Cerca de 8 mil educadores de Campo Grande tomaram ruas da Capital na manhã desta terça-feira (13), em adesão à paralisação nacional em defesa pela educação, segundo estimativa da organização. Devido à adesão, que ocorreu também em cidades do interior de MS, escolas não tiveram aulas.
Em MS, a manifestação contou com professores universitários, estaduais e municipais. Integram a frente a Fetems, (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), ACP (Sindicato Campo-Grandense de Profissionais da Educação Pública), CNTE (Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação), além de outras entidades.
A concentração do ato na Capital teve início por volta das 8h, em frente à ACP, na Rua 7 de Setembro, região central. De lá, a categoria seguiu em passeata pelas ruas da região, passando pela Avenida Afonso Pena, Rua Arthur Jorge (Paço Municipal), retornando à Avenida Afonso Pena até a Rua Rui Barbosa. De lá, seguiram pela Dom Aquino, Rua 13 de Maio, até chegarem à Praça Ary Coelho.

A manifestação nacional também contemplou pautas locais, como o corte salarial na remuneração de professores contratados na REE (Rede de Ensino Estadual) e também substituições que afetaram, principalmente, o setor de Educação Especial na Reme (Rede de Ensino Municipal).
“A manifestação é contra os corte do Executivo Federal na educação, principalmente contra o Plano Nacional de Educação, aprovado em 2014. Mas, em relação a MS, estamos denunciando o corte de 32% na remuneração de professores contratados do Estado e também os cortes que afetaram a educação especial”, destaca a secretária Geral do CNTE em MS, Fátima da Silva.

O secretário de Formação da ACP, Gilvano Bronzoni, destacou que há, atualmente, um enfraquecimento das políticas educacionais em todas as esferas. “Hoje é mais um dia de luta e resistência contra os cortes da educação pública, da qual não vamos abrir mão de sua valorização. A ACP defende uma educação pública de qualidade”, destacou.

Jaime Teixeira, presidente da Fetems, destacou que além da redução salarial de contratados, outra preocupação é a ausência de investimento na educação infantil, já que 64% das crianças de zero a 6 anos não teriam vagas nas escolas.
“Essa manifestação quer deixar um recado claro para o governo Federal: nós somos resistência em relação aos cortes, que neste ano chega a R$ 7,5 bilhões. Também vamos continuar resistindo contra a reforma da previdência no Senado”, destacou.
Professores nas ruas
Educadores de diversas áreas – desde a educação infantil, passando pelo ensino médio e chegando ao ensino superior – compuseram a multidão estimada em 8 mil. Entre eles, a professora concursada na Semed (Secretaria Municipal de Educação) e na SED (Secretaria de Estado de Educação), Ana Paula Garcia, destacou como é afetada.
“Estamos sofrendo em todas as áreas educacionais, mas nossa principal reclamação é que o município cortou o investimento em educação especial”, detalhou a professora, que é mãe de um estudante com paralisia cerebral e espectro do autismo. Segundo ela, a substituição de professores graduados e pós graduados por técnicos que ganham menos e trabalham o dobro da carga horária descontinuou a qualidade do atendimento a crianças com deficiência.

“Além disso, também houve corte nos laboratórios de ciências: os professores de informática, formados, estão sendo por técnicos. Lamento que Campo Grande esteja seguindo esse rumo. Éramos considerados a Capital modelo de inclusão”, aponta.
Outro professor da rede pública, Willian Martinhão, que atua como professor de história em uma escola de ensino médio da rede estadual, também destacou os malefícios da redução salarial de professores contratados. “Isso provoca a segregação entre contratados e concursados, um desalinhamento desnecessário. Isso chega a ser um absurdo. É pura segregação”, aponta.
Docentes de ensino superior também estavam no ato, como a professora Rosilene Caramalac, do curso de Psicologia da UFMS (Universidade Federal de MS). “Não poderíamos deixar de estar aqui. Seria um absurdo, independente de todos os cargos da universidade. Estamos em luta contra os cortes, contra a precarização da educação”, aponta.
Professor do curso de Letras da mesma universidade, Flavio Adriano Nantes destacou que os cortes do governo federal afetam o desenvolvimento social como um todo. “A sociedade sofre, porque os cortes prejudicam as entidades que mais produzem ciência e tecnologia no país! Como ficam essas áreas? Sangue artificial, por exemplo, foi criado numa universidade pública brasileira. Sociedade sofre como um todo com os cortes”, finaliza.
De acordo com os organizadores locais do ato, uma plenária está prevista para às 15h desta terça, na ACP, a fim de discutir as reformas trabalhistas com procurador Paulo Douglas, do MTE (Ministério Público do Trabalho)