Começou a nova etapa da reforma da , em . O projeto apresenta melhorias no sistema de drenagem e pavimento, além de um possível corredor de ônibus para tornar a via mais rápida aos motoristas. Porém, os comerciantes da região pedem que a Prefeitura faça revisões no projeto no que se refere à retirada total dos estacionamentos, pois estimam prejuízos.

É de consenso de todos a necessidade de trocar o pavimento e melhorar o escoamento de água, só que o projeto apresentado pelo prefeito Marquinhos Trad, em uma reunião, não agradou a todos. “Eu acho que não está claro para toda a população o que vai ser feito exatamente, a criação de três vias vai favorecer apenas quem quer ir da Coophavila para Afonso Pena, não quem precisa vir em um comércio daqui”, afirma Marco Aurélio, 40 anos, proprietário de uma distribuidora e assistência técnica de equipamentos de som.

Nova etapa: comerciantes reprovam fim do estacionamento na Bandeirantes
“Aqui vai ficar sem estacionamento como é a Zarhan e a Júlio de Castilho”, afirma Marco Aurélio. (Foto: Leonardo de França)

Segundo o que foi apresentado, haverá redução das calçadas e serão retirados os estacionamentos dos dois lados para criação de três vias. O corredor de ônibus será a esquerda, sendo necessário a criação de ilhas para que o passageiros desçam, já que as portas dos coletivos se abrem para direita. Com isso, a pista do meio e direita fica livre para os outros veículos.

“Imagina uma pessoa que precisa descarregar uma peça, que pode chegar a 25 kg, e não vai ter onde parar o carro dela, como vai descarregar? E onde os distribuidores vão fazer a carga e descarga? Fora os clientes, que não vão ter onde parar, vão ter que circular mais no entorno, acabam que desistem e vão para outra loja”, pontuou Marco.

Ainda segundo Marco, os lojistas estão lutando para que o projeto seja revisado, mas a administração municipal alega não poder mudar o que já foi aprovado pelo Governo Federal. “Eles falam que esse projeto foi autorizado ainda no governo Dilma Rousseff. Tudo bem, mas os comerciantes não foram ouvidos. Não se pode prosseguir com um projeto visando apenas a verba que tem para receber”, defende o empresário.

Nova etapa: comerciantes reprovam fim do estacionamento na Bandeirantes
Davi têm empreendimentos na Bandeirantes há mais de dez anos. (Foto: Leonardo de França)

Para o proprietário de uma garagem de veículos, Davi Garcia, 57 anos, setor predominante na Bandeirante, a reforma é necessária, mas os lojistas vão insistir na ideia de rever o que planejam para a avenida. “A avenida Bandeirantes já foi mão dupla, já teve até canteiro no meio e vimos que não dá certo, pois é muito estreita. São mais de 90 lojistas do setor automobilístico, são donos de garagem, borracharia e acessórios. Como colocar um carro para trocar em uma garagem se não tem como estacionar?”, é o principal questionamento de Davi.

Há quem já está sentindo as consequências de forma imediata. “Desde que começaram, o fluxo de clientes diminuiu mais de 50%. As pessoas não estão conseguindo parar desse lado, ai precisam estacionar muito longe e desistem de voltar”, relatou Jéssica Priscila, 26 anos, que trabalha em um conveniência na Bandeirantes, esquina com a 26 de Agosto, que está com metade da via interditada pelas obras.

“Hoje é o primeiro dia efetivo da obra e eu não tive nenhum cliente, o que estou mexendo hoje são os que já estavam aqui”, diz o proprietário de uma loja de acessórios para carros, Paulo Cezar, 42 anos. Já Humberto Miyajima, 55 anos, ainda está confusa essa reforma. “Ainda não entrou ninguém na minha loja desde que começou a reforma. Para mim, ainda está confuso o que vão fazer”, definiu.

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A avenida está apenas com uma via liberada. (Foto: Leonardo de França)

A revitalização da Avenida Bandeirantes, integra o projeto de mobilidade urbana, a via faz parte do corredor do sudoeste, ligação entre o centro da cidade e os terminais Bandeirantes e General Osório. O projeto, incluindo a sinalização e sete estações de pré-embarque, está orçado em R$ 8,7 milhões. Serão executados 4,1 km de recapeamento. A Prefeitura informa que todo o pavimento atual, que está comprometido e cheio de ondulações por sucessivos tapa buracos, será retirado e em alguns locais, até a base do asfalto será refeito, o chamado remendo profundo.

CDL fez estudo

Levantamento da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) apresentado nesta terça-feira (30) indica que aproximadamente 1/3 dos 370 negócios na Avenida Bandeirantes é composto por garagista de renvenda de veículos. Segundo a entidade, estima-se que os 113 estabelecimentos de revenda na via seriam responsáveis por movimentar cerca de R$ 50 milhões mensais.

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(CDL | Divulgação)

Os números acusam existência de 317 vagas de estacionamento do lado direito da Bandeirantes e 341 do lado esquerdo – onde o corredor de ônibus deverá ser instalado. Ao todo, seriam 370 negócios, entre bancos, postos de gasolina, garagens e outros negócios.

 

O estudo da CDL também aponta algumas saídas para minimizar o impacto das obras a lojistas. A principal delas é a realização de Feirões de garagistas em locais alternativos, além de divulgação publicitária massiva.

“Esses feirões não são só de carros, mas de outros prestadores de serviço, como lava-jatos, lanchonetes, tudo com o objetivo de vão deixar cair a rentabilidade das empresas”, acrescenta. Um dos locais sugeridos, a propósito é a Praça do Papa. “Mas também tem uma ideia de fazer feirão no Autódromo, com possibilidade de fazer o teste do veículo no local”, diz.

Uma nova reunião está marcada para a noite da próxima segunda-feira (6), quando CDL e os empresários devem avaliar propostas. “A partir disso vamos definir nossa pauta de reivindicações. E na sequência já marcamos data com o prefeito”, conclui Vila. Confira AQUI o levantamento na íntegra.

(Colaborou Guilherme Cavalcante)

* Matéria atualizada às 13h45 para acréscimos de informações.