Com a chegada do mês de maio, as principais cidades de Mato Grosso do Sul vêm adotando, nos últimos dias, novas regras para flexibilização das atividades comerciais em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Gradualmente, a exemplo do que a população de Campo Grande vivenciou recentemente, as prefeituras de Três Lagoas, , e reduziram as proibições de funcionamento de estabelecimentos, permitindo uma retomada, sob regras específicas, da vida econômica depois de períodos entre duas semanas a quase um mês de suspensão das atividades.

Em comum, os municípios seguiram medidas como a antecipação das férias escolares de julho para o período de 4 a 18 de maio, baixada pelo Governo do Estado a fim de evitar exposição das crianças ao coronavírus, seguindo ainda orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) para o funcionamento de atividades econômicas –com restrições, por exemplo, à presença de pessoas com mais de 60 anos, gestantes, lactantes e portadores de doenças crônicas, que integram grupo de risco para a Covid-19.

Lotéricas e estabelecimentos bancários foram autorizados a operar, também mediante restrições quanto ao volume de clientes para evitarem aglomerações. Em alguns casos, as preocupações mais recentes envolvem os vizinhos –caso de Ponta Porã, que assiste à situação da quarentena no de olho na movimentação do comércio.

Três Lagoas

Segunda cidade do Estado em volume de casos, com 52 nesta quinta-feira, Três Lagoas baseou o funcionamento das atividades econômicas em uma série de decretos assinados pelo prefeito Ângelo Guerreiro (PSD) que vêm sendo atualizados. A exemplo de Campo Grande, as empresas receberam, por setor, uma série de recomendações para abrirem as portas –como o limite de lotação de uma pessoa a cada 25 metros quadrados e distância mínima de 1,5 metro entre clientes– e recomendação para o uso de máscaras.

No caso dos hotéis, o funcionamento se dá por meio de rodízio de quartos a cada 48 horas entre desocupação e reocupação; e supermercados e similares devem limitar a clientela a 30% de sua capacidade e encerrar as atividades até as 21h –o percentual é o mesmo de lotação das igrejas e outras instituições religiosas. Outros estabelecimentos funcionam por meio de agendamento individual.

O único shopping center da cidade teve lotação limitada a 350 pessoas, com proibição de abertura do cinema; enquanto o camelódromo pode receber até 15 clientes por vez. A feira livre abre duas vezes por semana (sábados, das 7h às 12h, e às quartas-feiras, das 17h às 21h) com gradil e distanciamento entre clientes.

A rodoviária da cidade foi fechada no fim de março.

Corumbá

Em Corumbá, o prefeito (PSDB) baixou, em 17 de abril, decreto alterando as regras de funcionamento para diferentes atividades comerciais e do na cidade, que vigora das 21h às 5h na zona urbana.

Em geral, o comércio funciona das 8h às 17h na cidade. Supermercados, clínicas, bombas de postos de combustíveis e farmácias podem operar até as 20h30 –drogarias em regime de plantão podem abrir durante o toque de recolhe–, assim como os restaurantes e lanchonetes, açougues e mercearias que vendam itens de primeira necessidade (os dois últimos devem funcionar após às 17h apenas com atendimento por gradis). Panificadoras, padarias e confeitarias abrem das 6h às 20h.

Conveniências, sorveterias, lojas de açaí e similares podem operar das 17h às 20h30 com atendimentos individualizados ou venda em balcão, mas sem consumo no local. Já para estabelecimentos de alimentação, há limitação de ocupação a 30% do total de clientes e orientações para higienização dos ambientes e clientes.

A rodoviária de Corumbá foi alvo de recomendação do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) visando a sua reabertura. Embarques e desembarques estão proibidos no local desde 23 de março, quando a prefeitura interditou o terminal. A gestão de Iunes afirma que poderá ir à Justiça para garantir que o local permaneça fechado, em meio à redução da adesão da população ao isolamento social que, conforme o Diário Corumbaense, recuou de 76% para 41%. Na cidade, houve 5 casos confirmados de Covid-10 entre os seus cerca de 110 mil moradores.

Dourados

A prefeita Délia Razuk (PTB) flexibilizou medidas visando a reabertura do comércio já em 7 de abril, após cerca de 20 dias fechado. Recentemente, academias e clubes de tiro receberam aval para funcionarem, mediante distanciamento social e oferecimento de higienização aos clientes. O shopping da cidade permanece fechado.

Decreto municipal instituiu a necessidade de que empresas forneçam os equipamentos de proteção aos funcionários e álcool em gel para higienização das mãos dos clientes. A Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados) chegou a lançar campanha visando a conscientização dos empresários, de forma a não paralisar a atividade econômica.

Dourados registrou, até aqui, uma morte –de um caminhoneiro que foi internado no Tocantins– pela doença, com 13 casos confirmados (o terceiro maior número do Estado, empatado com Sonora).

Ponta Porã

A administração do prefeito Hélio Peluffo (PSDB) autorizou a retomada do comércio em Ponta Porã ainda no fim de março, quando a cidade foi colocada em toque de recolher das 20h às 4h. O espaçamento mínimo entre clientes e o agendamento prévio em uma série de serviços à população estiveram entre as normas baixadas para permitir que a vida econômica na cidade da fronteira fosse retomada.

A rodoviária chegou a ser lacrada e o transporte coletivo, paralisado. Hoje, porém, os comércios vêm funcionando das 8h às 19h, inclusive bares e similares. A cidade registrou apenas um caso de coronavírus –registrando a primeira suspeita do Estado, envolvendo um paciente que esteve na Ásia.

Mais recentemente, as maiores preocupações da cidade estiveram focadas na vizinha, Pedro Juan Caballero, no Paraguai –onde as medidas de isolamento social e de toque de recolher contra o coronavírus são mais severas e levaram até mesmo à abertura de valas na Linha Internacional, para conter a travessia de brasileiros e paraguaios.

A Prefeitura de Ponta Porã propôs uma barreira sanitária única para garantir o ir e vir na região, contudo, reunião no dia 23 para tratar do tema trouxe ao lado brasileiro apenas um representante da Câmara de Comércio de Pedro Juan. O ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo, chegou a ser acionado por Peluffo para discutir a situação. A municipalidade de Pedro Juan estima que 45 mil empregos na região de fronteira estejam ameaçados com a quarentena radical, sendo que cerca de 350 estabelecimentos comerciais diversos estão fechados do lado paraguaio.