Uma cama para seis: homem abandona família, que não encontra ajuda no Noroeste

Na rua Estoril, quase esquina com a rua das Perdizes no Jardim Noroeste, região leste de Campo Grande, você encontra um barraco de 12m², onde Andressa dos Santos Silva, 25 anos vive com os 5 filhos. Dividindo a mesma cama com as crianças, e lutando para sobreviver, grávida de 8 meses da mais nova – […]

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Foto: Leonardo de França
Foto: Leonardo de França

Na rua Estoril, quase esquina com a rua das Perdizes no Jardim Noroeste, região leste de Campo Grande, você encontra um barraco de 12m², onde Andressa dos Santos Silva, 25 anos vive com os 5 filhos. Dividindo a mesma cama com as crianças, e lutando para sobreviver, grávida de 8 meses da mais nova – atualmente com 4 meses – foi abandonada pelo marido que saiu para trabalhar e nunca mais deu notícias.

A área ocupada há três meses é onde fica o refúgio da família que divide a mesma cama improvisada. Sem armários, paredes, eletrodomésticos, nem sequer um vaso sanitário ou um chuveiro, e nenhuma ajuda do Governo – que segundo o tio dela, nunca teve resposta – eles lutam pela sobrevivência aumentando as estatísticas da miséria no país, que em 2018 atingiu a marca dos 5,2 milhões de pessoas passando fome, 124 mil famílias em Mato Grosso do Sul, segundo o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social).

Segundo Andressa, o marido saiu para trabalhar há 5 meses e desde então ela não tem noticias. Ela conta que moravam em uma outra área ocupada, mas quando a filha mais nova completou um mês, o dono da área pediu para que eles saíssem.

Uma cama para seis: homem abandona família, que não encontra ajuda no Noroeste
Andressa e os 5 filhos que tiveram sua imagem preservada. Foto: Leonardo de França

“Nós achamos essa área, limpamos construímos o barraco e estamos aqui há três meses. Até o dono pedir para sairmos novamente”, disse.

O pedido de socorro ao Jornal Midiamax, veio pelo tio de Andressa. Um baiano que chegou em Campo Grande ainda bebê. Vendo a situação da sobrinha, sem ter o que dar para as crianças comerem, se desesperou. “A situação é desesperadora. Desde sábado ela tá sem nada. A gente quando pode ajuda, mas nem sempre consegue”, conta Silveira.

As duas filhas mais velhas de Andressa atualmente frequentam a escola, Maria Isabel tem 8 anos e está matriculada no 3º ano do ensino fundamental. Maíra tem 5 anos, e faz a pré-escola. Mas os três menores  – Mateus de 4 anos, Maikeli de 2 anos e a pequena Andreza de 4 meses – ficam em casa com a mãe.

“A gente não consegue vaga na creche, como que faz com as crianças? Eu não trabalho desde que a mais velha era pequena. É difícil. Mas antes tinha meu marido trabalhando. Agora somos só nós seis, e eu não tenho emprego”, contou ao Jornal Midiamax.

Em tempos de frio, Andressa relata que usa as únicas duas cobertas que tem, coloca os cinco filhos aninhados na cama e assim os mantém aquecidos. “A gente se vira para deixar pelo menos eles quentinhos. A gente sente um pouco de frio, mas pelo menos eles ficam quentinhos”.

O banho é frio e de balde. No local não há chuveiro. O pequeno espaço onde seria o banheiro é reservado para o banho gelado. Caso precisem de vaso sanitário, é preciso correr para a casa da irmã de Andressa que mora a algumas quadras dali.  “O banho é gelado mesmo. A gente só tem essa torneira aqui de fora. Não tem chuveiro não. O banheiro a gente usa da minha irmã ali embaixo”, explica.

Uma cama para seis: homem abandona família, que não encontra ajuda no Noroeste
O fogão da família que funciona de forma precária, e o pouco de arroz que eles tinham na despensa neste dia. Foto: Leonardo de França

Com um tom de quem já se conformou com a situação, e com cinco crianças sorridentes em volta. Andressa diz “Quando a gente consegue ajuda, a gente tem. Quando não consegue, fazer o que. Como vou deixar os três pequenos sozinhos em casa para trabalhar? ”, diz.

Nos pouco mais de 40 minutos que a equipe de reportagem esteve no local, o sorriso se manteve no rosto das crianças. Que, curiosas, nos olhavam e brincavam ao redor. E para esta terça-feira (18), tudo o que a família tinha na ‘despensa’ era um pouco de arroz armazenado em uma sacola de mercado, dentro do fogão que funciona como armário.

O pedido de Silveira é para quem puder doar roupas, sapatos, comidas e um carrinho de bebê para ajudar ela nos momentos em que precisa sair com os cinco. “Quem puder ajudar ela. Olha a situação tá difícil. São cinco crianças passando frio e às vezes fome”, conclui.

Quem puder ajudar a família, pode entrar em contato com o tio de Andressa pelo (67) 9 9650-9089.

Assistência Social

O Jornal Midiamax entrou em contato com a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) e foi informado de que uma equipe técnica será encaminhada ao local para fazer uma visita à família.

 

Matéria editada às 18h48 para acréscimo de informação.

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