Com objetivo de criar uma barreira ente as doenças e o sistema imunológico das crianças, as campanhas de multivacinação são peça chave na prevenção de doenças já extintas.  Entretanto, com a queda anual na adesão de vacinas, registra atualmente sete casos importados de sarampo. Outrora erradicadas, essas doenças podem voltar devido a falsa percepção de segurança e a disseminação de fake news sobre o assunto.

Para o coordenador de imunização da (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, Evandro Ramos, de 39 anos, é necessário compreender a importância das campanhas de poliomielite e multivacinação e o risco da não vacinação.

Na campanha de multivacinação, o objetivo é a atualização das carteirinhas, sem um número mínimo estipulado de vacinações. Desde o início da campanha, somando as vacinas de poliomielite e de multivacinação, cerca de 80% das crianças da Capital estavam com atraso no calendário de vacinação, em média, de quase 1 ano.

Segundo o Ministério da Saúde, a meta da campanha de poliomielite é atingir imunização de 95% das crianças entre 1 a 5 anos. Em Campo Grande, somente 49,12% das crianças foram imunizadas até esta sexta-feira (20). Logo, somente 23.630 crianças foram vacinadas enquanto a meta é 48.110.

Conforme o coordenador das duas campanhas, o município disponibiliza a vacinação em 71 unidades de saúde. Algumas funcionando em horário de almoço, expediente estendido, final de semana e feriados. “Temos oferta, existe uma baixa na procura”, afirma Evandro.

Medo de vacinar?

De acordo com os indicadores da Sesau, o coordenador afirma que a queda na procura pelas vacinas vai além do receio de sair de casa, gerado pela . Desde 2015, existe uma queda recorrente na cobertura vacinal conquistada pelas campanhas de imunização.

“Existe o fator que a população está com receio, não temos uma pesquisa nesse sentido, mas percebemos isso. Outro fator envolve a responsabilidade dos pais, o último caso de pólio no Brasil foi em 1989, não temos crianças convivendo com pólio e isso traz uma falsa percepção que está tudo bem”, detalhou.

Outro ponto é a velocidade com que as notícias falsas circulam, Evandro explica que as fake news sobre a vacina com temas do tipo: “vacinas matam ou servem pra controlar as pessoas” são difíceis de desmistificar, o que contribui para a desinformação. E reforça, o ideal é que a população procure uma unidade de saúde para tirar suas dúvidas.

“Quando o cidadão procura uma unidade de saúde ele será atendido por um profissional da área, eles têm toda a orientação sobre a vacina e esclarecerão se a notícia é verdadeira ou não”, explicou.

A consequência de tal irresponsabilidade, pode levar ao retorno de doenças já erradicas. “Em Campo Grande temos sete de sarampo, mas são casos importados, que não tiveram origem aqui. A nível nacional já existem mortes pela doença. Ela estava erradica, isso significa que as pessoas não estão imunizadas”, finalizou o coordenador.

Como funciona a vacina

Existem dois processos de imunização do nosso organismo. O primeiro sem a vacina: há pessoas que nunca tiveram contato com a doença, e neste caso, quando entram em contato com o agente infeccioso, ficam doentes. A partir desse momento o corpo vai tentar reagir, o sistema imunológica irá fazer o combate com os microrganismos para gerar uma memória de defesa, os famosos Anticorpos. Como consequência a pessoa tem sintomas da doença, sequelas e pode até morrer por não ter proteção contra a doença.

Com a vacina: Um dos componentes da vacina são toxinas ou vírus inativados, esse componente ativa o nosso sistema imunológico, o fazendo entender que o agente é uma doença, gerando a memória de defesa. Essa partícula inativa não causa danos ao organismo.

Quando a pessoa já está imunizada, se houver contato com o vírus ou bactéria de uma doença, o organismo já irá reconhecer e estará preparado para neutralizá-lo, dando uma reposta mais rápida, não permitindo que o indivíduo fique doente ou tenha sequelas.

As campanhas de poliomielite e de multivacinação começaram no dia 5 de outubro e foram prorrogadas até 30 de novembro de 2020. Se você ainda não vacinou seu filho ou quer atualizar a carteirinha, confira neste link onde encontrar a unidade de saúde mais perto da sua casa.