Indígenas paraguaios da comunidade Takuara’i, de etnia avá-guarani, afirmam terem sido vítimas de pistoleiros, que em outubro de 2018, teriam expulsado 37 famílias de suas terras, localizadas distrito de Corpus Christi, en Canindeyú. O local fica próximo ao município brasileiro de Sete Quedas (MS), a cerca de 470 km de Campo Grande.

Após o conflito, indígenas da referida comunidade estão desde 18 de dezembro de 2018 acampados em frente ao Congresso do Paraguai, em Assunção, onde cobram das autoridades providências para a retomada das terras – uma área de cerca de 1.500 hectares que pertenceria aos avá-guarani há pelo menos um século.

Indígenas paraguaios acusam brasileiro de ataque que acabou em morte na fronteira
Indígenas protestam há três meses em frente ao Congresso paraguaio (Foto: Reprodução | Twitter)

Ao lado de outras comunidades, eles também reivindicam a destituição de Ana María Allen, presidente do Instituto dos Indígenas, órgão equivalente à Funai, por considerarem que desde o conflito, ocorrido em 28 de outubro passado, o governo paraguaio não tomou qualquer providência.

Segundo depoimentos dos manifestantes em redes sociais, os pistoleiros teriam seguido ordens do brasileiro Fábio Siqueira Fernandes para uma emboscada e teriam utilizado de violência e até de tortura contra crianças e idosos. O caso é investigado por uma comissão paraguaia, conforme o jornal argentino La Nación.

Assassinato

A denúncia dos indígenas aponta, ainda, que os pistoleiros seriam responsáveis pelo assassinato de Isidoro Barrios, de 27 anos, que teria sido morto em frente a família e tido seu corpo levado pelos pistoleiros, em 16 de setembro de 2018. Além de Isidoro, uma mulher chamada Graciela García Benítez, de 27 anos, também estaria desaparecida.

Indígenas paraguaios acusam brasileiro de ataque que acabou em morte na fronteira
Indígenas acusam brasileiro de ordenar expulsão que terminou em uma morte (Foto: Reprodução | Levante Indígena)

“Nossos irmãos foram atacados por civis. Nós não sabemos onde está o corpo do nosso irmão. Queremos remover o corpo”, diz um indígena em um vídeo que circulou, na época, nas redes sociais.

A reportagem não conseguiu contato com Fábio Siqueira Fernandes. Porém, à Folha de S. Paulo, o fazendeiro negou o homicídio e afirmou que não houve uso de violência na desocupação da terra, que teria sido comprada por seu pai em 1982.

Fernandes também declarou que os indígenas teriam permanecido no local por período entre 60 e 90 dias e que teriam deixado a região após pagamento de quantia em dinheiro, cujo valor não foi revelado. A terra teria sido arrendada para produção de soja.