Moradores da comunidade indígena Guyraroka apresentaram sintomas de intoxicação após a pulverização de calcário em uma fazenda ao lado do acampamento em Caarapó, a 273 km de Campo Grande. O MPF (Ministério Público Federal) vai investigar se a pulverização de agrotóxico foi a causa dos sintomas nos indígenas, que tiveram dores de barriga, febre, cansaço, falta de ar, dores no peito e vômito.
Segundo informações do MPF, o objetivo do inquérito é identificar os responsáveis e a natureza do produto químico utilizado. Com isso, o Ministério vai adotar medidas jurídicas de combate e prevenção de novas ações como esta.
“Durante a diligência realizada pelo MPF, o ancião da comunidade, Tito Vilhalva, contou que os funcionários da propriedade rural gradearam a terra e posteriormente foi pulverizado o calcário. Como o vento estava forte na época, o produto terminou atingindo a comunidade. Para o ancião, quem mais sofre com a exposição dos produtos são as crianças, pois a escola indígena fica apenas a 10 metros da propriedade rural”, ressaltou o Ministério Público.
Ainda segundo relatos de indígenas ao MPF, no dia da contaminação, uma merendeira encontrou vestígios do calcário nos pães que seriam oferecidos às crianças na escola. A merendeira contou que boa parte das crianças, entre 5 e 7 anos, apresentaram sintomas de intoxicação. Os moradores informaram que, pela distância do hospital até a comunidade, optaram pela utilização dos medicamentos naturais que são usados na tradição indígena.
A comunidade indígena Guyraroka é composta por 30 famílias, no total de 110 pessoas, das quais 45 são crianças e 25 são idosos. A área já foi objeto de estudos de identificação e delimitação pela Funai (Fundação Nacional do Índio), tendo sido declarada como território tradicional indígena, faltando somente a colocação dos marcos físicos, que limitam a área, e a homologação pela Presidência da República.
O processo de demarcação foi interrompido em 2014, quando a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou o pedido do proprietário rural e anulou o processo de demarcação do território. Os guarani kaiowá buscam reverter a decisão.
(com informações do MPF-MS)