O ano letivo começou em algumas escolas nesta segunda-feira (27), no entanto, muitos alunos ainda se preparam para voltar às aulas até a primeira quinzena de fevereiro. Como retorno da vida escolar, muitas dúvidas surgem sobre como garantir o transporte dos alunos para a escola. Muitos pais confiam nas ‘tias’ e ‘tios’ das vans escolares, mas é preciso se atentar para a segurança das crianças na hora de escolher o prestador do serviço. 

De acordo com dados do Sintems (Sindicato Dos Transportadores Escolares do Estado de Mato Grosso do Sul), existem cerca de 350 veículos de transporte escolar em todo o Estado. Mas segundo o presidente do sindicato, Rodrigo Aranda, não são todos que trabalham dentro da regularidade. “De 100 condutores, podemos dizer assim que, praticamente 68 deles pararam de fazer a vistoria por conta da impunidade. Infelizmente é a nossa realidade”, lamenta.

O representante do sindicato diz que não há uma fiscalização efetiva para os transportes escolares, ele lembra que existe uma equipe do Detran-MS para abordagem nas ruas e cobra que voltem a atuar. “Esse ano a gente busca que voltem a fazer essas fiscalizações, porque a categoria não está 100% vistoriada”.

As irregularidades que existem

O presidente do Sintems atenta que uma das práticas dos serviços irregulares acontece quando o proprietário tem mais de um veículo. Segundo ele, nesses casos apenas um dos veículos é mantido com a inspeção e fiscalização em dia. “Têm gente que regulariza um veículo para transporte escolar, mas daí ele não só um, tem quatro carros. Então ele passa pelas fiscalizações e pais dizendo que o veículo quebrou e por isso não está com o regularizado”.

Rodrigo Aranda comenta que o sindicato não consegue fiscalizar todas as formas de irregularidades, mas acaba recebendo informações sobre alguns casos, como por exemplo os de motoristas que fazem o transporte escolar e usam o veículo para corridas de aplicativo durante o período de aula.

“Muitos se aproveitam dos aplicativos, um motorista que trabalha com isso [aplicativo], leva um estudante mais adolescente e segue para outra atividade padrão, é normal. Já os condutores escolares, que usam os veículos em aplicativos para usufruir das outras  atividades [corridas convencionais], não fazem o certo”, atenta sobre a irregularidade.

A motorista de uma van escolar, Rossilene Souza, comenta que na hora da entrada ou saída de uma escola é possível ver quais são os prestadores de serviço que são regularizados e quais não são. “A gente percebe que alguns são veículos que ficam superlotados e crianças sem o uso do cinto de segurança. E geralmente o motorista não tem habilitação D e nem o curso específico”, relata. 

Os riscos que as crianças correm

O presidente do Sintems faz um alerta aos pais sobre os riscos que a criança corre ao ir e voltar da escola em um veículo irregular. “O risco é a segurança física e psicológica da criança, pois o que normalmente acontece é que quando o veículo circula com excesso de passageiros não há cinto de segunda para todos. E o aperto entre os passageiros faz com que desconforto aumente consideravelmente para os alunos menores”. 

Rodrigo afirma que os veículos sem inspeção periódica não colocam em risco apenas os ocupantes do veículo, mas sim todos por onde passa. Sobre os imprevistos que podem acontecer ele comenta que “em caso de avaria no veículo, os alunos ficam sem transporte escolar”, informa.

Segundo ele, as crianças precisam de um tratamento diferente do adulto e podem viver diversas situações dependendo da idade. “Os cursos específico da área ajudam na conduta do profissional em como tratar as crianças em várias situações, coisa que o clandestino desconhece”, lembra ele.

Rossilene Souza, condutora de uma van escolar, lembra que só conseguiu lidar com um imprevisto por causa do curso, que ela e o marido fizeram. “Já aconteceu de uma criança passar mal e vomitar na van. A primeira coisa que fiz foi estacionar e fazer os primeiros socorros na criança. Tenho um monitor, que é meu marido, então ele ficou acalmando as outras crianças que estavam na van”, conta.

Embora haja o processo de regularização dos veículos, a melhor forma de garantir a segurança das crianças é checar com os próprios olhos as condições do serviço. Rossilene trabalha há dois anos no ramo e garante que são raras as vezes que os pais pedem a documentação. 

Com mais da metade da frota de vans escolares sem vistoria, saiba como se proteger
Elaborado por: Dândara Genelhú | Especial Midiamax

“Apesar dos pais não pedirem esses tipos de comprovação sempre apresentamos os documentos do motorista, assim como o certificado do curso específico para transporte escolar”, comenta ela, que lida com o estranhamento de alguns pais com a situação.

Como identificar um condutor regularizado?

Rodrigo Aranda, presidente do Sintems, afirma que “o condutor que decide trabalhar com transporte escolar tem que se adequar para a segurança das crianças”. Adesivos, placa vermelha, motorista com curso, carro registrado na Agetran e no Detran corretamente são itens que já indicam a credibilidade do serviço. 

Rodrigo reclama que em Mato Grosso do Sul não há um selo de garantia da regularização, mas explica que os pais podem e devem solicitar a documentação para o motorista. “O Detran sabe quais são os veículos regularizados, e ele emite um documento de regularização do veículo, que aparece inclusive o nome dos profissionais que podem dirigir aquele veículo”. 

Além do documento emitido pelo órgão, os pais podem pedir ao motorista a apresentação do certificado do Curso de Condutor de Transporte Escolar. A formação é exigida pela Agetran-MS (Agência Municipal de Transportes e Trânsito) para o cadastramento do condutor.