Sem alarde, Consórcio Guaicurus diminui ônibus e aumenta espera em linhas principais

Com denúncias de passageiros apontando o aumento no tempo de espera em pelo menos 20 linhas do transporte coletivo urbano de Campo Grande, a reportagem do Jornal Midiamax apurou que as empresas do Consórcio Guaicurus cortaram inúmeras tabelas, ou seja, diminuíram o número de ônibus rodando, e aumentaram o intervalo entre as voltas dos veículos, […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
(Do arquivo Midiamax)
(Do arquivo Midiamax)

Com denúncias de passageiros apontando o aumento no tempo de espera em pelo menos 20 linhas do transporte coletivo urbano de Campo Grande, a reportagem do Jornal Midiamax apurou que as empresas do Consórcio Guaicurus cortaram inúmeras tabelas, ou seja, diminuíram o número de ônibus rodando, e aumentaram o intervalo entre as voltas dos veículos, principalmente durante os fins de semana.

A mudança, que não teve nenhum tipo de publicidade ou aviso oficial, segundo funcionários que falaram com a reportagem, vai impactar diretamente os clientes, aumentando ainda mais o tempo de espera nos pontos de parada que, na maioria, não possuem qualquer tipo de abrigo, além de aumentar a lotação.

“Com menos tabelas, uma linha tem menos ônibus rodando e passa menos vezes em cada ponto de parada. Assim, os carros andam mais cheios, e os empresários economizam. Mas, para a gente que trabalha, e principalmente para o passageiro, só vai piorar”, explicou um motorista.

Uma das linhas que sofreram cortes é a 070 – General Osório/Bandeirantes, uma das principais da cidade e com uma das maiores demandas de população. No final de semana por exemplo, a linha operava com 5 tabelas e um intervalo médio de 15 a 20 minutos, mas com o corte, o intervalo sobe para até 25 minutos de espera, já que passa a operar com somente 4 carros.

Os usuários da linha 071, que liga os terminais Bandeiras e Júlio de Castilho, também deve sentir na pele o impacto causado por corte de uma tabela. A linha operava com 3 carros e desta vez, cai para 2, praticamente tendo um intervalo alto entre uma volta e outra.

Os cortes não param por aí. As linhas que fazem ligação terminal-bairro também devem sofrer alterações, como é o caso da 502 que carrega os usuários do Hortência e que durante o final de semana, passará a ter somente um carro para atender a região, começando a partir deste sábado. A 306 – Buriti/Bom Jardim que antes eram 2 carros aos sábados e domingos à noite, agora é somente um.

Mais espera debaixo de sol e chuva

Sem alarde, Consórcio Guaicurus diminui ônibus e aumenta espera em linhas principais
Pontos de parada na periferia são apenas ‘tocos fincados’ e passageiros enfrentam sol e chuva (Marcos Ermínio/Midiamax)

Vários passageiros reclamaram nos últimos meses dos cortes das tabelas em suas respectivas linhas. O que a espera poderia acontecer de 10 a 15 minutos por tabela, passou a vigorar com 20 a 25 minutos e o usuário só vai descobrir depois de algum tempo notando o “buraco” entre um ônibus e outro.

Como a maioria dos pontos de parada, principalmente nos bairros de Campo Grande, são apenas tocos de madeira fincados na calçada, o tempo de espera maior não aumenta apenas o desconforto nas viagens e demora no deslocamento. Cada vez mais passageiros que ainda usam os ônibus enfrentam longos intervalos debaixo de sol e chuva.

Nas ruas, os clientes do transporte coletivo urbano já sentem o impacto. O porteiro Marcos Roberto, 45 anos, é usuário da linha 073 – Nova Bahia/Júlio de Castilho e identificou o corte na linha de pelo menos duas tabelas após ver que o horário de intervalo entre um carro e outro, subiu pelo menos 10 minutos.

“Pago uma passagem cara e eles ainda estão tirando os alongados e estão colocando os carros pequenos, desse jeito vai perder mais passageiro ainda”, afirmou o porteiro. Ele lamentou o fato de ter que vir nos ônibus pequenos e afirmou que fez denúncia ao Procon-MS.

Marcos explicou que também usa a linha 414 – Nova Campo Grande e alegou que somente nos horários considerados de pico, a empresa coloca um ou dois ônibus para reforçar o atendimento, mas que só dois ônibus costumam rodar.

Empresários nem aí

Segundo vereadores ouvidos pela reportagem, a postura dos empresários tem sido de total desprezo para com a fiscalização. A reportagem tentou contato com o Consórcio Guaicurus sobre as denúncias de cortes e, mais uma vez, aguarda retorno.

Os cortes entram em uma lista recheada de situações que poderiam acarretar em multas para os empresários do grupo. No entanto, a Agereg (Agência de Regulação de Serviços Públicos) nunca conseguiu aplicar uma multa sequer aos empresários, desde que o contrato milionário foi assinado, em 2012.

Agereg firme

O presidente da Comissão de Transporte da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Júnior Longo (PSB), acredita que a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos) deve manter essa postura mais firme com relação ao Consórcio Guaicurus.

O vereador lembrou que tanto a Câmara Municipal, quanto a Agereg já havia enviado comunicado para o Consórcio solicitando ajustes devido a denúncias e não cumprimento de pontos do contrato, porém, a empresa que explora o transporte coletivo da Capital nunca adotou medida para resolver estes problemas. Segundo o vereador, eles apenas respondiam com negativas.

Situação dos cadeirantes

Na segunda-feira (10), a reportagem mostrou os problemas que os cadeirantes sofrem e enfrentam no dia-a-dia com os elevadores dos ônibus estragados. De acordo com relatos, alguns cadeirantes já chegaram a sofrer quedas enquanto eram carregados.

Multa

Em entrevista para o Midiamax, o prefeito Marquinhos Trad lembrou que a sua gestão é a primeira a realizar notificação e quase multar o Consórcio Guaicurus em cerca de R$ 2,7 milhões por não renovar a frota que conta com mais de 80 ônibus com idade vencida, mas que deve receber 55 novos ônibus neste ano. O chefe do paço municipal lembrou que o contrato existe desde 2010.

Conteúdos relacionados