Enquanto esperam ‘local definitivo’, ambulantes voltam ao centro de Campo Grande
Desde o final do ano passado a calçada da Praça Ary Coelho e um pedaço da calçada em frente ao Banco do Brasil, na avenida Afonso Pena, tem sido o espaço reservado para os comerciantes ambulantes que antes estavam espalhados por toda a rua 14 de Julho. Isso porque a Prefeitura de Campo Grande decidiu […]
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Desde o final do ano passado a calçada da Praça Ary Coelho e um pedaço da calçada em frente ao Banco do Brasil, na avenida Afonso Pena, tem sido o espaço reservado para os comerciantes ambulantes que antes estavam espalhados por toda a rua 14 de Julho. Isso porque a Prefeitura de Campo Grande decidiu abrir 20 vagas para os trabalhadores informais se estabelecerem.
No local, é possível encontrar quase tudo, as mudas de açaí dividem espaço com o vendedor de maço de cigarro, salgados, acessórios de frio, eletrônicos importados, guarda-chuva, energético, ervas medicinais, crochê, bijuterias artesanais e frutas.
Para o comerciante Algeu Vaz, de 54 anos, o trabalho informal não foi uma opção. Ele conta que tentou encontrar um serviço registrado, porém, por conta do tratamento de câncer que sua esposa faz desde 2003 ele nunca conseguiu parar empregado.
“Quem aceita um funcionário que tem que faltar várias vezes durante a semana? Tenho que ficar em função da minha mulher, porque quando ela precisar, tenho que largar tudo e leva-la para o hospital”, contou o comerciante, que diz ter começado com as vendas ambulantes em 1990, na antiga rodoviária da Capital.
O comerciante afirmou que em reunião feita em novembro com a administração municipal, a promessa era de que os ambulantes ficariam no local até que a Prefeitura encontrasse um local para colocá-los. “Quando fizeram o Camelódromo eu não estava em Campo Grande, passei dois meses fora e quando voltei já tinha terminado o cadastramento”.
A barraca de Vaz, inclusive, é uma das mais movimentadas, diversas vezes entre a entrevista ele precisou parar para atender seus clientes, que vão com as intenções mais variadas. Da senhora que precisa trocar a pilha do relógio, ao rapaz que estava interessado nas meias.
Diferencial
Em meio ao barulho de carros e de conversas, também é possível ouvir a música vinda do carrinho de água e energético do comerciante Maurício Marques Ardais, de 34 anos. Segundo ele, a música é seu “diferencial”.
“O cliente ouve a música e vê o cara da água e já pensa ‘estou com sede’. Uma coisa leva a outra”, brincou o vendedor. Mas Maurício disse não se limitar apenas na venda de água e energético, ele contou que também faz pão caseiro.
“Trabalho com comércio desde os 9 anos. Já fui padeiro, mas por alguns problemas de saúde acabei sendo demitido. Sempre que faço entrevista para um emprego, acabo sendo reprovado no exame médico”, relatou.
Maurício conta que por não ficar parado em um lugar por muito tempo, não chegou a ser multado pela Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), mas garantiu que todos os seus produtos possuem nota fiscal.
No tempo em que a reportagem do Jornal Midiamax esteve no local, pôde perceber que alguns comerciantes têm receio de “falar com a imprensa” com medo de serem retirados do local. Outros até falam, mas preferem não ser identificados, como um ambulante de 53 anos, que disse ter gostado do local que lhe foi destinado.
“Só queremos que os clientes reconheçam nosso local de trabalho. Fazemos o possível para dar o melhor para eles”, afirmou, salientando que sua barraca tem várias peças na promoção.
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