Depois de polêmicas envolvendo o sorteio de 602 apartamentos da Agehab (Agência de Habitação Popular), um dos inscritos resolveu representar contra a agência e pedir providências ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Na representação, feita ao Ministério Público ainda nesta quinta-feira (4), o inscrito pede que a Agehab explique qual foi o software usado para o sorteio dos imóveis.

O aposentado Rubens Britto, de 66 anos, conta que resolveu recorrer ao MPMS por que acredita que não houve transparência no certame. Ele aponta que uma ‘metodologia duvidosa’ lançou uma listagem com nomes repetidos e que a duplicidade dos nomes já traz indícios de que algo estaria errado.

Ele afirma, ainda, que listagem que o sorteio lançou ao telão não apresentou os reservas no momento da repescagem, quando rodava o sistema, mas somente apareceram na lista publicada depois. “Quais foram os motivos que ensejaram a ocultação dos nomes dos titulares reservas não fazendo eles parte integrante da listagem sequencial lançada de público no telão?”, questiona.

O aposentado ainda afirma que, quando o programa que faria o sorteio eletrônico foi acionado, uma ampulheta rodou na tela por minutos e daria indícios de que o sistema teria travado. Para o inscrito, o software deveria prosseguir com o sorteio sem interrupções. Ele ainda alega que a publicação da lista de sorteados foi feita pouco tempo após o sorteio e desconfia de fraude.

Nomes duplicados e presa sorteada

No mesmo dia do sorteio, dúvidas e reclamações dos inscritos na Agehab começaram a surgir. Na lista divulgada, alguns candidatos foram sorteados para apartamentos em dois residenciais diferentes.

Em nota, a Agência explicou ao Jornal Midiamax que isso ocorre porque os empreendimentos foram sorteados por ordem alfabética, assim, se no primeiro uma pessoa foi sorteada como reserva, ela continua concorrendo no próximo. Uma vez selecionada como principal – como ganhadora do apartamento, ela sai da lista de concorrentes do sorteio seguinte.

O sorteio seguiu critérios federais, já que uma portaria do Ministério das Cidades regulamenta o processo de seleção. “Os candidatos indicados na lista de suplentes continuam no cadastro habitacional e podem participar concomitantemente da seleção de outros empreendimentos”, diz o documento.

Uma outra denúncia aponta que uma detenta acusada de homicídio foi contemplada como reserva em um dos empreendimentos. Pâmela Ortiz de Carvalho figurou os noticiários em fevereiro deste ano, quando teria matado uma idosa com pancadas na cabeça. A Agehab explica que foram considerados habilitados para o sorteio pessoas com o cadastro atualizado em até dois anos.

De acordo com a Agência de Habitação, a candidata mantém seus direitos civis preservados, pois está presa provisoriamente. Ela só perde o direito quando a sentença condenatória for transitada e julgada. A Agehab ressalta, ainda, que os candidatos sorteados devem passar pela análise documental para comprovar as informações do cadastro. No caso de Pâmela, ela só deve apresentar os documentos se passar a configurar como principal no sorteio.