Moto barulhenta: ‘status’ no trânsito, modificações no escape dividem opiniões em Campo Grande

O ronco das motos potentes, de alta cilindrada, chama a atenção dos apaixonados por este tipo de máquina. O som diferenciado, geralmente é resultado de modificações no escapamento que tem se tornado febre. As peças originais de fábrica costumam ser silenciosas, fato que, segundo os motociclistas, diminui o “prazer” de conduzir um veículo potente. No […]

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Escapamentos esportivos são febre entre motociclistas. Foto: Leonardo de França
Escapamentos esportivos são febre entre motociclistas. Foto: Leonardo de França

O ronco das motos potentes, de alta cilindrada, chama a atenção dos apaixonados por este tipo de máquina. O som diferenciado, geralmente é resultado de modificações no escapamento que tem se tornado febre. As peças originais de fábrica costumam ser silenciosas, fato que, segundo os motociclistas, diminui o “prazer” de conduzir um veículo potente. No entanto, tais alterações precisam ser moderadas e o gosto por este tipo de acessório é apontado por especialistas como uma forma de expressão.

Moto barulhenta: ‘status’ no trânsito, modificações no escape dividem opiniões em Campo Grande
Sandro é dono de uma loja de motos em Campo Grande. Foto: Leonardo de França

No ramo de motos desde os 14 anos, o empresário Sandro Campos de Paula, de 42 anos, dono de uma loja em Campo Grande, vê diariamente veículos sendo modificados legalmente. No entanto, a troca do escapamento por si só, sem um remapeamento dos sistemas, não afeta em nada na potência pelo veículo. Neste sentido, Sandro afirma que a justificativa dos motociclistas é a necessidade de ser visto no trânsito, como forma de se prevenir.

“Vejo muitos relatos de motociclistas que falam do ponto cego, em que não são vistos. Geralmente o outro veículo, o ciclista e o pedestre não enxergam a moto. Então com este barulho, é uma forma de você ser visto sem necessariamente ser visto. Acho que é um acessório legal para a galera usar nas motos”, disse. Apesar de aprovar a prática, lembra que é preciso ter limites e evitar adaptações caseiras. “Tudo tem limite. Sou a favor, mas além de motociclista, também sou pai de família e sei que o barulho exagerado incomoda”.

Moto barulhenta: ‘status’ no trânsito, modificações no escape dividem opiniões em Campo Grande
Renan é mestre em psicologia e professor da UCDB. Foto: Leonardo de França

Esta necessidade pode ser explicada, afirma Renan Soares Júnior, mestre em Psicologia e pesquisador do comportamento no trânsito. “Essa relação do indivíduo com o veículo é muito particular. O veículo é entendido como a forma que a pessoa se apresenta naquele ambiente social e como vai se diferenciar. Pode ser pelo tamanho, pela cor, pela potência ou pela velocidade. A forma como ele utiliza esse espaço expressa o poder da posse do veículo. A pessoa transfere a forma como gostaria de ser vista para o veículo, assim, quanto mais diferenciado for o veículo, mas diferenciada essa pessoa demonstra ser”.

Independentemente do gosto da pessoa, é preciso tomar cuidado com a legislação. As modificações em escapamentos são regulamentadas, mas adaptações caseiras são proibidas. “A resolução 452 do Contran [Conselho Nacional de Trânsito] estabelece fiscalização desse tipo de ruído de escapamentos. A norma estabelece que a troca é permitida, desde que supervisionada. Desta forma, não é permitida a descarga livre, que é quando o escapamento é ligado direto no motor, sem o silenciador, quando o silenciador é alterado para não funcionar. Tais irregularidades resultam em infração de trânsito e o motociclista pode ter o veículo apreendido”.

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Foto: Leonardo de França

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