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Cotidiano

Segundo encontro de roça e Bem Viver reúne indígenas Kaiowá e Guarani

Aconteceu o segundo encontro de roça e Bem Viver com indígenas das etnias Kaiowá e Guarani. O encontro contou com a participação de representantes de 26 tekoha e cinco reservas indígenas do cone sul do Mato Grosso do Sul, reunindo 53 espécies de sementes. Destas, nove espécies eram de milhos, alimento considerado sagrado pelo povo […]
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Foto: Lídia Farias/Cimi regional Mato Grosso do Sul
Foto: Lídia Farias/Cimi regional Mato Grosso do Sul

Aconteceu o segundo encontro de roça e Bem Viver com indígenas das etnias Kaiowá e Guarani. O encontro contou com a participação de representantes de 26 tekoha e cinco reservas indígenas do cone sul do Mato Grosso do Sul, reunindo 53 espécies de sementes.

Destas, nove espécies eram de milhos, alimento considerado sagrado pelo povo Kaiowá e Guarani. Além disso, doze espécies de mudas, entre frutas e madeiráveis, foram trocadas entre os indígenas e demais participantes do encontro.

Com a duração de três dias, o encontro aconteceu às vésperas do dia 24 de junho, dia do Temity Ara (dia do Plantio), ou seja, o dia em que se iniciam as atividades agrícolas no calendário Kaiowá e Guarani. Neste dia, todas as sementes a serem plantadas serão batizadas, bem como o espaço onde a futura roça será feita.

Segundo Atana, Nhanderu da aldeia Limão Verde, “sem sementes não há futuro. As sementes são como as crianças, elas precisam ser bem recebidas e abençoadas para que possam viver felizes na terra”. O rezador considerou ainda que “quem tem roça está sossegado com suas famílias, quem não tem, não tem paradeiro”, ou seja, está perdido tendo que encontrar alimentos para o seu grupo familiar.

A reflexões trouxeram à tona a histórica desigualdade na distribuição das terras na região, ocasionando às famílias indígenas a situação de confinamento humano. Sem lugar para plantar, e com uma política de cesta básica para compensar a falta do território, os conhecimentos são interrompidos entre as gerações.

Parte considerável da geração de jovens já não conhece mais os segredos do plantio, das roças, colheitas, rezas, tradições. “Sem as nossas terras, a terra dos nossos ancestrais, as crianças e jovens de hoje não sabem mais usar ferramentas de roça como machete, enxada, e etc, estamos perdendo nossas crianças para a morte”, denuncia Valdomiro, de Tajasu Iguá.

Elpidio, liderança do tekoha Potrero Guasu, no município de , demostrou muita preocupação com o envenenamento da natureza, lembrando que neste governo muitos agrotóxicos vêm sendo liberados. Ele teme pela saúde da Mãe Terra: “eles colocam veneno no aviãozinho, mais não cai só nas lavouras de soja, cai sobre nossas aldeias, a água é contaminada e as crianças sofrem com dor de barriga e problemas respiratórios”.

Para o povo Kaiowá e Guarani, reza, semente e roça não se separam, estão interligadas. As rezas são importantes para que as sementes possam germinar, crescer, ficar grandes e saudáveis, por isso durante todo o encontro os mais de 40 Nhande ru (nosso pai) e Nhande si (nossa mãe) presentes, rezavam sobre a terra, sementes, pessoas e animais para que os males se afastassem daquele lugar sagrado, o tekoha Tey’i Jusu, que envolveu toda a comunidade para receber as quase 200 pessoas para o segundo encontro de roça. A comunidade preparou, além de uma alimentação deliciosa, aconchegantes espaços para o pouso. Durante as três noites do encontro, grandes rodas de guaxiré (dança de alegria) se formavam próximas às fogueiras.

Camponeses do estado do Paraná doaram para o encontro 400 kg de sementes diversas e orgânicas como amendoim, milho e feijão, o que fez com que todos os participantes pudessem levar para as suas aldeias uma diversidade grande de sementes abençoadas para as próximas roças.

Desde 2008, a escola Nhandejara Polo e outras escolas da reserva Tey’i Kue realizam a cerimônia do Temity Ara no dia 24 de junho na sede da aldeia. Em 2019, pela primeira vez, os professores e alunos foram participar do ritual em um tekoha situado nos arredores da Reserva. A área do tekoha Tey’i Jusu foi recuperada pelos indígenas no ano de 2015.

*Com assessoria Cimi

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