedoras com base em evidências científicas, que indicam quando o risco é maior ou menor.

Pelo menos três estudos sobre a infecção inicial do novo coronavírus revelam a extrema facilidade da transmissão do vírus em locais de trabalho e a partir de contatos breves, em situações que vão desde permanecer muito tempo no mesmo ambiente com alguém infectado a dividir estação de trabalho e o simples compartilhamento de um saleiro.

Estudo de caso

Os levantamentos analisaram como ocorreu um surto de entre pessoas que trabalhavam em escritórios da empresa Webasto, na Alemanha, em janeiro deste ano. Estima-se que, a partir deste caso, a doença se espalhou pela Alemanha e demais países europeus.

Segundo os relatos científicos, a doença chegou à empresa após um funcionário ter retornado da , onde recebeu visita dos pais, que moram em Wuhan, a cidade que foi o primeiro epicentro da doença.

Num universo de cerca de 1.200 funcionários, esse paciente teve contato direto e indireto com dezenas de pessoas, mas a doença foi comprovadamente transmitida a 16 pessoas (12 homens e 4 mulheres, todos com idade média de 35 anos).

A situação reforçou, nas semanas seguintes, a possibilidade de transmissão da Covid-19 por contato com superfícies contaminadas, o que desencadeou o protocolo da descontaminação, higienização de mãos e distanciamento social.

Confira o que se sabe até o momento sobre as formas mais comuns de infecção por Covid-19
Escritório da Webasto na Alemanhã | Foto: Reprodução

Isso porque a maioria dos contatos, conforme a descrição dos estudos, apontam relações simples com os colegas, desde estar próximo, permanecer cerca de 1h30 no mesmo ambiente, compartilharem por breve período de tempo uma estação de trabalho e até receber um saleiro num refeitório.

Em alguns dos contatos, inclusive, a infecção ocorreu durante breves reuniões de pouco mais de 15 minutos, nas quais os funcionários estavam a curtas distâncias.

Após as contaminações, as investigações sanitárias desencadearam em medidas como testagens, fechamento temporário da empresa por 14 dias e reabertura somente após desinfecção do local. Cerca de 240 testes RT-PCR (biologia molecular) também identificaram que o tipo do vírus era idêntico na maioria dos casos positivos.

Infecção: o que dizem mais pesquisas

Um resumo possível das formas de contaminação mais comuns do novo coronavírus foi descrito pelo CDC (Centro de Cotnrole de Doenças, órgão do governo estadunidense), com base em evidências científicas emergentes. O documento (disponível AQUI, em inglês) descreve onde o risco é mais elevado e mais baixo.

Basicamente, a transmissão tem menores chances de ocorrer a partir de contato com superfícies e em atividades ao ar livre. Porém, as chances aumentam substancialmente quando ocorrem em espaços fechados, como salas de reuniões, escritórios, templos religiosos e salas de cinema ou teatro.

Um dos dados descritos pelo CDC também toma como base a carga viral de indíviduos infectados expelem nas gotículas de saliva – a principal foram de transporte do vírus de um organismo para outro. As evidências apontam que, para iniciar a doença, são necessárias aproximadamente 1000 partículas virais (vp).

A partir disto, ao CDC elencou a seguinte tabela:

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Freepik, Reprodução

1. Respiração: 20 vp por minuto
2. Fala: aproximadamente 200 vp por minuto
3. Tosse: aproximadamente 200 milhões de vp por minuto – esta quantia é o suficiente pode permanecer no ar por horas em um ambiente mal ventilado, por exemplo
4. Espirro: mais de 200 milhões vp

Desta forma, simplesmente estar próximo de alguém a 2 metros de distância tem baixo risco, se o contato ocorrer em menos de 45 minutos. A situação melhora se o contato, mesmo com proximidade, ocorrer numa conversa cara a cara, mas com , em tempo inferior a 4 minutos.

Confira o que se sabe até o momento sobre as formas mais comuns de infecção por Covid-19
Etiqueta de higiene, como lavar as mãos frequentemente, está entre as medidas que diminuem chances de contrari Covid-19 | Foto: Reprodução

Outras formas de contato também se mostraram com baixo risco de infecção, como andar, correr ou pedalar ao ar livre e estar em ambientes bem ventilados com distanciamento social.

O risco aumenta significativamente durante compras (risco médio) e diminuem, porém, se o tempo de exposição diminuir e se a etiqueta de higiene e uso de máscaras for adotada.

O maior perigo, portanto, está em espaços internos, como escritórios, elevadores, banheiros públicos, restaurantes, escolas, festas, casamentos, conferências e locais de eventos, como cinemas, arenas, estádios e teatros.

Portanto, é extremamente válida a recomendação de se manter o uso de máscaras, distanciamento e isolamento social, com higienização frequente de mãos, além de evitar falar com pessoas por muito tempo (mesmo usando máscara de proteção) e estar em ambientes fechados e sem ventilação, o que já é considerado aglomeração.