Depois de anunciar o projeto de transformação do Hotel Campo Grande em um condomínio popular no centro da cidade, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) afirma que tem uma reunião nesta quinta-feira (22) para tratar do valor do prédio. Trad ainda ressaltou que a iniciativa privada não quer investir no hotel, dando a entender que pretende negociar o valor.

“Apresentei [o projeto], amanhã tenho uma reunião com o espólio, aquele que está à frente do inventário desse hotel, para seguir toda a tramitação. Eu vou até as últimas consequências”, frisa.

Marquinhos deve negociar ainda nesta semana hotel para abrigar casas populares
“Ninguém vai investir algo ali para não ter retorno”, disse Marquinhos sobre o Hotel Campo Grande. (Foto: Henrique Arakaki)

Segundo o prefeito, dificilmente a iniciativa privada irá comprar o hotel e, do jeito que está, há a possibilidade de que ele seja implodido. Trad ressalta que, só para reformar, o custo é de R$ 35 milhões. Além disso, há dívidas de impostos municipais, estaduais e federais. “Ninguém vai investir algo ali para não ter retorno”.

A respeito da reunião em Brasília, realizada nesta semana, Marquinhos Trad afirma que o objetivo da viagem foi justamente apresentar a ideia do condomínio popular. Como no Ministério do Desenvolvimento Regional já havia um projeto parecido, era preciso apenas que os municípios interessados apresentassem o projeto técnico, o que já foi feito.

Favelão vertical

O prefeito ainda falou sobre os comentários de que o Hotel Campo Grande poderia se tornar um ‘favelão vertical’ no centro da cidade. Ele se diz ‘perplexo’ com o preconceito de alguns moradores e afirma que todo mundo merece morar no centro, mesmo que não tenha tido tantas oportunidades na vida.

“Eu fiquei chateado, pobre de espírito foi quem fez aquele comentário. São pessoas que merecem viver no centro da cidade também. Não vai virar pombal ou varal com roupa no centro da cidade, vai ser moradia de seres humanos dignos”, falou.

Trad ainda falou sobre os comentários de que as moradias só terão quarto e banheiro. “Vai lá ver o tamanho do quarto e do banheiro [do hotel]. É quase do tamanho da casa das pessoas”.

Comerciantes são contra condomínio no hotel

Nesta quarta-feira (21), a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) se posicionou contra a ideia e diz que é preciso planejamento. A entidade ressalta que defende o retorno dos moradores ao centro, mas não da maneira apresentada. “É preciso que seja feito com planejamento, garantindo bem-estar e qualidade de vida e não simplesmente jogando famílias em um lugar sem qualquer infraestrutura para uma habitação saudável e digna”, diz a CDL.

A CDL diz que espera que a administração municipal promova um amplo debate sobre o assunto. “Ouvindo a população, empresários, entidades e instituições, para que a decisão seja tomada pelo bem das pessoas, sem populismo, ou intenções especulativas”, diz.

Proposta para ocupar o Centro

No projeto, o condomínio popular não deve contar com vagas de garagem e deve dispor de um recurso chamado fachada ativa, que é quando os primeiros pavimentos tem utilização comercial ou institucional. A ideia é que no térreo haja uma base da Guarda Civil Metropolitana no primeiro pavimento, e possivelmente uma unidade da Emha (Agência Municipal de Habitação) no térreo.

A obra tem outros diferenciais, como recursos de vedação solar feitos com chapas de ferro e grafismos que devem presentear o Centro com um grande mosaico do poeta Manoel de Barros. “Menino do Mato”, a propósito, é uma obra do poeta. E cada andar trará referências a poemas de Barros.

Segundo o diretor de Habitação e Programas Urbanos da Emha, Gabriel Gonçalves, o projeto prevê a reforma dos antigos quartos de hotel em apartamentos de pequena dimensão. E isso tem um propósito: “Acreditamos que desta forma iremos atrair uma população mais jovem, que faz parte da equação de ocupação do Centro. A vida noturna, por exemplo, pode ser fomentada”, detalha.