Desde que foram desativados em 2019, a inoperância dos radares de velocidade no , em , desperta a preocupação de moradores com a vida dos animais silvestres que vivem nas matas na região.

O local, uma reserva de mata nativa onde estão localizados prédios institucionais do Governo do Estado e de demais poderes, é famoso por ter fauna abundante. São comuns – e até mesmo uma espécie de cartão-postal – registros e relatos de animais que cruzam as vias, como a jiboia que foi flagrada por leitor atravessando uma das ruas do Parque dos Poderes.

Com radares inativos, Parque dos Poderes traz riscos para animais, ciclistas e pedestres
Além dos animais silvestres, Parque também é ponto de realização de atividades ao ar livre, como corrida e ciclismo | Foto: Leonardo | Midiamax

De acordo com uma moradora que trabalha na região, é comum presenciar condutores que não respeitam o limite de velocidade de 30km/h. “Observo que os motoristas, quando perceberam que as lombadas eletrônicas estavam desligadas, passaram a aumentar a velocidade sem o menor cuidado. Todos que trafegam no Parque dos Poderes sabem que por ali é cheio de animais e pessoas praticando esportes. Mas sem a fiscalização não tem jeito, é impressionante”, disse.

Outros frequentadores da região também acrescentam na lista temor com os próprios pedestres, já que a região também é conhecida por ser um polo para realização de atividades físicas, como ciclismo e corridas.

Em reportagem do Jornal Midiamax publicada em junho de 2019, o tenente-coronel Edmilson Queiroz, da PMA (Polícia Militar Ambiental), explicou que é necessária atenção especial à região, uma vez que os animais da fauna sul-mato-grossense são encontrados principalmente próximos a reservas, parques e áreas verdes onde eles já viviam, como é o caso do Parque dos Poderes.

“Cada vez mais o animal precisa migrar na busca de alimento e espaço devido ao desmatamento de suas áreas de habitat natural. A PMA já capturou anta em piscina, capivara dentro de armários e fossa, antas e jacarés em lagoas de tratamento de indústria e até gambá dentro de máquina de lavar”, afirma.

Radares desativados

O (Departamento Estadual de Trânsito) enfrentou problemas de contrato com a Perkons, empresa que administrava o funcionamento de radares de responsabilidade do Estado. Basicamente, houve registro de atraso no pagamento referente ao contrato com a empresa e, após meses de atrasos e até mesmo de inadimplência, o contrato foi rescindido.

Segundo informou o Detran em agosto de 2019, o contrato teve início 2015 e até, aquele momento, R$ 65 milhões haviam sido pagos à empresa, sendo que, R$ 6,4 milhões foram repassados em oito meses. Na época, o órgão de trânsito afirmou que iria negociar uma dívida com a empresa e enfim, encerrar o contrato.

Com isso, trechos onde os radares operados pela Perkons foram definitivamente desativados, inclusive em rodovias estaduais. No caso do Parque dos Poderes, a atenção é especial porque a ausência de equipamentos funcionais expõe a riscos a integridade de pedestres, ciclistas e animais. “O Detran está demorando para resolver essa situação”, disse a moradora.

Com radares inativos, Parque dos Poderes traz riscos para animais, ciclistas e pedestres
Foto: Leonardo França | Midiamax

Segundo informou ao Jornal Midiamax em agosto de 2019, o diretor-presidente do Detran-MS, Luiz Rocha, a decisão de reincidir o contrato foi tomada após tratativas com o Governo do Estado, com a intenção de conter despesas exorbitantes.

“Tomamos essa iniciativa por conta da difícil situação econômica pelo qual passa o País e os Estados. Em nosso Estado não é diferente. Seguimos uma recomendação do governo em priorizar o pagamento para os repasses de saúde, educação e gastos com pessoal para depois ir quitando os contratos”, alegou, na época.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Detran-MS e questionou sobre o andamento de eventual nova licitação para operação de radares de velocidade no trecho. Até o fechamento desta matéria, o órgão de trânsito não havia enviado posicionamento.