A situação ainda indefinida acerca da imunização da Covid-19 no Brasil contrasta com a de alguns campo-grandenses, que já vivem a expectativa de receber a vacina. Isso porque eles moram no Reino Unido, o primeiro país que começou a aplicar as doses.

O Reino Unido foi o primeiro país a iniciar a aplicação de vacinas contra a Covid-19, desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech. Foram garantidas 800 mil doses do imunizante, além de 40 milhões já encomendadas, ao todo. Como são necessárias duas doses, as compras permitirão vacinar 20 milhões de pessoas, neste primeiro momento.

Com um plano já em execução, muita gente vive a expectativa de se vacinar. É o caso da técnica em Lizandra Almeida, de 40 anos, que trocou por Londres em fevereiro de 2009 e desde então atua no ramo de floriculturas. Para ela, a expectativa de receber a vacina será um alento.

“Eu fico muito feliz, eu me sinto mais tranquila, embora aqui a gente veja que o pessoal toma mais cuidado. O que me corta o coração saber que minha mãe, que mora em Campo Grande, vive essa indefinição. Eu tentei não ler as notícias daí, sai das redes sociais, porque a sensação de impotência do brasileiro com a falta desse plano me atingiu demais”, conta.

Lizandra ainda não sabe quando será imunizada, mas também comemora que os principais grupos de risco já estão inclusos nas primeiras etapas. “A gente sabe que os grupos de riscos são os mais vulneráveis, então eu fico feliz de saber que eles já vão estar protegidos”, completa. “Foi muito difícil ver mortes de 700, 800 pessoas por dia no começo da pandemia. Perdemos muitos clientes idosos”, relata.

De férias

Vivendo em Londres desde agosto de 2018, já em sua terceira ida ao país britânico, o músico Luis Henrique Ávila, de 44 anos, diz estar animado e triste ao mesmo tempo. Animado, porque sabe que em breve poderá contar com a vacina. Triste, porque a situação do Reino Unido se contrasta com a do Brasil. Ávila, à propósito, está de férias em Campo Grande para escapar do inverno Londrino e deve retornar ao país em fevereiro.

“Voltei ao Brasil em novembro para ficar com minha família, já que a minha função permite isso de trabalhar remotamente, e porque queria escapar do frio rigoroso do inverno londrino. Aqui em Campo Grande tomando todas as precauções. Por exemplo, eu recusei visitas de alguns amigos. Minha mãe é idosa, não dá para arriscar”, conta o músico.

Ávila conta estar descrente com um plano de vacinação nacional no período em que estiver no Brasil. “Não acredito que saia. Se sair, vou me imunizar aqui. Mas, de toda forma, quando eu voltar, creio que já poderei contar com a vacina em Londres. Se for preciso eu já tomo no aeroporto”, conta.

Campo-grandenses que moram no Reino Unido já vivem expectativa da vacina da Covid-19
Luíz Ávila, de chapeu, na Tower Bridge, um dos principais pontos turísticos de Londres | Foto: Arquivo pessoal

Melhor esperar

A campo-grandense Livia Zanon, de 31 anos, mora há dois meses mora em , a 100 km de Londres. Ela deixou campo-grande para viver o sonho de morar fora do Brasil e, assim que saiu sua cidadania italiana, resolveu apostar nisso, mesmo em meio à pandemia.

“Desde Meu intercâmbio para Londres em 2009, eu tenho o sonho de ter a experiência de morar fora do Brasil. Assim que consegui minha cidadania italiana, uma amiga que mora em Oxford me deu ideia de vir porque a Inglaterra era o único país com as fronteiras abertas para voos do Brasil”, detalha a jovem, que atua na área de marketing digital e tem um blog de viagens.

“Eu sabia que mudar de país na pandemia não seria fácil, me afetou muito em conseguir um emprego, pois com tudo fechado e as pessoas sem dinheiro para pagar salário, ficou complicado. Fui conseguir depois de 1 mês na área da limpeza e agora estou mais tranquila, conseguindo aproveitar mais”, conta.

Campo-grandenses que moram no Reino Unido já vivem expectativa da vacina da Covid-19
Livia Zanon | Foto: Arquivo pessoal

Lívia já teve Covid-19 enquanto estava por aqui e desenvolveu sintomas clássicos, portanto, já conta com imunização natural que, até onde se sabe, é temporária. Ao Jornal Midiamax, ela conta que, apesar de ser o primeiro país a iniciar uma campanha de vacinação, o assunto é pouco comentado.

“Tenho contato com pessoas do mundo inteiro e a maioria não se sente confortável em confiar na vacina. Não acreditam que seja eficaz e temem efeitos colaterais desconhecidos. Eu ainda não decidi se vou tomar, mas acredito que vai demorar para chegar para a população, principalmente estrangeiros morando no país”, detalha.

Por outro lado, ela descreve que os moradores do país comentam que o governo brasileiro não deu atenção para a doença, tratando-a apenas como uma gripe. “Infelizmente, eu vejo mais ondas chegando, com tanta festa e descuido da população… E não tenho expectativa da vacina chegar tão cedo [no Brasil], acho que ainda tem muito chão pela frente e que devemos nos cuidar o máximo que conseguirmos até termos maior eficácia com a prevenção”, considera.