Estudantes profissionais, ou seja, aqueles que somente estudam, têm a oportunidade de dedicar todo o dia para uma rotina disciplinada e focada em um bom resultado no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a prova mais esperada por quem tenta uma vaga em universidade pública.

Enem 2019: a rotina de quem estuda e trabalha e quer uma vaga na universidade
Lucas trabalha 8h diárias e ainda enfrenta um terceiro turno no cursinho | Foto: Arquivo pessoal

Porém, existe um outro lado da moeda: aqueles que além de estudar, ainda dividem a rotina diária com uma jornada de trabalho que chega a 8h. Sobra pouco tempo, portanto, para focar no exame. Mas, os candidatos enfrentam o desafio de frente e fazem o que podem para ter êxito no Enem.

É o caso de Lucas Carvalho, de 18 anos, que faz cursinho e trabalha num departamento de recursos humanos. Conciliar duas jornadas de trabalho fez com que Lucas, que pretende entrar no curso de Ciências Contábeis da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) abrisse mão de alguns hábitos, desde o descanso após o almoço às saídas com os amigos, que estão menos frequente.

“Minha agenda de estudos e dividida entre meu serviço e curso. É até engraçado mas eu deixei de dormir por exemplo no horário de almoço pra ler as obras literárias. Trabalho das 7h30 às 17h, tenho 1h30 de descanso e uso esse tempo para estudar. Depois, vou para o cursinho e aí é aula das 19h às 22h15”, conta o estudante.

Até o trajeto de ônibus é oportunidade para intensificar os estudos. “Uso 40 minutos no ônibus pra ler e antes da aula faço redação, entre outros”, afirma.

Enem 2019: a rotina de quem estuda e trabalha e quer uma vaga na universidade
Alefe aproveita intervalos e tempos de espera para revisar a matéria | Foto: Arquivo pessoal

Rotina semelhante é descrita por Alefe Colman, de 21 anos, que quer tentar uma vaga no curso de Audiovisual ou de Jornalismo da UFMS. “Atualmente trabalho e faço cursinho. Das 7h30 às 17h30 estou no trabalho e à noite estudando. É no horário de almoço que aproveito para estudar. São 20 minutos do meu serviço até o cursinho. Chego lá aproximadamente umas 17h50 e até às 19h faço algumas atividades e estudo um pouco”, conta.

João Jacobina, de 18 anos, tem a rotina um pouco diferente, mas também trabalha das 7h às 13h. “Só que venho direto para o cursinho. Como lá tem sala de estudos, aproveito mais. Fico fazendo os exercícios da apostila, e à noite finalmente tenho aula. Mas, é uma rotina muito cansativa. Saio de casa às 5h e volto só às 23h”, revela o jovem, que quer tentar uma vaga nos cursos de Engenharia Civil ou Contábeis, UFMS.

É importante relaxar

Neste ano, o número de candidatos em Mato Grosso do Sul somou 70.396 inscrições, de acordo com o INEP. Quem lida diariamente com vestibulandos sabe que além da disciplina e horário de estudos, é importante que os candidatos estejam com a saúde em dia – e isso inclui dormir bem, comer bem e até montar na agenda momentos de relaxamento, como detalha Daniel Perry, diretor do Anglo Vestibulares.

“Para impulsionar a rotina de estudos, é fundamental que a sua saúde esteja em dia. É importante dormir regularmente, ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e hobbies. Tentar conciliar tudo isso com o planejamento fará toda a diferença no resultado do exame”

É mais um desafio, necessário, a quem estuda e trabalha, mas que nem todos dão conta de garantir.

Enem 2019: a rotina de quem estuda e trabalha e quer uma vaga na universidade
João acredita que o sacrifício vale a pena e viu rendimento em simulados crescer neste ano | Foto: Arquivo pessoal

“Mudei algumas coisas. O tempo que tinha em casa ou pra sair com os amigos estou no cursinho, ou seja,um sacrifício que não é bem um sacrifício, já que estou fazendo isso pro meu próprio sucesso”, avalia Alefe, que também conta que sempre dividiu a rotina de estudos com o trabalho. “Não é bem uma novidade pra mim”, acrescenta.

Lucas, o primeiro ouvido pela reportagem, tenta encontrar relaxamento pelas séries e através do contato com amigos. “Nos finais de semana tiro um tempo pra mim. Fico lendo em alguns horários, mas passo a maior parte fazendo outras coisas. Encontro amigos, fico com a família, vejo meus filmes e minhas séries”, completa.

João, que vai tentar o Enem pela terceira vez, acredita na renúncia do tempo livre para estudar. Segundo ele, os resultados em simulados melhoraram bastante.

“Não deixei de sair 100%, mas evito. Corto coisas que não acrescentam, como ficar até tarde acordado, mexendo muito no celular. É o simples, o básico: me dedicar, fazer algumas escolhas e focar. É a gente pela gente mesmo”, conclui.

Enem 2019: a rotina de quem estuda e trabalha e quer uma vaga na universidade
Enem teve mais de 70 mil inscritos somente em MS | Foto: Agência Brasil | Reprodução