A morte da jovem Sheiza Ayala, de 22 anos, vítima de um procedimento estético malsucedido em Pedro Juan Caballero, reacendeu o alerta para a procura por cirurgias em clínicas clandestinas. A estudante teve hidrogel injetado no corpo e não resistiu, falecendo nesta quinta-feira (17) em Ponta Porã, a 317 km de Campo Grande.
Ao Jornal Midiamax, o presidente da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), drº Dênis Calazans, disse que a busca por um corpo perfeito, leva as pessoas a arriscarem a vida com profissionais não capacitados e com procedimentos com valores a baixo do mercado.
“Estamos vivendo em um tempo muito estranho, em que a imagem parece prevalecer. Observamos que as pessoas se guiam pelas mídias sociais para escolher os profissionais, número de curtidas, seguidores. A mercantilização da medicina faz com que alguns profissionais abram mão da segura para baratear o tratamento”, disse Calazans.
O médico esclarece que as pessoas precisam se atentar e se conscientizar de que a cirurgia plástica é um tratamento médico e não pode ser realizado por influência da moda e a busca pela aparência perfeita.
Calazans afirma que muitos pacientes procuram as clínicas com uma proposta além do que a própria anatomia do corpo permite e se frustram, pois, o bisturi ‘não é uma varinha mágica’, como ele define.
“Na cirurgia plástica, bisturi não é uma varinha de condão. Nem tudo o que está na cabeça do paciente é possível realizar. A cirurgia plástica não é como ir comprar roupa, é preciso ter a avaliação profissional, de um especializa”, pontuou.
Procedimentos baratos
O presidente da SBCP diz que existem dois fatores para as pessoas arriscarem a vida com procedimentos clandestinos e com profissionais não qualificados: o desconhecimento e a tentadora oferta barata.
“O acesso a cirurgia plástica é muito facilitado no Brasil todo. O país goza de respeitabilidade internacional e é um celeiro científico muito forte. O número de cirurgiões plásticos no país gira em torno de 6,5 mil profissionais, o que facilita o acesso. [Procedimentos baratos~] não vale a pena e é um problema recorrente”, disse.
Para o médico, é preciso que o poder público interfira e regulamente o exercício da cirurgia plástica e que as pessoas se orientem quanto os processos.
Caso Andressa Urach
Um dos casos mais famosos no país sobre os riscos do hidrogel, produto que a estudante Sheiza Ayala aplicou no corpo, Andressa Urach ficou entre a vida e a morte em 2015 após ter complicações devido ao procedimento.

Neste mês, inclusive, Andressa fez uma publicação no Instagram lembrando o coma que enfrentou em 2015 após complicações por aplicar hidrogel. “Serei sempre grata a Deus e aos médicos, que um dia ajudaram a salvar a minha vida! Foram 22 cirurgias para a retirada do hidrogel. Infelizmente o PMMA (bioplastia) não sai e é pior que o hidrogel”, começou escrevendo.
Ela aproveitou para fazer um alerta às mulheres que a seguem: “Não coloquem essas substâncias no corpo! O resultado não vale o risco, pois na maioria dos casos há formação de nódulos, enrijecimento da região, infecção, alergias, dor crônica, rejeição do organismo e até necrose do tecido. O corpo rejeita e tenta expelir de todo jeito!”.
Andressa Urach também comentou sobre nem sempre ser possível fazer a retirada do produto e que o “risco de morte é altíssimo”. “Foi em umas dessas tentativas que eu cheguei à sepse e fiquei em coma”, lembrou.