A onda de calor tem se intensificado nos últimos meses e o registro das alturas temperaturas em Campo Grande, além dos altos índices de raios UV têm acendido o alerta para doenças de insolação e câncer de pele. Nas atuais condições, trabalhadores ficam expostos ao sol e por muitas vezes, recorrem a itens cruciais e estratégicos como garrafas de água, protetores solares e camisa de manga comprida, que auxilia na absolvição do suor.

Os índices de raios ultra violetas em Campo Grande atingiram níveis extremos em determinados horários nesta quarta-feira (30), conforme o Climatempo. Para os próximos dias, a previsão é que os índices continuem acima do normal. Os horários registrados foram das 07h, 09h, 12h e das 15h – inclusive este quando a reportagem conversou com os trabalhadores.

O setor das obras em asfaltos pode-se dizer que entra na lista de um dos serviços que mais sofrem com o calor. Um encarregado de obras, de 48 anos – que preferiu não ser identificado – está na frente do serviço de recapeamento na rua Bahia, e conta ao Jornal Midiamax que apesar do calor, “tem que se adequar ao serviço”. “Já trabalhei em Cuiabá que é bem pior, nem vento tem, mas o corpo acaba se acostumando”.

Um dos apetrechos para evitar insolação é o capacete. O encarregado explica que o acessório acaba sendo melhor e mais fresco que um boné ou até mesmo um chapéu, por ter uma espécie de “entrada” que facilita a circulação dos ventos.

O intervalo também ajuda a conter o desgaste físico. O trabalhador exemplifica que quando a obra avança e o caminhão passa no asfalto, um dos setores da obra com alguns funcionários descansa e quando acaba, a outra turma começa a descansar e acabam se intercalando.

Radiação atinge níveis extremos em MS e trabalhadores se viram como podem contra insolação
Edimar conta que sol é um desafio a mais no trabalho. (Foto: Leonardo de França, Midiamax)

Edimar Souza Ramos, 42 anos é um dos operadores de máquinas costal da Solurb que está responsável por cortar grama e fazer a limpeza dos canteiros centrais da Avenida Fernando Correa da Costa. No período da manhã, onde o calor ainda não é tão intenso, o trabalhador explica que o ritmo é menos puxado porque ainda estão “entrando no ritmo”.

“De manhã, apesar do tempo estar mais fresco, o ritmo é mais lento e no calor acaba sendo maior porque a gente já pegou o ritmo. Já estou acostumado, trabalhei em empregos piores, mas não tem que reclamar. O calor acaba sendo um desafio a mais”, diz Edimar.

O operador conta que fica das 8h30 até às 17h mais ou menos e que nesse tempo, a empresa dá assistência em locais que não possuem sombra, como entregando garrafas de água gelada e trazendo coberturas e etc. Ramos adere ao uso dos protetores, da camisa de manga comprida e também, muita água para se refrescar.

O serviço de panfletagem é comum em Campo Grande e pode ser visto nas principais avenidas da cidade. Como é o caso do panfleteiro, de 40 anos – que também pediu para não ser identificado – que esteve divulgando o serviço de uma empresa nas ruas do centro. Ele conta que o trabalho, apesar de simples, é bastante desafiador.

“É bem difícil, mas a gente tem que encarar o serviço e encarar também a adversidade do tempo. O guarda-sol é o único auxílio quando não temos sombra”, disse. O adereço chamou a atenção da reportagem e segundo ele, o guarda-sol chinês “salva” nos dias em que está mais calor do que o normal.

Para fugir do calor, o panfleteiro carrega consigo água com gelo, camisa de manga comprida e luva como principais acessórios na sua jornada. Com o intervalo de 30 minutos divididos em dois turnos, o trabalhador conta que sofre discriminação, mas fica contente por ter uns “trocados” para comprar uma água nos estabelecimentos comerciais.

O que diz um dermatologista?

A dermatologista Maria das Graças Spengler explica que a insolação e o câncer de pele, doenças mais comuns quando as pessoas ficam expostas ao sol, acontecem de formas diferente e possuem tratamentos semelhantes. Ela também dá dicas para evitar desgaste e também, quais acessórios devem ser utilizados pelos trabalhadores no dia-a-dia.

“A insolação é um quadro mais agudo, é um quadro de intensa exposição ao sol de uma forma mais pontual, sem ventilação, sem beber líquido, então a pessoa tem que usar alguma proteção. O câncer de pele é um quadro mais crônico, já é decorrente de uma exposição solar mais crônica, prolongada ao longo da vida, é um efeito cumulativo da exposição ao sol”.

Para a dermatologista, as pessoas que trabalham expostas ao sol precisam beber bastante água e uma média por dia, ela afirma que tudo vai depender do tempo que a pessoa ficar exposta ao sol, mas diz que é preciso no mínimo, ingerir dois litros de água. E o protetor? A doutora também explicou o uso do protetor solar.

“O tempo mais ou menos preconizado de aplicação é de três em três horas, mas depende de alguns fatores, por exemplo, de quando a pessoa usar o protetor e depois uma hora removeu por algum motivo, ela vai ter que reaplicar o produto. Se a pessoa está usando regularmente o protetor, a média de uso é de três em três horas”.

Tratamento das doenças

Para as pessoas que acabam pegando insolação, a dermatologista afirma que é preciso de um acompanhamento médico por conta da dor de cabeça, cefaleia, mal-estar e o quadro de desidratação. Já para o câncer de pele, quando ele se manifesta em pessoas adultas, “o ideal é consultar um dermatologista”.

“Tratamento cirúrgico é o mais comum. Se for feito um diagnóstico precoce, às vezes consegue fazer um tratamento clínico sem ser cirúrgico”.