Motoristas de ônibus acusam Consórcio de desligar GPS para esconder ‘manobra’ nas tabelas
Depois que passageiros denunciaram o aumento no tempo de espera de algumas linhas do transporte coletivo com o corte de tabelas, agora são funcionários das empresas do Consórcio Guaicurus que revelam suposta manobra dos empresários para economizar aumentando o tempo de espera para quem usa ônibus em Campo Grande. Segundo motoristas, eles estariam sendo orientados […]
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Depois que passageiros denunciaram o aumento no tempo de espera de algumas linhas do transporte coletivo com o corte de tabelas, agora são funcionários das empresas do Consórcio Guaicurus que revelam suposta manobra dos empresários para economizar aumentando o tempo de espera para quem usa ônibus em Campo Grande.
Segundo motoristas, eles estariam sendo orientados e pressionados para ‘esticarem’ os intervalos nos ‘pontos finais’ durante os fins de semana. Com a medida, eles rodariam menos vezes que o previsto nas tabelas de cada linha, com consequente economia de combustível e desgaste de pneus, por exemplo, para as empresas.
De acordo com a denúncia, a ‘manobra’ dos empresários deixa os passageiros mais tempo esperando nas paradas do trajeto, enquanto os ônibus ficam parados nos pontos finais de algumas linhas.
‘Menos voltas, mais espera e mesmos passageiros’
“Como são linhas menos movimentadas, eles mandam a gente aumentar o intervalo para ‘colar’ algumas voltas. Com isso, aumenta o número de passageiros, e consequentemente o tempo de espera. Demora mais para o ônibus passar, e a cada volta a gente carrega mais gente. No fim da tabela, a gente acaba carregando o mesmo número de passageiros, então é lucrativo”, explica um funcionário.
“Geralmente há um tempo limite para os intervalos entre cada ônibus, mas nos orientam a ficar mais tempo nos pontos finais para que acumule mais passageiros durante o trajeto. Isso acaba prejudicando todo mundo, não só nós motoristas”, afirmou um motorista ouvido pela reportagem.
Recentemente, a reportagem identificou cortes em mais de 20 linhas da cidade, o que impactaria de forma pesada nos clientes de bairros mais distantes que sofrem com a longa espera, escorados em um ponto sem qualquer tipo de abrigo.
Além de piorar a qualidade do serviço prestado, que já é considerado péssimo pelos clientes, a suposta manobra do Consórcio Guaicurus revelaria outro ponto falho no cumprimento do contrato de concessão assinado em 2012, relacionado às tecnologias de monitoramento.
GPS desligado
Para ‘mascarar’ as mudanças nas tabelas, duas ferramentas para o monitoramento do transporte público em Campo Grande, o aplicativo Moovit e o site Mobilibus, que deveriam estar conectados com os veículos por meio de um GPS para identificar onde os ônibus estão e quanto tempo mais ou menos demoram até chegar em determinado ponto, estariam sendo desligados propositalmente, de acordo com os funcionários.
O que seria uma ajuda extra para os clientes enfrentarem a espera, acaba se tornando um pesadelo. Nos finais de semana, os GPS dos veículos não seriam ligados devidamente e o monitoramento estaria ficando inviabilizado. Sem os carros no mapa, fica comprometida a logística dos clientes.
Com a queda na qualidade, só despenca o número de campo-grandenses que ainda enfrenta o transporte coletivo na cidade. O dado, inclusive, é argumento que os empresários estariam tentando usar a favor deles, calculando a necessidade de cobrar ainda mais caro porque teriam menos clientes.
A responsabilidade pela fiscalização do funcionamento do monitoramento, segundo a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), é da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos). A reportagem tentou contato com os dois órgãos, e ainda com a Prefeitura Municipal de Campo Grande pedindo detalhes sobre como está funcionando o monitoramento com mapeamento e se existe um relatório dos atrasos relatados, e aguarda resposta.
Empresários nem aí
Segundo vereadores ouvidos pela reportagem, a postura dos empresários tem sido de total desprezo para com a fiscalização. A reportagem tentou contato com o Consórcio Guaicurus sobre as denúncias de cortes e, mais uma vez, aguarda retorno.
Os cortes entram em uma lista recheada de situações que poderiam acarretar em multas para os empresários do grupo. No entanto, a Agereg (Agência de Regulação de Serviços Públicos) nunca conseguiu aplicar uma multa sequer aos empresários, desde que o contrato milionário foi assinado, em 2012.
Postura da Agereg
O presidente da Comissão de Transporte da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Júnior Longo (PSB), acredita que a Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos) deve ter postura mais firme com relação ao Consórcio Guaicurus.
O vereador lembrou que tanto a Câmara Municipal, quanto a Agereg já havia enviado comunicado para o Consórcio solicitando ajustes devido a denúncias e não cumprimento de pontos do contrato, porém, a empresa que explora o transporte coletivo da Capital nunca adotou medida para resolver estes problemas. Segundo o vereador, eles apenas respondiam com negativas.
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